HC ensina técnicas para facilitar respiração de pacientes

Capacitação destina-se a especialistas da medicina de várias regiões do País

qui, 08/10/2009 - 19h00 | Do Portal do Governo

“Foi uma boa revisão do manejo de via aérea difícil. Os professores são supercompetentes porque a USP é centro de referência em vários setores. A aula prática foi excelente porque os modelos e equipamentos oferecidos para praticarmos melhoram o aprendizado. Estou muito satisfeito”, avaliou o médico intensivista Bruno Vasconcelos, do Hospital Ordem Terceira da Penitência, do Rio de Janeiro. Ele veio a São Paulo especialmente para participar do 6º Curso de Via Aérea Difícil, realizado no anfiteatro do Instituto Central (IC) do Hospital das Clínicas (HC). 

Via aérea difícil é uma situação na qual o paciente não consegue respirar sozinho e o médico enfrenta dificuldades para oxigená-lo com máscara facial ou tubo traqueal (usado para levar ar aos pulmões). É mais frequente em pacientes obesos, com trauma facial, tumor de cabeça e pescoço, deformidade facial e restrição da mobilidade cervical. Participaram do curso 50 profissionais de saúde de diversas especialidades, provenientes de São Paulo e outras regiões do Brasil. 

A doutora Cláudia Marques Simões, assistente da Divisão de Anestesia do IC e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), explicou que algumas alterações anatômicas podem contribuir para tornar a respiração difícil. Por exemplo: vítimas de trauma com lesão facial (que provoca distorção da anatomia da face como dentes quebrados, boca lesionada, escoriações e sangramento na via aérea). 

“Se o paciente não conseguir oxigenação apropriada, seja de forma espontânea ou auxiliada com aparelhos, é possível que o caso evolua para complicações. Entre elas, redução da oxigenação sanguínea, o que pode resultar, por exemplo, em lesão cerebral irreversível”, alerta a médica. 

No período da manhã, professores abordaram a teoria e o estudo de caso clínico para esclarecer dúvidas sobre manipulação de via aérea difícil. 

Fibra óptica 

À tarde, os professores se dividiram em sete estações de trabalho e apresentaram as diferentes técnicas de abordagem da via aérea difícil. Após ouvir as explicações e demonstrações da aplicação das técnicas, os alunos manusearam modelos e equipamentos – entubação convencional, máscara laríngea, broncoscopia e bronscoscopia rígida – e treinaram os procedimentos. 

A coordenadora do Núcleo de Via Aérea Difícil do HC, Janice Leão Ferraz, explicou que uma das técnicas mais importantes para o sucesso do manuseio da via aérea difícil é a laringoscopia ótima. Ou seja, o posicionamento correto do paciente para facilitar a inserção dos dispositivos de ventilação. “É de fácil execução, exige recursos simples como lençóis para fazer coxim (espécie de travesseiro que apoia a cabeça) e é eficiente em muitas complicações respiratórias”, ensina a coordenadora. 

O intensivista Paulo Rogério Scordamaglio, médico assistente do Serviço de Broncoscopia do HC e do Incor, informa que a broncoscopia é outra técnica relevante. Utiliza material flexível de fibra óptica que permite vencer vários obstáculos da via aérea para acessar a laringe, a traqueia e oxigenar o paciente. É empregada em casos de alteração congênita e trauma de face que impedem a manipulação da boca e nariz para o ar chegar aos pulmões. Ele diz que a necessidade de broncoscopia também é muito frequente em cirurgia eletiva de obesidade. 

Os alunos também treinaram a técnica de cricotireoidostomia em modelo de traqueia de porco, devidamente refrigerado e higienizado. A coordenadora Janice explicou que a técnica exige habilidade e consiste na localização exata de uma membrana do pescoço do animal, cuja anatomia é semelhante à do ser humano. Ao puncionar o pescoço do suíno, o médico treina para eventual punção na traqueia. 

Da Agência Imprensa Oficial