Hospital estadual atende mães bolivianas em situação irregular

Unidade na zona leste treinou equipe e criou projetos para incentivar mulheres durante a gravidez

ter, 02/12/2008 - 17h11 | Do Portal do Governo

O Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros mantém, desde 2005, um projeto inédito de atenção à saúde da população boliviana que vive em São Paulo. Por estar situada em uma região próxima aos pólos de trabalho de estrangeiros vindos da Bolívia, a unidade sempre foi muito procurada por essas mulheres na hora de dar à luz. A procura é tamanha que, hoje em dia, as bolivianas representam cerca de 20% das pacientes internadas no hospital para dar a luz.

A presença maciça deste público chamou a atenção da direção do hospital que passou a empreender uma série de ações para capacitar a equipe para atender melhor esse público.“Quando o número de mulheres bolivianas que procuravam o nosso hospital para dar à luz começou a aumentar, percebemos que algo precisava ser feito para preparar a equipe e garantir a essas mulheres o melhor atendimento possível. Passamos então a pensar em ações que nos ajudariam a resolver os principais problemas enfrentados na relação com essa população”, afirma a diretora de apoio técnico, Dra. Elisabete Yamada.

Uma das grandes barreiras a serem transpostas era a questão do idioma. A grande maioria das pacientes que chegam ao hospital não fala português. Diante disso médicos, enfermeiros, psicólogos, voluntários e assistentes sociais passaram a estudar o aymara, um dos três dialetos falados na Bolívia e a língua mais comum entre as parturientes.

Outra questão que merecia atenção era o fato de que grande parte das bolivianas que procurava o hospital está clandestinamente no Brasil. A falta de documentação representava um dos maiores entraves na hora de procurar um serviço de saúde. Por estarem em situação irregular, essas mulheres evitam se expor a qualquer custo. “O medo dessas mulheres de serem presas e deportadas é tão grande que o acompanhamento pré-natal é coisa rara entre elas. Some a isso a situação de risco social a que elas estão expostas e você terá um cenário nada aconselhável para uma gravidez”, diz Elisabete.

Antes, o processo para dar entrada no pedido de regularização da situação dos imigrantes ilegais cujos filhos nasciam no Brasil era longo e demorado. Os pais da criança precisavam de uma carta do consulado autorizando a retirada do bebê do hospital. Os pais pediam, então, uma declaração da unidade de saúde com os dados do parto. Com essa declaração nas mãos eles se encaminhavam para a Polícia Federal para dar entrada no processo de legalização da sua situação. Só então eles recebiam um salvo-conduto, o que impedia que eles fossem presos e deportados.

Para resolver isso e encurtar o caminho, o hospital firmou importantes parcerias com o consulado da Bolívia e a Pastoral do Imigrante. Agora, o bebê sai do hospital em poucos dias e os pais já levam a declaração contendo as informações sobre o parto, o que torna desnecessário procurar o consulado. O contanto com a Polícia Federal ficou mais fácil e mais rápido. O processo, que antes levava em média dois anos, hoje demora apenas alguns meses. “Agora, ficou bem mais fácil para os imigrantes regularizarem a sua situação junto à Polícia Federal. Ao todo, mais de 2.000 mulheres já foram beneficiadas pelas nossas ações”, declara Elisabete.

As ações do hospital em prol das pacientes bolivianas não passaram despercebidas. Em agosto do ano passado a unidade recebeu uma placa do Consulado da Bolívia homenageando o hospital pelos excelentes serviços prestados ao seu povo. E essa não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em 2003 a equipe da maternidade já havia sido parabenizada pela atenção dada as bolivianas.

O Hospital e Maternidade Leonor Mendes fica na Av. Celso Garcia, 2.477 – Belenzinho.

Da Secretaria da Saúde