Hospital de Bauru começa a realizar cirurgia de transplante renal

Meta é que a unidade de saúde torne-se referência regional para o procedimento

sex, 11/07/2008 - 9h10 | Do Portal do Governo

A partir de agora pacientes da região de Bauru, no centro-oeste paulista, não precisam mais percorrer 400 quilômetros até a capital paulista para realizar transplante de rim. O Centro de Terapia Renal Substitutiva do Hospital Estadual Bauru (HEB), que já funcionava para tratamento de diálise e hemodiálise, passa a oferecer também cirurgia de transplante renal.

O primeiro transplante de rim intervivos do hospital foi realizado no último dia 26 de junho. Uma equipe de 20 profissionais participou da operação, que durou cerca de quatro horas. Uma paciente de 41 anos, que fazia sessões de hemodiálise desde agosto de 2007, foi a receptora do rim. Ela passa bem e deve permanecer internada durante 15 dias.

O transplante intervivos, como é chamado, é realizado a partir da doação do órgão de alguém da família do doente. Por lei, pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos de primeiro grau podem ser doadores. Quem não for parente pode oferecer o órgão, em condições especiais, após liberação judicial conforme a lei.  

Após consulta com o nefrologista do HEB, em 2006, os médicos constataram que a mulher apresentava estágio avançado de insuficiência renal crônica. A partir daí, iniciou-se a busca por possível doador. O transplante originou-se da manifestação do ex-marido da paciente, de 40 anos. Ele passou por todos os testes de compatibilidade e, após autorização judicial, confirmou a doação. 

Lista de inscritos – “É louvável a atitude do ex-marido, que observava os filhos sofrendo e decidiu ajudar a ex-mulher”, opina a nefrologista Amélia Trindade, do HEB e coordenadora regional da Organização de Procura de Órgãos (OPO).

Após a primeira cirurgia bem-sucedida, o hospital se prepara para iniciar o atendimento regular. Até o momento tem 21 pessoas na lista de inscritos para o transplante. A idéia da unidade é tornar-se referência no procedimento para o centro-oeste paulista. A médica informa que, a médio prazo, o Centro de Terapia será capaz de realizar quase uma operação por dia e cerca de cinco por semana, o que resultará em quase 200 por ano. Os primeiros atendimentos começam ainda este mês e aumentarão gradativamente até atingir a meta.

O Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unesp) de Botucatu realiza o procedimento, “mas a sua capacidade de atendimento é limitada (25 a 30 cirurgias por ano)”.

No Estado de São Paulo, 8 mil pessoas aguardam o recebimento do órgão. A médica não sabe ao certo o número de doentes na fila na região de Bauru, mas diz que pelo menos 200 pessoas fazem diálise – suplementação das falhas da função renal de quem não consegue eliminar água e produtos de excreção do sangue. Quem aguarda pelo transplante realiza diálise até três anos. A rotina é intensa: três sessões semanais, com duração de quatro horas cada.  

Pais dispostos – A maioria dos rins doados provém de pessoas vivas, apesar de não ser a prática ideal. O voluntário que deseja oferecer seu órgão passa por uma série de exames e avaliações. “Por mais que seja avaliado e cuidado, trata-se de uma pessoa saudável submetida à cirurgia para a retirada de um órgão. Sempre é um risco”, adverte. O mais apropriado seria a doação do órgão de um falecido, mas é comum, nestes casos, a resistência da família, que não autoriza.

“Geralmente, o doador tem boa saúde e sobrevive normalmente com apenas um rim”, informa a médica. De acordo com um estudo mundial, a possibilidade de esta pessoa (doador) contrair hipertensão arterial, diabetes e insuficiência renal é a mesma da população em geral. 

Curiosidade – Quando os filhos estão doentes, os pais estão sempre dispostos a oferecer seu órgão. Já o contrário, nem sempre acontece. A médica conta que uma tendência atual é a doação entre casais, quando existe compatibilidade. 

Viviane Gomes

Da Agência Imprensa Oficial