IAC apresenta informações sobre café robusta

Reunião da Câmara Setorial do Café aconteceu nesta segunda, 16, em Campinas

seg, 16/02/2009 - 20h35 | Do Portal do Governo

Dois milhões de sacas de café conilon/robusta. Esse é o volume necessário, por ano, para atender à indústria paulista de café solúvel. E detalhe: São Paulo não produz esse tipo de café. Para a indústria, o melhor seria comprar a matéria-prima paulista e não trazê-la do Espírito Santo, com elevados custos de transporte. Tradicional produtor de café arábica, São Paulo tem no robusta uma opção para o plantio em regiões de temperaturas elevadas e uma oportunidade para aproveitar o mercado da indústria de café solúvel.  

O Instituto Agronômico (IAC), em Campinas, está desenvolvendo pesquisas para avaliar a viabilidade do cultivo do conilon/robusta no Estado Paulo e as informações prévias sobre os estudos foram apresentadas nesta segunda-feira, 16, na primeira reunião de 2009 da Câmara Setorial de Café, realizada no IAC, com representantes de todos os elos da cadeia do café. O diretor-geral do IAC, Marco António Teixeira Zullo, deu as boas-vindas ao grupo e ressaltou a abertura do IAC ao setor produtivo.

O pesquisador do IAC, Luiz Carlos Fazuoli, afirmou ter ficado surpreso com a qualidade do café robusta que o IAC está selecionando. Ele ressaltou que o Instituto está fazendo experimentação e campo-piloto, incluindo estudos com condução da lavoura e custos de produção, mas não é possível ainda recomendar o robusta para São Paulo. É necessário seguir pesquisando. O IAC gerou em 2008 uma coleção de 300 plantas matrizes, que poderão gerar cultivares clonais de café robusta. Além da adaptação de cultivares, o estudo envolve as áreas de adequado manejo da lavoura, adubação, espaçamento, poda, irrigação, colheita e secagem.

De acordo com Fazuoli, o IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, tem vários experimentos e campos de seleção do conilon/robusta em Campinas, Mococa, Cássia dos Coqueiros, Pindorama, Herculândia e Adamantina, totalizando 15 hectares em estudo. Ele afirma que recentemente foi instalado um campo-piloto em Matão, em uma área de 10 hectares, com 18 clones de conilon do Espírito Santo e 2 hectares de ensaios com 45 clones do IAC e 18 clones do Espírito Santo. Outro campo-piloto está instalado em Adamantina, com 18 clones do Espírito Santo. Há também experimentos com 39 clones do IAC e 18 do Espírito Santo numa área de 2 hectares. “O material do IAC tem plantas matrizes, mas não há quantidade suficiente para escala comercial”, diz o pesquisador. Já os materiais do Espírito Santo, disponíveis em grandes quantidades, ainda não foram experimentados em São Pauloo suficiente para serem indicados em escala comercial.

Fazuoli ressalta que regiões com déficit hídrico o robusta tem que ser irrigado. A condução da lavoura é outro aspecto delicado desse café. Os estudos com os custos de produção do robusta caminham para a conclusão. Por hora, sabe-se que o mercado é amplo e tem forte demanda da indústria, que poderia se beneficiar inclusive com a isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), já que desde 1995 o Governo do Estado isenta desse tributo as indústrias de café que compram matéria-prima em São Paulo.

Durante a reunião da Câmara Setorial, nesta segunda-feira, um produtor do robusta do extremo Sul da Bahia declarou que tem bons rendimentos, apesar de considerar trabalhoso o cultivo, por ser todo manual.

Pesquisa e organização de produtores

Quando um apreciador de café tem aqueles minutos prazerosos de encontro com a xícara quente e cheirosa pouco se sabe sobre o quanto já foi feito para a existência da cena tão corriqueira.  A verdade é que por trás de um bom café há muito trabalho, de uma longa cadeia produtiva, que tem início na pesquisa, passando pelos produtores e indústria até chegar ao consumidor. O Instituto Agronômico (IAC), referência nacional e internacional em pesquisa com cafeeiro, recebeu nesta segunda-feira, 16, representantes de todos os elos da cadeia do café para a primeira reunião de 2009 da Câmara Setorial de Café. A organização dos produtores com foco na qualidade do café foi o tema norteador da reunião. O grupo aprovou a geração de proposta para desenvolver o chamado Programa de Cafeicultura Sustentável Paulista, que deve ser encaminhada ao Governo do Estado.

De acordo com o presidente da Câmara Setorial do Café, Nathan Herszkowicz, o trabalho técnico está na base de toda a realização, que envolve a caracterização das regiões cafeeiras paulistas. O trabalho previsto é complexo, mas já há alicerces construídos. “Temos o melhor instituto de pesquisa do Brasil”, disse referindo-se ao IAC ao citar bases já existentes para a elaboração do Programa.

O nicho de cafés especiais atrai a indústria e vem conquistando espaço. Segundo Herszkowicz, há oito anos o mercado de especiais era nulo e hoje representa 5% de uma grande rede de hipermercados no Brasil, que movimenta R$ 270 milhões por ano em café. A organização dos produtores e o esforço pela qualidade devem ser direcionados à expansão dessa fatia.

A pesquisa é fundamental para alcançar a meta de produto de qualidade e essa ação prevê a interação com os cafeicultores. O pesquisador do Instituto, Luiz Carlos Fazuoli, destacou a parceria com os produtores, trabalho que inclui, além da geração de tecnologias, visitas a lavouras de café e recepção de agricultores que vêm ao IAC para acessar o conhecimento que melhora o desempenho do cafezal.

Herszkowicz ressaltou o apoio do Governo paulista ao crescimento de cafés de alta qualidade. O incentivo significa disponibilizar suporte técnico, por meio dos institutos da Secretaria de Agricultura, e ainda o incremento financeiro. O presidente da Câmara Setorial lembrou que desde 1995 o Governo do Estado isenta do ICMS as indústrias de café que compram matéria-prima em São Paulo.

Do IAC