Grafite celebra 60 anos da Declaração dos Direitos Humanos

Objetivo é despertar na juventude preocupação com a questão do respeito aos direitos humanos

qui, 11/12/2008 - 10h11 | Do Portal do Governo

Um quinteto de feras da arte do grafite, especialmente selecionado, movimentou o histórico Pátio do Colégio, na tarde de segunda-feira, 8, para mostrar ao público trabalhos relacionados aos direitos humanos. Tudo ao som do hip-hop misturado com música eletrônica, executado pelo DJ RM, campeão brasileiro do DMC-Brasil 2008 (campeonato surgido na Inglaterra em 1985). A iniciativa foi da Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania, que comemora neste mês os 60 anos da Declaração Universal de Direitos Humanos com extensa e variada programação, até o dia 19.

O espetáculo, com duração de duas horas, atraiu dezenas de pessoas que circulavam pelo centro da cidade. Alex Rocha de Souza, contínuo do Hospital Nipo-Brasileiro, aplaudiu a idéia de ver artigos da Declaração Universal traduzidos no grafite. “Acho positivo a juventude conhecer esses direitos por meio da imagem, pois diz muito mais do que a leitura”. Fã de rap e dos trabalhos de DJs, Francele de Lima, 14 anos, estudante da 8ª série, pouco sabe da Declaração, mas não vê a hora de se aprofundar mais nesse assunto durante os estudos no primeiro ano do ensino médio. “O conhecimento é essencial, seja pela leitura, seja por imagens como as que estão sendo feitas aqui, muito bonitas, por sinal”.

Francele se referia às cinco telas nas quais os grafiteiros desenvolveram suas idéias, entre elas uma fada no meio das nuvens soltando uma pomba, símbolo da paz, outra sobre os deficientes, questões da liberdade de expressão e da discriminação. De certa forma, ali se acham representados cinco dos 30 artigos da Declaração: o quadro, de autoria de Denise, realça a luta dos direitos das pessoas com deficiência. O grafiteiro Toddy destacou a liberdade de expressão ao mostrar várias mãos levantadas em vermelho e branco; e o artista Bonga evidenciou o direito dos negros. Já Markone, desenvolveu tema referente ao direito dos imigrantes, e Ana Cláudia, a liberdade.

Entusiasmo – O objetivo do evento era despertar na juventude a preocupação com a questão do respeito aos direitos humanos, explorando seu interesse pela expressão artístico-cultural do grafite. Para isso, foram procurados artistas renomados, como Toddy, que esteve recentemente no Canadá participando do Encontro de Jovens das Américas. Além de autor de trabalhos em eventos importantes, o artista está engajado em muitas discussões sobre o grafite. Para ele, grafite expressa muito do que o jovem quer conhecer, ou defender, e dá uma injeção de ânimo ao provocar a sociedade.

Bonga acredita que esse é o momento ideal para levar a discussão a quem é desprovido desses direitos, principalmente para o jovem da periferia.

“Considero um avanço estar aqui, hoje, discutindo esses temas.

Outro artista, Markone, veio participar mesmo com o joelho machucado em conseqüência de um jogo de futebol. “Já se vê que o meu negócio é mesmo a arte”, brinca, ao mesmo tempo em que comenta que o trabalho vai enriquecer ainda mais o seu currículo.

Ex-professor na Fundação Gol de Letra e editor da revista Brazilisgraff, é de sua autoria o grafite no túnel da Avenida Paulista, sobre a imigração japonesa. Animado com o novo trabalho, diz que ignorou as recomendações médicas para que permanecesse em repouso. “Gosto de aplausos. Se cinco ou seis pessoas pararem e olharem o que estou fazendo, já me considero realizado”.

Parceiros da arte – A iniciativa da pasta da Justiça é uma parceria com a Assessoria de Defesa da Cidadania, da Secretaria de Estado da Cultura, Coordenadoria Estadual da Juventude, do Instituto Polis e do Sesc Itaquera, onde haverá outro evento de grafite, com mais cinco telas, sobre o mesmo tema desenvolvido no Pátio do Colégio.

Maria das Graças Leocádio

Anderson Moriel Mattos

Mateus Ribeiro

Da Agência Imprensa Oficial