Hospital das Clínicas oferece programa para autistas

Projeto do Instituto de Psiquiatria procura estabelecer vínculos entre os portadores de Asperger, que apresentam dificuldade de sociabilização e de comunicação

ter, 16/06/2009 - 12h00 | Do Portal do Governo

Tentar criar relações afetivas e incentivar as conversas entre os pacientes. Esse é o objetivo do Programa Estação Espacial, desenvolvido pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo em parceria com a Associação Amigos do Autista (AMA), para o tratamento de pacientes autistas.

O autismo pode se manifestar em diversos níveis, dividindo-se genericamente em baixa e alta funcionalidade. No primeiro grupo, há sério comprometimento da comunicação e sociabilização, retardo mental e comportamentos repetitivos.

No extremo oposto está a alta funcionalidade, que inclui os portadores da síndrome de Asperger – indivíduos inteligentes, comunicativos, que apresentam as mesmas atitudes repetitivas, dificuldades de comunicação e sociabilização do outro grupo.

Para tratá-los, foi criado o Estação Espacial – programa que tem esse nome por causa de um paciente, que num dos encontros relatou ter a sensação de não fazer parte do planeta Terra por achar as outras pessoas “muito estranhas”.

As reuniões do programa, que possui turmas de até oito pessoas de idades variadas, são semanais. A maioria dos pacientes é do sexo masculino, pois, a cada dez portadores da síndrome, apenas um é do sexo feminino.

“O Estação Espacial não é um curso, tampouco uma terapia. É um clube social, onde os integrantes podem falar sobre o seu dia a dia, expressar seus interesses, desafios e descobertas”, afirma Estevão Vadasz, psiquiatra, coordenador do Projeto Transtornos Invasivos do Desenvolvimento do IPq e idealizador da iniciativa. “Apresentamos técnicas para que eles aprendam certos truques sociais e possam se relacionar melhor entre eles e com as outras pessoas”, completa.

Diagnóstico da doença

Os portadores de Asperger costumam apresentar QI superior a 70 (alguns atingem 130). Os doentes podem desenvolver interesse sobre assuntos específicos, os quais se tornam temas recorrentes em suas conversas e estudos. Muitos tendem a interpretar a comunicação de forma literal, com problema para entender figuras de linguagem, piadas, ironias ou brincadeiras.

Pela dificuldade de relacionamento interpessoal, preferem ambientes em que não haja necessidade de contato com muitas pessoas. O diagnóstico, segundo o Dr. Vadasz, não é fácil. “Geralmente são considerados pelos pais apenas como uma pessoa pouco excêntrica, com hábitos diferenciados e tendência ao isolamento”, ressalta.

Em alguns casos, é o próprio portador, por ser inteligente, perspicaz e consciente das próprias limitações, quem acaba por fazer o diagnóstico. “Já recebemos telefonema de candidato dizendo: ‘Quero participar do programa porque acho que tem a ver comigo”, diz o psiquiatra.

Serviço

Estação Espacial
Inscrições: pelo telefone (11) 3069-6509
Reuniões: apenas às quartas-feiras, das 9h às 12h