Hospital de Diadema faz cirurgia para retirar silicone industrial

Cirurgia impede que material se desloque para outras partes do corpo e provoque óbito

qua, 23/09/2009 - 18h00 | Do Portal do Governo

Desde a segunda quinzena de setembro, travestis e transexuais que necessitam de cirurgia para remoção de silicone industrial podem realizá-la no Hospital Estadual de Diadema. A estratégia é resultado da parceria entre a instituição e o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais, primeira unidade de saúde do Brasil dedicada exclusivamente a essas pessoas. 

“A possibilidade de remover o silicone industrial (que gera deformidades físicas graves) é fundamental para o resgate da saúde e da autoestima dos pacientes”, afirma Maria Filomena Cernichiaro, diretora do ambulatório. O Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexual funciona desde junho na cidade de São Paulo e está vinculado ao Centro de Referência e Treinamento-DST/AIDS-SP, da Secretaria da Saúde. Para realizar o procedimento é necessário encaminhamento médico do ambulatório. 

A sanitarista Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual DST/aids/SP, explica que o ambulatório foi criado para oferecer serviços médicos específicos e inclusão social a essas pessoas que, normalmente são vítimas de preconceitos. Um dos atendimentos é a cirurgia para a retirada do silicone industrial, disponível no Hospital Estadual de Diadema. “Esse tipo de silicone pode se deslocar para outras regiões do corpo, como o abdome e, possivelmente, provocar óbito”, alerta a sanitarista. 

Sem preconceito 

O ambulatório quer ampliar os serviços ao público específico a partir da parceria com outras instituições de saúde do Estado. A ideia é firmar outros convênios e capacitar os profissionais de saúde para o atendimento apropriado. Em quase três meses de funcionamento, a unidade supera a marca de 400 atendimentos. Mais de 100 pacientes recebem assistência integral, principalmente consultas de proctologia e urologia. Maria Clara informa que colocação ou retirada de silicone e consulta de proctologia são as demandas mais recorrentes do serviço. 

O trabalho conjunto com o Hospital das Clínicas (HC) possibilita quadruplicar o número de procedimentos de mudança de sexo realizados no complexo. O HC passa a realizar em média uma operação desse tipo por mês, enquanto que até agora se registravam três por ano. O ambulatório, referência para a saúde pública no País, responsabiliza-se pela elaboração de protocolos clínicos, desenvolve e avalia tecnologias e modelos assistenciais e promove atividades para integrar movimentos sociais. Também treina profissionais de saúde atuantes com travestis e transexuais. 

A orientação sexual e a identidade de gênero são fatores determinantes para a saúde, não apenas por implicarem em práticas sexuais e sociais específicas, mas porque podem significar o enfrentamento cotidiano de preconceitos e violações de direitos humanos. Usuária do serviço, Alessandra Saraiva afirma que “o ambulatório surgiu para acolher as meninas que não têm espaço em outros locais. Elas podem vir para cá sem medo de discriminação”. 

Serviço
Ambulatório de Saúde Integral para Transexuais e Travestis
Rua Santa Cruz, 81 – próximo ao Metrô Santa Cruz – SP
Agendamento de consulta: (11) 5087-9831 

Da Agência Imprensa Oficial e da Secretaria da Saúde