Adeus à vida do cortiço

Programa desenvolvido pela CDHU transfere pessoas alojadas em cortiços da área central da cidade para unidades habitacionais

qua, 12/09/2012 - 11h02 | Do Portal do Governo

Imóveis decadentes, transformados em cortiços, têm dado lugar a novas moradias em bairros centrais das cidades de São Paulo e Santos. Os mais recentes empreendimentos ocorreram no Bom Retiro e Pari, na capital, onde mais de cem apartamentos foram entregues à população que vivia em condições precárias. As ações são resultado do Programa de Atuação em Cortiços, empreendido pela Compa nhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).

Criado há mais de uma década, o programa estadual objetiva atender famílias de baixa renda que residem em cortiços nas áreas centrais. Outra preocupação é intervir na realidade desse tipo de habitação, promovendo ou induzindo operações de renovação urbana. Isso se dá com a desocupação e demolição de imóveis precários, substituídos por habitações da CDHU, ou com o atendimento de famílias de imóveis encortiçados vistoriados pela Prefeitura, que devem ser reformados e adequados.

A iniciativa teve a parceria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de 2002 a 2010. Em alguns dos empreendimentos conta ainda com recursos do governo federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Além dos imóveis entregues recentemente, diversos outros já foram construídos na capital (em bairros como Bela Vista, Belém, Mooca e Santa Cecília) e em Santos, totalizando mais de 1,6 mil unidades. Estão em construção oito empreendimentos na capital, nos bairros do Belém (três empreendimentos), Bela Vista (mais dois), Bom Retiro, Sé e Santa Cecília, somando 552 apartamentos.

Prestação baixa

As características dos condomínios entregues são variadas. Há desde prédios com quatro pavimentos (tendo de 17 a 60 apartamentos) até com 13 pavimentos (tendo de 80 a 300 apartamentos). Há unidades de um ou de dois dormitórios e, também, quitinetes.

Um exemplo: a edificação entregue recentemente no Pari, construída em um lote de mais de 1,1 mil m², na Rua Madeira, nº 124. Era ocupada por quatro imóveis encortiçados. A construção agora é constituída de três prédios, com cinco andares cada, fechados por alambrado e muro, rede de gás canalizado, sistema de medição individual de água, paisagismo e salão de festas.

Os apartamentos têm entre 53m² e 67m² de área construída. Dispõem de um e dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. Todos contam com revestimento interno, azulejos até o teto no banheiro e nas paredes hidráulicas da cozinha, piso cerâmico e aquecedor a gás para os chuveiros. Duas unidades foram adaptadas ainda para pessoas com deficiência física. Os novos moradores vão pagar prestações mensais fixas de R$ 120 e R$ 180.

Para ser atendida pelo programa, a condição é que o interessado seja morador de cortiço, tendo sido identificada pela CDHU ou Prefeitura de São Paulo. Em cada empreendimento é definida uma renda mínima para acesso. A maioria das famílias atendidas ganha no máximo três salários mínimos.

Trabalho social

Além da construção da moradia, a CDHU desenvolve um trabalho social com as famílias atendidas, por meio de cursos profissionalizantes e de geração de renda, e também de parcerias com universidades para concessão de bolsas de estudo e cursos. Os cursos profissionalizantes e de geração de renda estão inseridos no Programa Capacidades. São realizados, por exemplo, com o Neotropica – Instituto de Educação e Ciências Aplicadas (cursos de manicure e pedicure) e a Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco), da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (cursos de artesanato).

A operadora de telemarketing Camila Carolina Silva Machado, 19 anos, moradora do empreendimento Bela Vista A, participou de janeiro a julho deste ano de um curso de manicure. “Já gostava de fazer unha e ajudou a me desenvolver”, afirma. Hoje, ela acumula as duas atividades profissionais, e tem até clientela como manicure. “Faço unha de minhas amigas, vizinhas, amigas das minhas amigas”, enumera.

Da Agência Imprensa Oficial