O Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) inicia testes para avaliar a eficácia da ultrassonografia endobrônquica. A ultrassonografia serve, principalmente, para medir o comprometimento do tumor além do órgão de origem (pulmão). O mediastino, área entre os dois pulmões, também é importante uma região a ser mensurada.
Chamado de Ebus Endobronquial UltraSound, o equipamento é produzido no Japão e empregado pela primeira vez num país da América Latina. Ele também é usado – com menos freqüência – para diagnosticar câncer de pulmão e outras doenças do tórax. É um broncoscópio – aparelho de endoscopia respiratória com vídeo e ultrassom. Ele gera imagens internas das estruturas próximas à boca, garganta e traqueia, por onde a cânula é introduzida no corpo, permitindo ao Ebus guiar punções para biópsia.
A nova tecnologia é menos invasiva e pode substituir a cirurgia exploratória tradicional para biópsia e diagnóstico de doenças do pulmão, sistema linfático e demais estruturas da região, explica o cirurgião torácico do Incor, Miguel Tedde. Esse método pode reduzir internações, riscos e custos hospitalares.
Rapidez
A primeira demonstração da técnica a médicos brasileiros do Incor ocorreu em junho, durante curso com a presença do especialista em pneumologia intervencionista Armin Ernst, médico da Harvard Medical School, nos Estados Unidos (EUA). O encontro reuniu cirurgiões torácicos, broncoscopistas e pneumologistas do Brasil e de alguns países da América Latina.
Os resultados da aplicação da tecnologia nos Estados Unidos na Europa, segundo a médica Viviane Figueiredo, diretora do Serviço de Endoscopia Respiratória do Incor, mostram que a ultrassonografia endobrônquica é um exame rápido, menos invasivo e gera menos complicações.
Porém, o médico Miguel Tedde aponta uma possível desvantagem. Como não é necessária operação, retira-se pequena porção de tecido na biópsia, o que aumenta a possibilidade de falha diagnóstica. “Mesmo assim, embora a cirurgia convencional apresente mais chance de precisão nos resultados, a possibilidade de falha diagnóstica pode ocorrer nos dois métodos”, sustenta.
O exame dura cerca de 40 minutos. O paciente é sedado e atendido no próprio ambulatório, sem necessidade de internação. O Incor testará a eficácia do equipamento em 50 pacientes. Após o término dos estudos, o ultrassom poderá ser utilizado no dia a dia do hospital.
Dependendo da configuração, o Ebus pode custar até 180 mil dólares. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o Brasil registra anualmente cerca de 20 mil novos casos de câncer de pulmão, sendo que 7 mil estão em São Paulo. Desse total, em média 20% teriam indicação para fazer esse tipo de exame em vez de cirurgia exploratória.
Da Agência Imprensa Oficial