O Instituto de Psiquiatria (Ipq), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) inaugura nesta quarta-feira, 31, a sua nova brinquedoteca terapêutica, destinada para crianças e adolescentes atendidas no ambulatório, hospital dia e unidade de internação do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência (Sepia).
Este novo espaço possibilitará à equipe do Sepia colocar em prática intervenções terapêuticas baseadas em diferentes modelos de atendimento, Entre eles, está a terapia filial, inédito no País, no qual os pais atuam como agentes terapêuticos de seus próprios filhos, em casa.
Na terapia filial, os pais (ou a mãe ou pai) passam por treinamento e são orientados como brincar com seus filhos, aprendendo eles mesmos a brincarem. Esse pai e/ou mãe é estimulado a observar seu filho no momento do brincar, ouvindo-o de forma reflexiva, reconhecendo e respondendo aos sentimentos da criança, atuando na construção e fortalecimento da auto estima. Aprendem ainda a criar um ambiente aconchegante para seu filho, sem julgamento, de forma que a criança se sinta segura para explorar a relação pai/mãe – filho e a si própria, incluindo seus medos, desejos e sentimentos.
A brinquedoteca terapêutica do IPq foi projetada, montada e equipada por meio de parceria com a empresa MCassab (representante da Lego no Brasil) e pelo escritório de arquitetura Falzoni Alves Lima (que tem como base projeto de decoração padrão Lego, ou seja, uso de formas geométricas e muita cor).
Os objetivos da brinquedoteca terapêutica são:
– observar o desempenho da criança através da sua interação lúdica para verificar quais as suas necessidades
– preparar o ambiente no qual a criança vai brincar, proporcionando atividades que ofereçam a estimulação adequada ao seu estágio de desenvolvimento
– interagir de forma lúdica com a criança que não brinca, procurando motivá-la a brincar
– favorecer o desenvolvimento psicossocial da criança
– apresentar o uso funcional do brinquedo à criança que não consegue usá-lo
– contribuir para a diminuição da ansiedade decorrente da situação de sofrimento vivida pelo paciente
Por que as crianças brincam?
Existe uma capacidade evolutiva, adaptativa e inata para o brincar, que é uma atividade universal e própria da saúde. Crianças têm prazer em todas as experiências da brincadeira. Ao brincar a criança desloca para o exterior seus medos, angústias e problemas internos, dominando-os por meio da ação. Por meio do brinquedo a criança lida criativamente com a realidade externa.
Capacidade de atendimento
A meta da brinquedoteca terapêutica é atender 40 crianças/adolescentes e 40 cuidadores todos os dias, sendo quatro grupos com cinco indivíduos pela manhã e o mesmo número no período da tarde. O projeto de intervenção terapêutica comporta sessões de 50 minutos com quatro a cinco crianças cada.
Mensalmente são atendidas no ambulatório do Sepia 1.400 crianças e adolescentes e, no Hospital Dia, a capacidade é de15 pacientes/dia. O Sepia conta ainda com nove leitos para internação – o IPq é o único hospital público do Brasil a oferecer leitos nesta faixa etária.
Centro de treinamento
A brinquedoteca terapêutica atuará também como pólo de formação de profissionais da rede municipal de saúde que desejam especialização em intervenções lúdicas. Esta iniciativa tem o apoio do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – FUMCAD, que possibilitará ao IPq contratar o número de colaboradores necessários à implantação do projeto.
Do Hospital das Clínicas
