Um presente que não pode ser visto a olho nu, mas que vai beneficiar diretamente mais de 2 milhões de pessoas e indiretamente toda população de São Paulo, foi como o Governo do Estado comemorou o aniversário de 446 anos da Capital. Trata-se do Emissário de Esgotos Pinheiros, inaugurado pelo governador Mário Covas na tarde desta terça-feira, dia 25. A obra, construída em cinco anos com investimentos de R$ 113 milhões, vai interligar os esgotos de todos os coletores da bacia do rio Pinheiros para a Estação de Tratamento de Esgotos de Barueri. Com isso, 84 toneladas de esgotos produzidas diariamente na região Oeste e parte da região Sul da Capital deixarão de ser lançadas no Pinheiros sem tratamento prévio.
‘É impressionante como não se dá valor a uma obra como esta, que está a 20 metros de profundidade, mas traz um benefício enorme à população’, observou Covas, referindo-se à pequena presença de populares na sede da Sabesp de Pinheiros. Covas informou que os R$ 113 milhões investidos no emissário, representam 1/15 da arrecadação do Estado durante um mês inteiro e que o emissário vai tirar ‘nada menos que 1/3 do esgoto lançado no Pinheiros diariamente’.
O governador também lembrou que nos últimos quatro anos a Sabesp investiu mais de US$ 3 bilhões em obras de saneamento básico em todo o Estado. ‘Além disso, cinco milhões de pessoas em São Paulo deixaram de sofrer com rodízio no fornecimento de água. Isso significa quase um 1/3 da população da Capital’, enfatizou ele.
Covas disse que na primeira etapa do Projeto Tietê já foram investidos mais de US$ 1 bilhão, sendo US$ 400 milhões do BID, US$ 400 milhões do Governo do Estado e mais de US$ 200 milhões da Caixa Econômica Federal. Com isso, foi possível construir as estações de tratamento de esgoto de São Miguel Paulista, Novo Mundo e ABC, além de outras obras. Segundo o governador, outros US$ 200 milhões de empréstimos externos do BID já foram aprovados pela instituição para dar continuidade à segunda etapa do Projeto Tietê. ‘Agora só falta aprovação do Senado para esse dinheiro sair’, observou.
Termômetro
O secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, Antônio Carlos Mendes Thame comentou que os rios são como termômetros de uma cidade para medir a potencialidade da saúde da população local. ‘Com a entrega desta obra estamos provando que, com vontade política, seremos capazes de reverter o processo de mais de 30 anos de degradação dos rios de São Paulo’.
Thame citou uma declaração do ministro da Saúde, José Serra, de que não será possível controlar as doenças infecto-contagiosas se não houver um maciço investimento em saneamento básico e ambiental. O secretário lembrou que a menos de 15 anos, o índice de mortalidade infantil no País era de 38 para cada 1.000 crianças nascidas. Hoje esse número caiu para 15 crianças mortas a cada 1.000 nascidas. ‘Estudos mostram que, quando se faz investimento em saneamento, os índices de mortalidade infantil despencam’.
Potencial do emissário
O Emissário Pinheiros é uma tubulação de aço a 20 metros de profundidade do rio Pinheiros, que tem 2,8 metros de diâmetro e 7,5 quilômetros de extensão. Inicialmente, vai operar com vazão de 2,5 mil litros por segundo – o que representa 30% de todo o esgoto lançado hoje no rio Pinheiros. Com a realização das obras de intercepção e coleta da segunda etapa do Projeto Tietê, a vazão do emissário será ampliada para 6,4 mil litros por segundo.
Para receber o esgoto capitado pelo novo emissário, a ETE de Barueri teve sua capacidade de tratamento ampliada de 7 mil litros por segundo para 9,5 mil litros por segundo. A obra faz parte da primeira etapa do Projeto Tietê (1995-1998), que prevê a despoluição do principal rio da cidade e do Estado. Com isso, o esgoto será tratado de forma a ter mais de 90% de sua carga poluidora removida, numa das mais modernas e completas instalações do gênero.
Além de Mendes Thame, acompanharam o governador Covas na inauguração do Emissário Pinheiros, os secretários estaduais Ricardo Tripoli (Meio-Ambiente), André Franco Montoro Filho (Economia e Planejamento), Celino Cardoso (Casa Civil), Coronel Olavo Sant’Anna (Casa Militar), além do líder do Governo na Assembléia, deputado Walter Feldman e do presidente da Sabesp, Ariovaldo Carmignani.
