Imprensa Oficial reedita livro premiado de Lina Bo Bardi

Lançada originalmente em 1993, obra conquistou prêmio de "Melhor Livro de Arte" da APCA

ter, 19/08/2008 - 11h42 | Do Portal do Governo

Em 86 capítulos ilustrados, o livro Lina Bo Bardi desvenda a atividade incansável, quase febril, de um dos mais importantes nomes da arquitetura nacional. Do desenho de jóias, móveis e cenários à concepção de museus, da magnitude do MASP, nada escapa a essa publicação, esgotada há nove anos, que agora volta às livrarias por iniciativa do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi e a Imprensa Oficial do Estado. 

O lançamento da terceira edição acontece às 20 horas desta quarta-feira (dia 20) na Choperia do SESC Fábrica (rua Clélia 93, telefone 3871-7700) com participação especial da cantora e compositora Adriana Calcanhoto.

Com coordenação editorial e curadoria de Marcelo Carvalho Ferraz, a publicação teve sua primeira edição lançada um ano após a morte da artista, ocorrida em 1992, e conquistou prêmio de “Melhor Livro de Arte” APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte de 1993 e menção honrosa da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica, na categoria “Excelência Gráfica”. Em 1994, ganhou uma versão em italiano e inglês pelas Edizioni Charta, de Milão, e prêmio na IX Bienal Panamericana de Arquitetura de Quito, no Equador. A última edição em português, realizada em 1996, esgotou-se em apenas três anos.

Lina Bo Bardi traz um panorama do trabalho desta arquiteta italiana de nascimento e brasileira por opção organizado de maneira cronológica. Os textos são assinados pela própria Lina. Em “Currículum Literário”, a primeira parte da obra apresenta um pouco de seu universo artístico antes da chegada do Brasil. A segunda, denominada “Arquitetura”, exibe projetos e obras de jóias, cenários, móveis, exposições, edifícios e museus.

“Atuando política e socialmente através da profissão que abraçou com todas as forças, Lina marcou profundamente gerações de arquitetos, teatrólogos, cineastas, designers e, fundamentalmente, ajudou a entender e descobrir caminhos e vocações deste país que escolheu como sua terra”, afirma Marcelo Carvalho Ferraz.

Livro

Nascida em Roma, no ano explosivo de 1914, Lina Bo Bardi dedica a introdução aos estudos na Faculdade de Arquitetura de Roma e ao trabalho como aprendiz do célebre arquiteto milanês Gió Ponti. “Eu nunca quis ser jovem. O que queria era ter História. Com vinte e cinco anos queria escrever memórias, mas não tinha matéria”, comenta a artista.

Nesta parte inicial, o leitor pode se deliciar com obras menos conhecidas de Lina, como guaches e aquarelas dos 20, além de litografias e ilustrações para as revistas “Tempo”, “Grazia” e “Illustrazione Italiana”, nos anos 40.

Já “Arquitetura” revela a trajetória da artista no Brasil. Seu pioneirismo e ousadia estão presentes em feitos como o projeto da primeira cadeira moderna no País e os desenhos dos trajes do primeiro desfile de modas realizado num museu brasileiro.

No capítulo dedicado ao MASP, Lina conta como os cinco anos de experiência passados no Nordeste influenciaram na concepção do espaço. “Através da arquitetura popular, cheguei àquilo que poderia chamar de Arquitetura Pobre. Insisto, não do ponto de vista estético. Acho que no Museu de Arte de São Paulo eliminei o esnobismo cultural tão querido pelos intelectuais (e os arquitetos de hoje), optando por soluções diretas, despidas”, diz.

O livro revela ainda anotações pessoais da arquiteta sobre trabalhos marcantes como o SESC-Fábrica (São Paulo), a Casa de Benin e a restauração do Centro Histórico de Salvador (Bahia), a Nova Prefeitura de São Paulo e a construção do novo Teatro Oficina.

Neste particular, a publicação reserva um espaço nobre para a produção da artista para teatro e cinema. Destaca em textos e imagens a idealização de cenários e figurinos para as peças “Ópera dos Três Tostões”  e “Calígula” (Teatro Castro Alves), “Ubu Rei” (Grupo Ornitorrinco) e “Selva das Cidades” (Teatro Oficina). Também mostra detalhes da cenografia assinada por Lina para filmes como “A Compadecida” (dir. George Jonas) e “Prata Palomares” (dir. André Faria).

A pluralidade dos campos por onde Lina Bo Bardi incursionou e a qualidade dos trabalhos provam que para ela a arte, assim como o tempo, não tinha fronteiras: “O tempo linear é uma invenção do Ocidente, o tempo não é linear, é um maravilhoso emaranhado onde, a qualquer instante, podem ser escolhidos pontos e inventadas soluções, sem começo nem fim.”

Serviço

Lina Bo Bardi

Cord. Editorial Marcelo Carvalho Ferraz, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo / Instituto Lina Bo e P.M Bardi

340 páginas

R$ 140,00

Da Imprensa Oficial