Incor e Ipem assinam convênio para a criação de Centro de Produtor Radiofármacos

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sex, 09/02/2001 - 18h20 | Do Portal do Governo

Investimento somará cerca de US$ 4 milhões e impulsionará os serviços de medicina nuclear de São Paulo, regiões vizinhas e Estados próximos

Até o segundo semestre de 2001 o Instituto do Coração (Incor) deverá inaugurar um centro produtor de radiofármacos emissores de pósitrons com meia-vida inferior a duas horas para diagnóstico em medicina nuclear, primeiro do gênero no Brasil a funcionar por meio de parceria entre uma instituição pública de saúde e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares-Ipen/Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. O centro proporcionará o pleno funcionamento dos diversos serviços de medicina nuclear dos hospitais de São Paulo, Campinas e outras regiões próximas, que passarão a receber o produto do Incor, aumentando em até cinco vezes da capacidade desse diagnóstico no próprio Instituto. O primeiro passo para o empreendimento será a assinatura de um convênio entre Incor/Fundação Zerbini e o IPEN/CNEN, cuja solenidade acontecerá no próximo dia 12 de fevereiro, às 11h, no Instituto do Coração, com as presenças do presidente da CNEN, José Mauro Esteves dos Santos, e do Superintendente do Ipen, Cláudio Rodrigues, além das autoridades do Instituto do Coração.

Por meio do convênio, o Instituto deverá adquirir nos próximos meses um Ciclotron de última geração, destinado à produção de flúor-8, carbono-11, nitrogênio-13 e oxigênio-15, que, agregados a substâncias próprias do organismo humano, servem como marcadores radioativos para diagnóstico principalmente nas áreas de cardiologia, neurologia e oncologia. O flúor-18, um dos principais radioisótopos a serem produzidos, é matéria-prima básica para a produção do FDG – fluordeoxiglucose – utilizado para realização de tomografia por emissão de pósitrons, o PET, método de diagnóstico de última geração introduzido pioneiramente no Brasil pelo Incor há cerca de dois anos. Os mais de 400 exames realizados nesse período- 85% em oncologia e 15% em cardiologia e neurologia geraram estudos que renderam ao Instituto os mais destacados prêmios nos principais eventos científicos do Brasil, comprovando a extensa aplicabilidade do exame.

O PET é capaz de diferenciar lesões, previamente identificados por outros métodos de diagnóstico, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, em benignas e malignas. ‘Com isso, evita-se a realização de exames desnecessários e muitas vezes dolorosos no paciente, como a biópsia em tumores benignos, e obtém-se um melhor direcionamento para a aplicação de terapias específicas, com a radioterapia e a quimioterapia’, explica do dr. Cláudio Meneghetti, diretor do Serviço de Radioisótopos do Incor e coordenador do projeto de implantação do Centro. Segundo o doutor, a literatura médica mostra que 35% dos casos diagnosticados como câncer têm a conduta terapêutica modificada em função da gama de informações oferecidas pelo exame. ‘Isso
pode significar melhoria da qualidade de vida e maior sobrevida do paciente, além de menores custos hospitalares e humanos’.

Na cardiologia, o PET é capaz de diagnosticar o músculo cardíaco pós-infarto severo em condições de recuperação com cirurgia de revascularização, antes tidas como inócuas para estes casos. Na neurologia, possibilita os mais diferentes estudos, como o da epilepsia, Alzeihmeir e da eficácia no tratamento de tumores.

‘Com o centro de produção do Incor poderemos ampliar a utilização do PET para a população brasileira, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, Japão e Europa’, explica Meneghetti. Atualmente, o Instituto condiciona a realização do exame a dois dias na semana, quando recebe os radiofármacos produzidos no Instituto de Pesquisa Energética e Nucleares. O Ipen está vinculado à CNEN, que, de acordo com a legislação vigente, é responsável pelo monopólio de produção de materiais radioativos no Brasil. Para Meneghetti, o convênio representa uma mudança histórica do posicionamento do Brasil com relação à produção e utilização da energia nuclear para fins médicos, ampliando o acesso da população a exames e terapêuticas específicas, como a do PET. Na parceria caberá à Ipen /CNEN a operação do ciclotron e a produção de radiofármacos com a infra-estrutura e pessoal de apoio especializado do Instituto do Coração.