Governo do Estado lança projeto para despoluir o rio Pinheiros

No próximo dia 15, será realizada a audiência pública da licitação para despoluição do rio Pinheiros. A data, definida pelo Governo do Estado, foi anunciada nesta quinta-feira, dia 1º, na margem do rio (sentido Santo Amaro, em cerimônia que contou com as presenças do governador em exercício, Geraldo Alckmin, e do governador licenciado, Mário Covas.
A importância do projeto determinou, segundo Covas, o seu comparecimento ao evento. ‘Estou aqui como Pilatos no Credo’, disse, referindo-se ao fato de que era um convidado e que a sua presença não era necessária. ‘Até porque o governador está aqui e já falou. E falou muito bem’, afirmou Covas, apontando para o governador em exercício Geraldo Alckmin. Destacou ainda o significado da obra para a reversão das águas do rio Pinheiros para a represa Billings, que vai aumentar a oferta de energia sem ônus para o Tesouro do Estado. ‘Quem vai pagar por essa obra é a empresa interessada em continuar o fornecimento lá na Henry Borden’, disse, citando a usina hidroelétrica localizada em Cubatão que, atualmente, trabalha com 70% de capacidade ociosa.
O governador em exercício, Geraldo Alckmin, explicou que a utilização das águas do Pinheiros, pela Usina, de propriedade da Empresa Metropolitana de Águas e Energia -EMAE -, foi interrompida em 1992, pelo artigo 46, das disposições transitórias da Constituição estadual, que proíbe o bombeamento de águas poluídas para o reservatório Billings, diminuindo muito a capacidade hídrica da represa. ‘Atualmente, a Henry Borden gera energia apenas com as águas da bacia do Alto Tietê, armazenadas na represa Billings, e esse sistema para despoluir o Pinheiros, entre outros benefícios, coloca o uso de suas águas em concordância com a lei de proteção ambiental.’
A tecnologia utilizada no Sistema de Flotação e Remoção de Flutuantes para a melhoria das águas do Rio Pinheiros consiste na injeção de substância coagulante na água. ‘Essa substância permite a aglutinação dos resíduos que serão removidos mais facilmente para que tenhamos novamente uma água translúcida, oxigenada e cheia de peixes’, comemorou o secretário estadual do Meio Ambiente, Ricardo Trípoli. Ele informou que os trabalhos serão realizados por meio de sete módulos: o primeiro seré instalado em junho próximo e o último em fevereiro de 2002. ‘Portanto, oito meses após a instalação do primeiro módulo teremos a despoluição completa nos 20 quilômetros do Pinheiros’, garantiu. Explicou ainda que a despoluição não se traduzirá em potabilidade da água do rio Pinheiros.
O secretário de Energia, Mauro Arce, informou que a EMAE oferece ao comprador 280 megawatts médios de energia correspondentes a 50 metros cúbicos de água. ‘Quem comprar esse pacote, além de pagar o preço mínimo para a EMAE, terá a responsabilidade de despoluir o Pinheiros durante um período de 10 anos, melhorando as condições da Billings, as condições sanitárias da Baixada Santista e contribuindo para reduzir a poluição em Barra Bonita’, disse.
A tecnologia de flotação, já está sendo utilizada com sucesso em dois canais da praia da Enseada no Guarujá, em lagos do Parque da Aclimação e do Parque do Ibirapuera. No rio Pìnheiros, uma estação piloto já funciona desde o ano passado. ‘A água passa pelo mesmo processo e está sendo usada para irrigação das do Projeto Pomar iniciado nas margens desse rio’, explicou Trípoli.
O lançamento do projeto de despoluição do rio Pinheiros, permitiu que se desse destaque a outro programa do Governo — o Pomar, realizado em parceria com empresas privadas. Por meio dele, os 20 quilômetros de uma das margens do rio já foram replantados, em um dos mais significativos projetos de reflorestamento na área urbana da Capital, que agora se ampliará para a outra margem. No evento, Trípoli entregou a Covas um, quadro com uma foto ampliada do plantio de um Jerivá, quando do lançamento do Pomar. ‘O rio Pinheiros ficou 65 anos sofrendo calado e só foi ouvido por um homem de coragem como o senhor que lhe devolveu a vida’, disse Trípoli homenageando Covas.