Hospital de Bauru comemora fim da fila de espera para córneas

Meta era perseguida desde 2004, quando mais de 5 mil pessoas aguardavam pelo transplante no Estado de São Paulo

ter, 13/10/2009 - 16h00 | Do Portal do Governo

O paciente Geraldo Crescêncio, de 77 anos, em tratamento no Hospital Estadual Bauru (HEB), tem úlcera no olho direito e precisava realizar transplante. Na manhã do dia 23 de setembro inscreveu-se na fila de córnea e, no final da tarde do mesmo dia, foi informado que ganharia o tecido. A cirurgia foi realizada sete dias depois. A assistente social Márcia Vilma Silva, coordenadora da equipe de captação de órgãos, festeja a boa notícia, mas alerta: zerar a fila não significa que é desnecessária a continuidade do ato voluntário. “Se mantivermos as doações, as pessoas não precisarão ficar meses ou até anos esperando. As doações devem ocorrer em volume suficiente para suprir a procura pelo transplante”. 

Administrado pela Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp e pela Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar (Famesp), o HEB já captou 666 córneas e realizou 146 transplantes deste tecido. Quando o serviço de captação de órgãos do hospital foi inaugurado, em 2004, mais de 5 mil pessoas aguardavam pelo transplante no Estado de São Paulo. Primeiro, o paciente passa pelo ambulatório do hospital, realiza diversos exames e o médico analisa a necessidade ou não do transplante de córnea. Se o caso for afirmativo, a pessoa é incluída na fila estadual e aguarda pela sua vez. Márcia informa que a redução de espera para córnea é uma realidade em muitos hospitais do Estado de São Paulo. 

Cuidado e dedicação

Ela acredita que o aumento de captação explica-se pela conscientização dos familiares do falecido sobre a importância do ato voluntário e pelo maior espaço disponível nos meios de comunicação para abordar o tema. “É difícil para a família tomar a decisão pela doação quando ocorre o falecimento. Por isso é tão importante que os familiares conversem antes sobre doação de órgãos, para que todos conheçam essa opção”, recomenda Márcia. 

O Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos (27 de setembro) foi lembrado no HEB com um evento, que reuniu centenas de familiares de doadores e 11 transplantados. Os próprios receptores de órgãos homenagearam as famílias doadoras como forma de incentivar debates e manifestações sobre o ato voluntário. A assistente social Márcia lembra que, apesar da troca de cumprimentos e agradecimentos, foi mantido o anonimato entre familiares de doadores e receptores. Ela diz que o ato, realizado pelo quinto ano consecutivo, foi emocionante para todos, até mesmo para a equipe médica e outros profissionais da área de saúde. 

Sobre o fim da fila de espera, ela destaca: “É maravilhoso termos mais esta boa notícia para comemorar. A população pode acreditar na seriedade deste trabalho que é feito com tanto cuidado e dedicação por uma rede de profissionais em todo o Estado. As famílias autorizaram as doações e o resultado é o fim da fila de espera”, constata. Márcia acrescenta que se foi possível zerar a fila de espera pela córnea do HEB, “pode se acabar também com a fila do tecido e outros órgãos em todo o Estado, desde que haja empenho crescente de doadores. 

Da Agência Imprensa Oficial