Governo do Estado comemora Revolução de 1932

Celebração, com muitas atrações, será realizada em frente ao Mausoléu ao Soldado Constitucionalista, no Ibirapuera

qui, 05/07/2001 - 15h00 | Do Portal do Governo

Celebração, com muitas atrações, será realizada
em frente ao Mausoléu ao Soldado Constitucionalista,
no Ibirapuera

A data histórica mais importante do Estado de São Paulo vai merecer uma grande festa nesta segunda-feira, dia 9 de julho, a partir das 8 horas, diante do Mausoléu ao Soldado Constitucionalista, no Ibirapuera. Uma justa homenagem aos paulistas que, há 69 anos, se uniram e pegaram em armas para lutar pela democracia, exigindo a elaboração de uma Constituição para o País, que vivia sob a ditadura de Getúlio Vargas.

A cerimônia, com a presença do governador Geraldo Alckmin, a partir das 10 horas, vai contar com desfile cívico-militar, com a participação dos ex-combatentes de 1932, entrega de medalhas, revoada de balões, fogos de artifício, um dirigível de dez metros para homenagear os heróis da Revolução e a apresentação da cantora Inezita Barroso, interpretando a canção Serra da Mantiqueira, considerada o Hino da Revolução. Após o desfile, a cantora apresentará o show Perfil de São Paulo, acompanhada do grupo Izaías e seus Chorões.

Os Trovadores Urbanos também se apresentam com o show Canções Paulistas. Durante sábado e domingo, outros grupos também vão se apresentar no local. No fim de semana e também na segunda-feira, o museu do Mausoléu estará montado do lado de fora com a exposição de fotos, armamentos e utensílios usados na época.

Feriado estadual desde 1997, quando o governador Mário Covas promulgou a Lei nº 9.497, instituindo ‘9 de julho’ como data magna de São Paulo, esse dia lembra a Revolução de 1932, o maior confronto militar no Brasil no século XX. Paulistas de todas as classes sociais, desgostosos com a nomeação de um interventor no Estado pelo presidente Vargas, se mobilizaram em protesto, deflagrando uma revolução que se estendeu por três meses com violentos combates. Eram 35 mil soldados paulistas contra cem mil das tropas federais, que mais bem equipados acabaram vencendo o conflito. Mas São Paulo não saiu totalmente derrotado. Dois anos depois, em 1934, uma Assembléia eleita pelo povo promulgou uma nova Constituição para o País.

MMDC

Em 1930, uma revolução levou ao poder Getúlio Vargas, que fechou todas as instituições legislativas, depôs os governadores dos Estados e nomeou interventores. Para São Paulo, foi nomeado João Alberto, que não era paulista e acabou pedindo demissão por não resistir às pressões. Em seu lugar, Vargas colocou o paulista Pedro de Toledo, mas a insatisfação já era muito grande.

A política centralizadora do presidente desagradou as elites políticas do Estado e, em 1932, uma greve que mobilizou 200 mil trabalhadores motivou empresários e latifundiários de São Paulo a se unirem contra Vargas. No dia 23 de maio, um comício na Praça da Sé para reivindicar uma Constituição para o Brasil, terminou em conflito com a morte de Mário Martins de Almeida, de 31 anos, e Antônio Américo de Camargo Andrade, de 30 anos. Outros dois jovens também morreram em confrontos: Euclydes Bueno Miragaia, de 21 anos, no dia 21 de abril, e Dráusio Marcondes de Souza, de 14 anos, no dia 28 de maio. A sigla com as iniciais de seus nomes, MMDC, transformou-se no grande símbolo da revolução.

O movimento cresceu e em 9 de julho a revolta explodiu. Com o apoio da população, as tropas rebeldes ocuparam as ruas. A sociedade paulista se mobilizou e juntando esforços produziu munição de infantaria, morteiros pesados e leves, granadas de mão e de fuzil, máscaras antigases, lança-chamas e outros equipamentos. Também foram blindados trens e automóveis e montados canhões pesados sobre vias férreas.

Soldados partiram para as frentes de batalha em vários pontos do Estado, mas encontraram tropas mais numerosas e mais bem equipadas. Até aviões foram utilizados pelo Governo Federal para bombardear cidades do Interior paulista. São Paulo esperava a adesão de outros Estados, principalmente do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, mas só obteve ajuda do Mato Grosso. Estatísticas oficiais apontam a morte de 830 paulistas. Segundo a Sociedade Veteranos de 1932 (MMDC), 400 ex-combatentes ainda estão vivos.

Simão Molinari