O Instituto Biológico da capital criou laboratório para pesquisar métodos de combate a pragas urbanas – formiga, barata, cupim, pulga, carrapato, mosquito, rato, piolho. A unidade, em processo de reforma do espaço e montagem de equipamentos, foi idealizada para se tornar referência na área. Para isso, conta com a tradição de 80 anos de atuação na área de sanidade animal e vegetal do Biológico, vinculado à Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimetno.
A idéia surgiu com o aumento da demanda por esse serviço nos últimos anos. O fato originou um grupo de estudos multidisciplinar, formado por 15 técnicos das áreas de entomologia, química ambiental, ecologia, toxicologia, tecnologia de aplicação e parasitologia. O novo laboratório congregará pesquisadores que, originalmente, estão dispersos em diversos centros do instituto.
O diretor-geral do Biológico, Antônio Batista Filho, informa que os investimentos chegam a R$ 25 mil, com recursos do Estado e de fundações. Os equipamentos necessários para início dos trabalhos estão disponíveis e três profissionais ficarão permanentemente no local, além de estudantes de pós-graduação.
Batista Filho ressalta que a iniciativa é parte do processo de busca de maior qualidade no trabalho, iniciado no ano passado, com objetivo de obter a certificação, demonstração formal de que determinado organismo tem competência para desempenhar tarefas específicas. Em junho de 2007 foi modernizado o laboratório de anatomia patológica e inaugurado o Laboratório de Necropsia.
Serviços oferecidos
O biólogo e pesquisador João Justi Júnior, responsável pelo novo laboratório, diz que o instituto pesquisa métodos alternativos de controle de pragas com extratos vegetais e radiação gama. O pessoal da área elabora laudos de eficácia de novos produtos para registro no Ministério da Saúde, emite pareceres técnicos sobre identificação das pragas, estuda grau de infestação e técnica de controle aplicado em residências, condomínios, parques, jardins, arborização urbana.
Leia também:
Esses profissionais ministram, ainda, cursos técnicos para pessoas que atuam no controle de pragas em prefeituras e empresas particulares, atendem produtores de plantas ornamentais, engenheiros agrônomos, biólogos, paisagistas, arquitetos, profissionais das áreas de museus, bibliotecas, conservação de patrimônios e restauradores. Os serviços são cobrados e os valores obtidos realimentam pesquisas e compras de materiais e insumos.
Dispõe de lupas, microscópios, estufas, câmaras climatizadas. A unidade também vai trabalhar em conjunto com outros laboratórios mais equipados, como os de inseticidas e acaricidas, químico, de fungicidas, de toxicologia, farmacologia.
Profissionais do Biológico também fazem visita técnica para estudar formas de combater alguma praga. O trabalho, solicitado por prefeituras, empresas e condomínios, custa cerca de R$ 250.
Devorador
Justi conta que a praga urbana que mais leva pessoas ao Biológico é o cupim. “É um inimigo silencioso que só é descoberto quando o estrago é grande”, diz. O inseto, voraz, destrói até obras e edifícios do patrimônio histórico. O mais comum é o cupim subterrâneo, que vive em colônias localizadas até 100 metros do local em que ataca e costuma construir ninho secundário, com novos rei e rainha. Sua maior vítima é a árvore. Para combatê-lo, há duas técnicas: a da barreira química, no solo, e a da isca, no local atingido.
Há também espécies que fazem ninho na madeira seca e outras que vivem em regiões litorâneas, em árvores. Existe ainda o cupim de fazenda e um de grande porte, parecido com formiga, que vive e se alimenta em gramados. Não deve ser convidado a morar em campos de futebol, de golfe e em outras áreas verdes.
A formiga também oferece perigo às pessoas, informa Justi. Além do incômodo nas cozinhas, o inseto pode transportar microorganismos causadores de infecção hospitalar. A barata, que pode levar esta carga perigosa a residências e estabelecimentos de saúde, costuma atrair uma das mais temidas pragas urbanas e rurais, o escorpião.
De alguns anos para cá, explica o pesquisador, cresceu a procura por informações sobre o carrapato, até então notório residente da área rural. “A gente acredita que o inseto chega ao meio urbano trazido por cães.” Causa febre maculosa.
Justi esclarece que as pragas urbanas precisam de pelo menos uma de quatro situações para se expandir. É o quarteto da letra A: alimento, água, abrigo e acesso. “Uma dessas condições é suficiente para aumentar a população do animal”, assegura.
Entre as pragas que infestam as cidades, há aquelas que não são insetos, como rato e pombo. Este último não pode receber veneno. “Recomendamos que não seja alimentado e seja desestimulado a fazer ninhos nas casas”, frisa. O pombo causa várias doenças ao homem, a exemplo de criptococose, toxoplasmose, ornitose, dermatite. Suas fezes corroem até estátuas nas praças públicas.
SERVIÇO
Instituto Biológico
Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1.252
Vila Mariana – São Paulo
Informações sobre controle de pragas pelo
telefone (11) 5087-1768
Otávio Nunes
Da Agência Imprensa Oficial
(I.P.)