IAC lança a mais completa obra atualizada sobre cana-de-açúcar

Um grande livro para um dos principais setores agrícolas do País

sex, 28/11/2008 - 10h04 | Do Portal do Governo

O consumo mundial de açúcar e etanol, somado à demanda social pela preservação ambiental e à crescente venda de veículos flex, faz da cana-de-açúcar uma cultura exigente – em conhecimento. Para expandir fronteiras, aumentar a produção sem ampliar a área, combater pragas e atender às determinações legais, é preciso muita informação para tirar o melhor da planta, com o menor impacto ambiental.

A fim de disponibilizar conhecimento sobre todas as áreas que envolvem a cana, o Instituto Agronômico (IAC), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura, lança nesta sexta-feira, 28, o livro “Cana-de-açúcar”, a mais completa obra atualizada sobre o assunto. O lançamento será às 14h, em Ribeirão Preto, no Centro de Cana do IAC, onde também será inaugurado o Centro de Convenções da Cana-de-açúcar, espaço destinado a eventos e encontros para a transferência de tecnologia.

“A última publicação que abordou a cultura de forma completa foi lançada em 1987, e nesses 21 anos muito se fez pela cana-de-açúcar, de modo que era necessária uma obra atual para tratar de uma das principais culturas do agronegócio brasileiro”, diz Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador do IAC e um dos editores do livro de 882 páginas, impresso em papel couchê, colorido e ilustrado com fotos e gráficos que facilitam o entendimento.

Essa atualização de informação se faz imprescindível frente a todas as transformações ocorridas no setor sucroalcooleiro e no comportamento da cultura. Nos últimos anos, as atividades agroindustriais vêm ganhando novos contornos em razão do mercado internacional e de barreiras comerciais. O mesmo vale para a busca da diversificação das matrizes energéticas e as discussões em torno das alterações climáticas. Tudo isso no cenário de grande interesse pela produção de etanol à base de cana. De acordo com dados da UNICA, o Brasil – maior exportador mundial de açúcar e etanol – conta com cerca de 400 usinas processadoras, mais de mil indústrias de suporte e 70 mil fornecedores de cana-de-açúcar. E quase um milhão de empregos diretos. O faturamento do setor sucroenergético em 2007-2008 foi de R$ 42 bilhões e as exportações superaram US$ 6 bilhões.

Especificamente na canavicultura, viu-se, nas últimas duas décadas, uma intensificação no desenvolvimento dos programas de melhoramento genético e no lançamento de variedades de cana. Por exemplo, a ocorrência do Amarelinho da Cana-de-açúcar alterou o comportamento dos produtores, que insistiam em uma só variedade, e estimulou as pesquisas. De 1997 até hoje foram liberadas cerca de 60 novas variedades de cana-de-açúcar. Dessas, 25% são IAC.

Outras publicações na área contemplam aspectos específicos da cultura, mas nenhuma delas aborda a cana no todo, como faz a obra do IAC. Landell editou a obra juntamente com Leila Luci Dinardo-Miranda e Antônio Carlos Machado de Vasconcelos, ambos pesquisadores do IAC. “Autores do Instituto Agronômico e de outras instituições de pesquisa trazem a cultura de forma completa, com o conhecimento mais recente sobre o tema”, diz Leila.

Em 41 capítulos, o livro aborda dez áreas temáticas – história, plantas, melhoramento genético e manejo varietal, ambientes de produção, nutrição  e adubação, fitossanidade, tecnologia de produção, cana-de-açúcar para fins diversos, estatística e experimentação, aspectos econômicos e ambientais. A obra tem a participação de 72 autores de diversas instituições de pesquisa – além de autores do IAC, participam também pesquisadores do Instituto Biológico, do Instituto de Economia Agrícola e de Pólos da APTA, todos unidades de pesquisa da APTA e da Secretaria de Agricultura.

Até o dia do lançamento, o livro pode ser adquirido por R$ 170,00. Depois, o valor será R$210,00 (mais as tarifas de envio, se for o caso). Os interessados podem obter o livro no Centro de Cana, em Ribeirão Preto , e na Sede do IAC, em Campinas.

Contribuições IAC para a cana-de-açúcar

As pesquisas do IAC têm levado bom desempenho da canavicultura para outros Estados, além de São Paulo. O sucesso dos canaviais paulistas tem atraído a atenção de outros países e o IAC já exporta tecnologia para o México, via parceria iniciada este ano. Outros via parceria iniciada este ano com o grupo Piaza, no Estado de Vera Cruz. Angola, Moçambique e Peru também já testam materiais IAC.

Órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o IAC reorganizou seu programa de melhoramento genético de cana-de-açúcar em 1997 e totaliza 17 variedades de cana. Além de materiais, os estudos no IAC resultam ainda em tecnologias de produção, que envolvem a análise dos ambientes de produção de cana (Programa AMBICANA). Em Goianésia, a adoção do AMBICANA já resultou em aumento de 10% na produtividade.

As novas variedades são desenvolvidas com o objetivo de ampliar a produção da cultura, sem aumento de área, elevar o teor de sacarose, ampliar a resistência a pragas e doenças e adaptar às condições edafoclimáticas de outras regiões do País, viabilizando a extensão da cultura além das fronteiras paulistas. O IAC vem desenvolvendo variedades de cana adaptadas para regiões como Minas Gerais e Goiás. O Oeste Baiano, com parceria da Fundação BA, está interagindo com o IAC para implantar o cultivo da cana naquela região. Essa expansão depende fundamentalmente da pesquisa científica porque requer o desenvolvimento de variedades adaptadas às características de solo e clima de cada localidade. O saldo é o aumento da produtividade da cana-de-açúcar nos últimos anos, graças à pesquisa científica e à adoção de novas tecnologias por parte do setor produtivo.

A importância da pesquisa com melhoramento genético está também nos ganhos de produtividade e qualidade, mas, sobretudo, na sustentabilidade do agronegócio da cana em virtude da variabilidade genética. Para se ter uma idéia da relevância dessa variabilidade, na década de 70 e 80, quase 50% da cana cultivada em São Paulo era dominada por uma única variedade (subdivisão dentro da mesma espécie). Em 1993, surgiu o Amarelinho da Cana-de-Açúcar, atingindo a variedade que ocupava mais de 30% da área, resultando em queda de quase 30% da produção de algumas usinas. A ocorrência do Amarelinho da Cana-de-Açúcar mudou a visão dos produtores, que insistiam em uma só variedade, e estimulou os programas de melhoramento, que de 1997 até hoje liberaram cerca de 60 novas variedades de cana-de-açúcar, das quais 25% são IAC. Atualmente, a variedade mais plantada em São Paulo soma, aproximadamente, 10% do total cultivado. Isso fortalece o segmento.

A Instituição – que completou 121 anos em 2008 – aplica sua vasta experiência e sua capacidade de avaliar a movimentação agrícola para gerar tecnologias e orientar o setor produtivo no sentido de conscientizar acerca da necessidade de adoção de ferramentas tecnológicas. É assim que o Centro de Cana do IAC, situado em Ribeirão Preto, mantém intensa interação com o setor produtivo, bastante concentrado naquela Região, onde estabelece parceria com cerca de 130 empresas sucroalcooleiras.

PREVICLIMACANA

Outra ferramenta tecnológica gerada pelo IAC é o PREVICLIMACANA – modelo de estimativa que resulta de uma análise padronizada de dados climáticos de cada localidade associada aos índices de biomassa medidos no campo. As informações sobre clima são coletados pela rede de estações meteorológicas do IAC distribuídas no Estado de São Paulo.

Com a estimativa precisa de produtividade e produção de um canavial, é possível identificar a necessidade de irrigação, organizar o cronograma do plantio à colheita, esquematizar o transporte do material colhido, entre tantas outras atividades envolvidas na canavicultura. Com o PREVICLIMACANA os relatórios são gerados de forma personalizada e cada usina pode planejar e tomar decisões com cenários melhor fundamentados.

De acordo com os pesquisadores, projeções mais precisas contribuem também para que o setor sucroalcooleiro se torne mais independente e possa apresentar seus próprios índices ao mercado. As estimativas feitas por órgãos internacionais podem esconder alguma tentativa de manipulação do preço internacional do açúcar. Já o IAC, sendo um órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, teria autonomia para fornecer essas estimativas de forma mais independente, pois não possui vínculo com nenhuma empresa privada ou compradores de açúcar.

Serviço

Lançamento do livro “Cana-de-açúcar” e inauguração do Centro de Convenções da Cana-de-açúcar- IAC
Data: 28 de novembro de 2008, às 14h.
Local: Centro de Cana IAC-APTA, em Ribeirão Preto. Rodovia Antonio Duarte Nogueira – km 321 (Anel Viário Contorno Sul)

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento