Iniciativa do Conseg de Perdizes reduz incidência de crimes

Projeto de interligação de prédios no bairro paulistano por rádio possibilita a ação rápida dos policiais

qua, 07/11/2007 - 10h18 | Do Portal do Governo

A iniciativa de um Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) da capital aumentou a segurança de moradores de uma rua do bairro de Perdizes, na zona oeste. Marcado por constantes assaltos e roubos de veículos no passado, o local deixou de ser alvo da criminalidade para se tornar referência de integração entre comunidade e segurança pública. O projeto Prédios Antenados, idealizado pelo Conseg Perdizes-Pacaembu, é o principal alicerce dessa mudança.

A idéia é simples: os dez prédios da rua, que ficam bem próximos, estão interligados por um sistema de rádio. Os porteiros são capacitados a verificar, periodicamente, se está tudo transcorrendo normalmente com os seus vizinhos. Caso haja algum problema, uma comunicação por códigos os faz identificar o que pode estar ocorrendo. Além disso, se os porteiros observarem algo de errado na rua avisam a rede e a polícia.

“Antes do início desse trabalho, havia no local alto índice roubo de carro, seqüestro-relâmpago, muito jovem drogado. Com a participação do pessoal do Conseg mudou a organização dos prédios, do sistema de guarda, da relação com a polícia. Indiretamente, todos começaram a se sentir mais seguros”, comenta Vitório Caselatto Júnior, comerciante e participante ativo do Conselho há mais de três anos.

Mais tranqüilidade

Marcos Carvalho, vice-presidente do Conseg Perdizes-Pacaembu e residente num dos prédios participantes do projeto, explica que a redução das ocorrências na área além de melhorar a vida dos moradores também ajuda o comércio. “Uma casa lotérica aqui foi assaltada várias vezes. Agora melhorou bastante. A queda da violência amplia a movimentação, ninguém tem medo”, frisa.

Simples, porém eficaz. Desde o final de 2004, quando começou o projeto, o número de assaltos na rua caiu de forma significativa. Arnaldo, porteiro de um dos edifícios há nove anos, diz que não se lembra da última vez que presenciou uma ocorrência na rua. “Antes, a cada dois dias era um roubo de automóvel. Como trabalho durante o dia não via muito, mas ficava sabendo. Hoje está tudo mais calmo, é raro acontecer alguma coisa”, afirma.

Para Vitório, essa virada só foi possível porque a população atua em conjunto com o poder público. “As pessoas têm de entender que segurança não é pura e simplesmente dar tiro”, ressalta.

Respaldo da polícia

Para um projeto como esse alcançar tanto sucesso, explica Marcos, a comunidade tem de confiar no trabalho da polícia que atende a região. “No nosso caso é a 2a Companhia do 23o Batalhão, que tem um capitão em quem a gente acredita bastante. Como eles também participam das reuniões do Conseg, temos um respaldo muito grande da própria polícia”, completa.

Marcos conta que, inicialmente, a aceitação dos condôminos foi um pouco difícil. “Nem todo mundo conhece o Conseg. Alguns acham que é um órgão público e que nós somos funcionários tentando vender segurança. Explicamos que cada um iria comprar o rádio onde quisesse, e que o apoio do Conseg é uma vantagem, e não desvantagem”, lembra o vice-presidente do Conselho.

Em novembro do ano passado, a história de um casal de idosos encontrado morto a facadas na própria residência repercutiu na imprensa. Na época, suspeitava-se que o filho seria o autor dos assassinatos. “No dia em que o casal morreu, um colega nosso avisou a rede e imediatamente contatamos a polícia. Em cinco minutos chegaram dez viaturas”, recorda Arnaldo.

“Pegamos também dois seqüestros-relâmpagos e um pessoal que roubava carros. O porteiro viu e avisou os outros colegas que chamaram a polícia”, relata Vitório.

Canal de comunicação

O Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) é uma entidade formada por líderes comunitários do mesmo bairro ou município, que se reúne com a população, voluntariamente, para discutir, analisar, planejar e acompanhar a solução de seus problemas comunitários de segurança. Desenvolvem campanhas e estreitam laços de entendimento e cooperação entre as lideranças locais e a polícia. É o principal canal de comunicação direta entre a comunidade e o governo, mediado pela Secretaria de Segurança Pública.

Daniel Cunha

Da Secretaria Estadual de Segurança Pública

(I.P.)