Governo realiza oficinas de plantas ornamentais em aldeia indígena

Objetivo foi estimular processo de produção sustentável, proporcionar novos conhecimentos e criar novas alternativas de renda

qua, 09/06/2010 - 18h00 | Do Portal do Governo

Para diversificar a fonte de renda das comunidades indígenas e capacitá-las a produzir mais e melhor, as Coordenadorias de Assistência Técnica Integral (CATI) Regionais de São Paulo e Pindamonhangaba promoveram oficinas técnicas sobre plantas ornamentais aos indígenas da Aldeia Ribeirão Silveira, localizada em Boracéia, no litoral norte do Estado.

As aulas tiveram apoio do Instituto Agronômico (IAC) e orientaram cerca de 30 índios sobre as técnicas de plantio, colheita e comercialização de variadas plantas.

De acordo com a coordenadora pedagógica das oficinas e zootecnista da CATI Regional São Paulo, Dayla Ciancio, a finalidade principal do projeto foi estimular o processo de produção sustentável, proporcionar novos conhecimentos e criar novas alternativas de renda. “As populações indígenas estão muito vulneráveis por terem como principal atividade apenas a produção sustentável de palmito juçara. As oficinas tiveram como objetivo oferecer, a pedidos dessa comunidade, novas opções à produção de palmito”, afirmou.

Para o engenheiro agrônomo da Regional Pindamonhangaba, Maurício Rúbio, apresentar alternativas de produção, além de possibilitar novas fontes de renda, é uma forma de investir também na preservação do meio ambiente. “Os índios guaranis formam um povo indígena que luta pela preservação da mata, da qual dependem diretamente para manter seu modo de vida, por isso, além de colherem e comercializarem, recuperam sementes e mudas nativas”.

Nos quase 950 hectares de área, a aldeia abriga cerca de 400 índios tupi-guaranis que mantêm viveiros de plantas onde cultivam o plantio dos palmitos Açaí, Pupunha, Híbrido, Juçara (em extinção), além de frutíferas e plantas ornamentais.

Entre as plantas ornamentais cultivadas na aldeia estão o Bastão-do- Imperador, Pingo-de-Ouro, Bromélia, Crisântemo, Alpinia e as Helicônias – espécie que foi tema principal das oficinas. “As helicônias são plantas extremamente produtivas, vistosas, adaptadas ao clima tropical e com grande valor no mercado”, explicou o pesquisador do IAC, Carlos Eduardo Castro. O pesquisador detalhou também que a helicônia é um gênero da família Heliconiaceae, que compreende 183 espécies conhecidas. No Brasil, são 33 espécies nativas, sendo seis do litoral norte. No comércio mundial são encontradas, pelo menos, 50 espécies.

Rúbio afirmou que as helicônias se adaptam muito bem ao clima úmido e quente do litoral. Além disso, essas plantas possuem características fundamentais à comercialização, como beleza, resistência ao transporte e durabilidade após a colheita.

Essa é também a opinião de Antônio Carneiro, responsável pela manutenção de uma Pousada em São Sebastião. “As helicônias que compramos do indígena Vando duram cerca de 20 dias. É interessante termos as flores em nosso ambiente porque os turistas conhecem uma planta produzida na região. Além disso, aproveitamos para incentivar e valorizar o trabalho dos indígenas”, avaliou.

Vando dos Santos, que comercializa cerca de 50 arranjos por mês acredita que as vendas irão aumentar com as novas técnicas aprendidas. “A expectativa é que, com as dicas das oficinas, eu consiga cultivar novas espécies e atrair a atenção dos clientes”, espera.

E não são apenas os homens os interessados, mulheres também participam ativamente do plantio e do comércio e nas oficinas receberam novos conhecimentos. “Hoje aprendi que estava cortando a helicônia de forma inadequada. A partir de agora, mudarei minhas técnicas no momento da colheita”, revelou a índia Ivanilda Pará.

Já para o guarani Mauro dos Santos, vale a pena investir no cultivo de plantas ornamentais porque os resultados refletem na melhoria da qualidade de vida da família, com o aumento da renda. “Os ensinamentos que a CATI trouxe foram fundamentais. O que mais me chamou a atenção é que, para conquistar novos clientes, é preciso apresentar novidades como a variedade de espécies e demonstrar cuidado e carinho com a produção, como, por exemplo, montar um belo arranjo no momento da venda”.

As plantas são comercializadas nas estradas, pousadas, hotéis e restaurantes. Para garantir um bom cultivo das flores tropicais, Maurício sugere cuidados com a escolha do solo (com terra fértil), com o espaçamento entre as plantas, com a manutenção e a higiene do local, com as espécies escolhidas e com a diversificação da produção.

As oficinas foram realizadas pela CATI e pelo IAC, por meio de convênio com o Ministério de Desenvolvimento Agrário, com apoio da Fundação Nacional do Índio e das Secretarias Municipal e Estadual de Educação de Bertioga.

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento