Governo do Estado vai desenvolver programa social em favelas

Anúncio foi feito pelo governador Geraldo Alckmin durante entrega de documentos de identidade na Favela Alba

dom, 10/06/2001 - 14h09 | Do Portal do Governo


Anúncio foi feito pelo governador Geraldo Alckmin durante entrega de documentos de identidade na Favela Alba

O governador Geraldo Alckmin anunciou que vai transformar a ação social iniciada pela Secretaria Estadual da Segurança Pública na Favela Alba em Programa de Governo. O anúncio foi feito neste domingo, dia 10, durante visita do governador ao local para a entrega de 525 carteiras de identidade (RG) aos moradores. ‘Essa é uma bela experiência da polícia. Aqui havia um problema grave de traficantes. E, mais do que um trabalho policial, está sendo feito um trabalho social’, afirmou Alckmin.

Conhecida como uma das áreas mais violentas de São Paulo, a Favela Alba era palco de confrontos entre traficantes e policiais. ‘Houve uma operação da polícia para tomar o local há dois meses. Prendemos dois líderes do tráfico e instalamos uma Base da Polícia aqui, 24 horas por dia’, explicou o Comandante-Geral da Polícia Militar, coronel Rui César Melo.

O trabalho inicial foi identificar os líderes comunitários para que, junto com a polícia, fosse realizado um trabalho de resgate da cidadania. ‘Não havia liderança comunitária aqui, como ainda não há. Havia apenas liderança de tráfico’, contou Rui César Melo.

Com o objetivo de resgatar a cidadania da população da favela e evitar que o tráfico voltasse a dominar o espaço, o Grupo Interdisciplinar da Secretaria da Segurança Pública começou a agir no local. De acordo com a coordenadora do grupo, Ana Sofia Schmidt de Oliveira, a idéia é envolver os moradores, para que eles possam dar continuidade ao trabalho. ‘Não queríamos simplesmente trazer cestas básicas e manter a comunidade passiva’, afirmou.

Assim, o trabalho social que foi iniciado na favela não se resumiu aos serviços médico e odontológico oferecidos e à distribuição gratuita de medicamentos. Outros órgãos do Governo também começaram a atuar no local. O Poupatempo já esteve na região para tirar carteiras de trabalho. Além disso, quase mil carteiras de identidade (RG) foram expedidas para os moradores que ainda não tinham o documento.

‘Esse projeto foi tão bem sucedido, que reunimos nove Secretarias de Estado e decidimos fazer dessa ação um Programa de Governo nos locais mais violentos da cidade’, destacou Alckmin.

Trabalho social envolve nove Secretarias de Estado

De acordo com o secretário estadual da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, já existe um mapeamento das áreas mais críticas de São Paulo e o modelo deve ser semelhante ao da Favela Alba. ‘A polícia entra, numa ação forte, repressiva, para tirar os marginais que atrapalham a ação comunitária. São identificadas as lideranças e entram todas as áreas sociais do Governo para trabalhar junto com os moradores’, explicou.

Assim, cada uma das Secretarias envolvidas realiza uma ação. Por exemplo, a Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho oferece qualificação profissional; a Secretaria Estadual da Educação entra com o Programa Parceiros do Futuro, abrindo as escolas da região para que pais e alunos desenvolvam atividades culturais e esportivas. A Secretaria Estadual da Saúde instala o Programa Médico da Família, o Qualis, onde agentes comunitários visitam os moradores e realizam trabalho de prevenção e encaminhamento de doentes a hospitais; enquanto a da Cultura promove eventos e oficinas culturais. A Secretaria de Esportes e Turismo disponibiliza monitores e incentiva jogos e atividades de lazer. Já a de Assistência e Desenvolvimento entra com os agentes comunitários da área social.

Para o governador, o modelo da Favela Alba foi bem sucedido porque ‘age nas causas da violência e estimula a participação comunitária’. E lembrou que há um ano e meio participou de um trabalho em Nova Iorque. ‘A polícia de lá é municipalizada. Ela entra num bairro violento e a prefeitura inteira entra junto, além das igrejas e da comunidade. Depois, a polícia vai saindo devagar e a parte social vai se consolidando. Esse é o modelo que pretendemos implantar’.

Alckmin afirmou ainda que deve convidar a prefeitura de São Paulo para participar do programa, já que esse trabalho social envolve muitas vezes o poder público municipal.

Cíntia Cury