Casos de câncer de cabeça e pescoço estão relacionados ao hábito de fumar

Pesquisa conduzida pelo Icesp, ligado à Secretaria de Estado da Saúde, indica as principais ocorrências em pacientes

qua, 25/07/2018 - 15h03 | Do Portal do Governo

Um levantamento realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), ligado à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da USP, mostra que 80% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço atendidos no hospital são ou já foram fumantes. Desses, 60% são homens.

Entre as diversas neoplasias que podem ser desenvolvidas devido ao uso de cigarros estão as que se manifestam na região da cabeça e pescoço. Dos pacientes tratados no setor, 60% são acometidos por tumores localizados na boca e 40%, na faringe ou laringe. O estudo aponta ainda que as ocorrências são mais frequentes em pessoas acima de 50 anos.

Além do tabagismo, o etilismo (consumo excessivo de álcool) também está associado ao desenvolvimento desse tipo de câncer. “O álcool, assim como o tabaco, tem uma relação expressiva com a doença. Cerca de 50% dos nossos pacientes são etilistas”, alerta o médico Marco Aurélio Kulcsar, chefe de Clínica da Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Icesp.

Os dados ratificam os índices apontados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), que mostram que o consumo das duas drogas juntas pode aumentar em 20 vezes as chances de uma pessoa desenvolver esse tipo de tumor.

Ainda segundo o especialista, o Instituto do Câncer realizou ao longo de 2014 cerca de 6.800 consultas no setor, marca que representa quase o dobro de atendimentos do ano anterior, quando esse número girava em torno de 3.500. “Embora os tumores sejam passíveis de detecção precoce, por estarem em regiões visíveis, muitas vezes os sintomas ainda passam despercebidos”, comenta Kulcsar.

Sintomas x Prevenção

O câncer de cabeça e pescoço compreende um grupo de neoplasias classificadas por localização, em áreas diretamente envolvidas com as funções de fala, deglutição, respiração, paladar, olfato e outros.

Entre os sintomas manifestados estão: manchas brancas na boca, dor, lesão ulcerada ou com sangramento e cicatrização demorada, nódulos no pescoço presentes por mais de duas semanas, mudanças na voz ou rouquidão persistente e dificuldade para engolir.

Apesar do grande número de casos, o potencial de prevenção da doença é alto, devido a sua relação inerente com o tabagismo e etilismo. “É consensual em quase todos os tipos de câncer, mas no caso desses dois o recomendado e parar de fumar ou não fumar e reduzir em quase zero o consumo de álcool”, comenta a Dra. Maria Del Pilar Estevez Diz.

Medidas simples como não fumar e nem consumir bebidas alcoólicas em excesso, além de dar preferência a alimentos pobres em gordura e ricos em fibras, ajudam a evitar o desenvolvimento dos tumores. Especialistas orientam também que as pessoas se habituem a examinar sua boca regularmente, já que, se detectadas na fase inicial, as neoplasias apresentam até 80% de chances de cura.

“O diagnóstico precoce é sem dúvida um dos nossos aliados. Quando falamos em tratamento, enquanto um paciente com um tumor avançado chega a ficar até 10 dias internado depois da cirurgia, aqueles que apresentam casos iniciais podem receber alta em apenas dois dias, sem precisarem sequer passar pela radioterapia”, completa Kulcsar.