HC realiza 1ª cirurgia de fígado com robô da América Latina

Equipamento também foi usado pela mesma equipe em operação de pâncreas

seg, 24/08/2009 - 14h00 | Do Portal do Governo

Os médicos do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) realizaram, pela primeira vez na América Latina, cirurgia de retirada de fígado com o auxílio de um robô. O procedimento ocorreu no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com equipe de profissionais chefiada pelo professor Marcel Autran Cesar Machado, livre-docente de cirurgia da FMUSP. Na década de 1990, o Brasil começou a empregar a técnica de laparoscopia, que traz vantagens em relação às chamadas “cirurgias abertas”. É menos invasiva, tem menor incisão, menos dor no pós-operatório e redução de tempo de hospitalização.

O doutor Autran lembra que por meio desta técnica, em 2007, foi feita no HC uma cirurgia laparoscópica de fígado através de vídeo. Na ocasião, foram retirados cerca de 60% do órgão do paciente. “Esta intervenção cirúrgica foi pioneira”, diz. Com as mesmas técnicas da laparoscopia por vídeo, os médicos realizaram em agosto de 2008 a primeira cirurgia de fígado com o auxílio de um robô, na América Latina. Apesar de ser um procedimento de alto custo (cerca de US$ 1 milhão), o médico destaca que o sistema acoplado ao robô é mais eficiente. As principais vantagens são: visão em três dimensões do órgão e amplos movimentos por meio dos braços do equipamento.

“Esta visão nos possibilita enxergar mínimos detalhes. Fazemos uma imersão total no paciente”, afirma Autran. Como na laparoscopia, a intervenção com o robô é acompanhada de uma injeção de gás carbônico (CO2). “O CO2 faz com que o órgão se desgrude das paredes do peritônio (membrana) e também é um eficiente anti-inflamatório, pois diminui a Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica, comum em alguns procedimentos de grande porte”, explica.

Além dos três braços (um do lado esquerdo e dois do lado direito), o robô tem pinças que podem ser movimentadas pelo médico para todas as direções em 360 graus. “Essas ferramentas facilitam a retirada de tecidos e os pontos cirúrgicos no final da cirurgia. Há situações em que alguns pontos são feitos em posições desconfortáveis para o cirurgião. Com o auxílio do robô isso não ocorre”, garante.

Erros reduzidos

Autran também destaca a eficiência do equipamento em relação à segurança, sobretudo porque suas câmeras são controladas por um pedal. “O sistema tem ainda a capacidade de interromper movimentos bruscos e pode até redimensioná-los em caso de necessidade, o que inibe erros. Durante as cirurgias tradicionais, o médico trabalha de pé e existem estresses que possivelmente se refletem nos seus movimentos”, afirma. Com a utilização do robô, o profissional atua sentado, com os braços apoiados.

“O robô também pode ser ajustado para realizar movimentos com amplitude de escala reduzida, o que possibilita suturas em espaços pequenos com grande desenvoltura”, diz o médico. O equipamento está disponível somente nos hospitais Sírio Libanês, Oswaldo Cruz e Albert Einstein, todos em São Paulo. A utilização do robô – dentre os procedimentos sobre o aparelho digestivo – é recomendada principalmente para cirurgias complexas de fígado e pâncreas. A mesma equipe realizou a primeira cirurgia num pâncreas utilizando o mesmo equipamento.

Da Imprensa Oficial