HC realiza primeira neurocirurgia da América Latina com monitoramento em tempo real

Procedimento conta com uma ressonância magnética na sala cirúrgica e permite a retirada de tumores no cérebro com grande precisão

sex, 16/04/2010 - 17h00 | Do Portal do Governo

O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria da Saúde, realizou pela primeira vez na América Latina um procedimento considerado o “GPS da neurocirurgia”, para ressecção de tumor cerebral. A técnica permite monitorar em tempo real o processo cirúrgico, mostrando com exatidão as estruturas cerebrais relacionadas com a lesão. Mediante as imagens, feitas por um equipamento de ressonância magnética instalado dentro do centro cirúrgico, é possível saber a extensão do tumor, a proporção removida e quanto falta para concluir a cirurgia.

Com o método tradicional, cerca de 30% dos pacientes saem da cirurgia com restos do tumor no organismo e chances de recidiva. Por isso, a neurocirurgia com uso de ressonância magnética intraoperatória (RMI) é considerada um grande avanço para tratamento de tumores cerebrais, especialmente de gliomas encefálicos – que abrangem 40% dos tumores em geral (na maioria das vezes são malignos) -, e tumores de hipófise – que representam cerca de 15% dos tumores (geralmente benignos).

A RMI possibilita realização de intervenções cirúrgicas menores e mais econômicas, otimizando os procedimentos cirúrgicos e proporcionando diversos benefícios, como rápido diagnóstico de complicações, que poderão ser tratadas de imediato; prevenção de danos neurológicos; e maior grau de ressecção com menor grau de manipulação, sem lesão do tecido sadio.

Até agora, o único recurso para mapear tumores neurológicos era a ressonância tradicional, feita antes da cirurgia, cujo efeito era como o de um mapa desatualizado. Com o exame intraoperatório, é como se o médico tivesse nas mãos um GPS. No caso do glioma, por exemplo, que é um tumor que pode mudar de lugar depois que o crânio é aberto, a RMI mostra-se altamente eficaz.

A primeira cirurgia com o uso da RMI (retirada de tumor de hipófise) foi realizada com sucesso em março passado pelo neurocirurgião Valter Cescato, juntamente com os especialistas: Dr. Rodrigo de La Cortina (otorrinolaringologista); Dra Nina Musolino (neuroendocrinologista); Dr. Edson Amaro Jr (neuroradiologista) e Prof. Manoel Jacobsen Teixeira (neurocirurgião e titular do Departamento de Neurologia da FMUSP), além da colaboração da equipe de enfermagem, coordenada pela enfermeira Sandra Soares e dos técnicos das empresas Brain Lab, Siemens e Equipamentos Procópio.

O segundo e o terceiro procedimentos, também realizados em março deste ano, consistiram de microcirurgia para ressecção de neoplasia, feitos pelos neurocirurgiões Manoel Jacobsen Teixeira e Hector Cabrera Navarro, sob supervisão de neurorradiologista. Todas as cirurgias tiveram sucesso e os pacientes passam bem. 

Para a aquisição do equipamento, montagem e adequação do centro cirúrgico, foram investidos R$ 3 milhões pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Saúde.

Do Hospital das Clínicas