HC alerta sobre os cuidados para evitar acidentes domésticos

Crianças são principais vítimas de intoxicação com produtos de limpeza, ingestão e aspiração de pequenos objetos

seg, 17/08/2009 - 21h00 | Do Portal do Governo

De acordo com dados do Ministério da Saúde, acidentes ou lesões não-intencionais representam a principal causa de morte de crianças e adolescentes de 1 a 14 anos no Brasil. Cerca de 6 mil pessoas de até 14 anos morrem e 140 mil são hospitalizadas anualmente. O pediatra Roberto Tozze, do Hospital das Clínicas, conhece muito bem essa estatística. Ele relata diversos casos de acidentes domésticos de pequenos pacientes que procuram o Pronto-Socorro do Instituto da Criança do HC, onde trabalha há 15 anos: “É comum ingestão de alfinete, moeda e aspiração de pedra, botão e pequenas peças de brinquedo”. 

Quem engole objeto estranho enfrenta obstrução intestinal, vômito e salivação. Nesse caso, o médico recomenda não seguir receitas caseiras (como beber água ou outro líquido) porque isso acarreta mais danos à saúde. Se a criança aspirar algo, é comum sentir dificuldade respiratória e expelir secreção escura avermelhada de odor desagradável. “Nunca tente remover o objeto do nariz porque a tentativa possivelmente facilita o deslocamento da peça para regiões mais profundas do organismo. Se for aspirado para os brônquios resultará em insuficiência respiratória”, alerta o pediatra. 

A bateria de relógio, pequena e semelhante a uma pastilha, é um perigo. “É material corrosivo e leva à perfuração intestinal”, alerta o pediatra. Nas residências mais humildes, ele diz que é frequente a queda da criança de laje. Dependendo do caso, o acidente pode resultar em trauma cranioencefálico, paralisia cerebral e retardo mental. “A criança vê o personagem voando no desenho animado e acha que tambaém é capaz”, alerta.

Tozze relata ainda que atende casos de paciente infantil acidentado no tanque de lavar roupa mal fixado na parede. “O pequeno se apoia para brincar e cai. Pode sofrer trauma de tórax, insuficiência respiratória e até morrer”, alerta. O recém-nascido também pode ser vítima fatal da falta de cuidado ou desconhecimento dos pais. “Estatísticas confirmam que ele deve dormir de costas, com a barriga para cima”, recomenda o pediatra. E completa: se algo obstruir a respiração do bebê, ao dormir de bruços, não haverá o que fazer para conter a sufocação. O HC também recebe casos de queimadura devido à desatenção dos responsáveis. Ao encher a banheira, não percebem que a água está muito quente, resultando em lesão de segundo ou terceiro grau no corpinho do bebê.  

Outra situação comum, explica o pediatra e toxicologista Anthony Wong, é acidente com andador. Dependendo da intensidade da queda, as sequelas variam de simples luxação até fratura de crânio, braço e perfuração dos olhos.  Intoxicação por produto de limpeza é outro problema comum entre crianças e adultos.

Wong afirma que o HC tem um servico telefônico (08000-148110) que funciona 24 horas para esclarecer como agir em casos de intoxicação. É direcionado à população, médicos, profissionais de saúde e indústrias químicas. 

Uma das principais causas de intoxicação entre adultos é causada pelo removedor de ferrugem. A pessoa passa o produto a seco na roupa e se esquece de enxaguar antes de usá-la. O suor em contato com a peça provoca queimaduras. No caso de crianças, é frequente o consumo de água sanitária, confundida com água comum. Rico em soda cáustica, gera efeito corrosivo na boca e esôfago. “Nessa situação, não se deve provocar vômito, tomar remédio por conta própria e nem beber água ou leite. No caso dos líquidos, o problema é que espalham o agente químico do estômago e ampliam a extensão da área queimada”, orienta o toxicologista. É melhor ligar para o 0800 e procurar o médico imediatamente. “A conduta inadequada é pior para o organismo do que não fazer nada”, frisa. 

A automedicação é também considerada acidente doméstico comum. Pode ocorrer com doentes que tomam diversos remédios por dia e acabam ingerindo, por engano, doses excessivas. Wong alerta e ilustra alguns efeitos da má utilização dos produtos farmacêuticos: analgésico e anti-inflamatório levam a problemas de fígado, rim e coração. Antigripal provoca sonolência. “Se a pessoa dirigir nesse estado pode provocar acidente”, destaca. Antidepressivo sem orientação médica resulta em sonolência, agitação e alteração cardíaca. “Até fitoterápico, homeopático e floral mal-empregados provocam danos ao organismo”, sustenta o especialista. 

Da Agência Imprensa Oficial