Governo do Estado assina primeiro contrato de reutilização de água com o setor público

A preocupação do homem em armazenar e utilizar a água de maneira racional ocorre desde os tempos primitivos. Indispensável à vida humana, esta substância é essencial tanto para o uso doméstico e industrial quanto para a realização de serviços públicos, como limpeza, combate a incêndios e irrigação. Ciente da necessidade de implantar medidas para racionalizar a utilização da água, o Governo do Estado de São Paulo deu início nesta terça-feira, dia 15, a dois programas que irão ajudar a reduzir a necessidade de racionamento: o Pura – Programa Estadual de Uso Racional da Água – e o Programa de Reutilização da Água. Os programas foram lançados pelo governador Geraldo Alckmin na Estação de Tratamento de Esgotos do ABC, localizada no bairro de Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo.

Alckmin lembrou que quando o governador Mário Covas assumiu, o rodízio de água atingia cinco milhões de pessoas na Região Metropolitana. “Podia chover o quanto fosse que havia rodízio.” Ele destacou que esse número foi sendo reduzido progressivamente pela atual administração até conseguir acabar com o rodízio. “O grande desafio de hoje é utilizar melhor a água”, afirmou.

Para atingir esse objetivo, Alckmin assinou decreto que determina a redução de 20% do consumo de água nas repartições estaduais. “É preciso que o Governo dê o exemplo”, disse. A redução do consumo na administração é um dos tópicos do Pura, que também abrange uma ampla campanha publicitária de conscientização; visitas de equipes da Sabesp a empresas, para incentivar o uso correto do produto; realização de cursos e palestras para zeladores de escolas estaduais; distribuição de folhetos; fixação de cartazes nas estações do Metrô e da CPTM e também em hospitais e postos de saúde.

Reutilização da água

O Programa de Reutilização da Água é uma iniciativa inédita que pode reduzir o consumo de água potável nas empresas e, conseqüentemente, diminuir os custos de produção. O superintendente de Comunicação da Sabesp, Luiz Carlos Aversa, explicou que a água que sobra do tratamento de esgotos, chamada “água reutilizável”, é comercializada pela Sabesp por um preço bem menor do que a água potável. “A água potável é vendida para as empresas por R$ 4,00 o metro cúbico. Já para a reutilizável, o preço varia entre R$ 0,50 e R$ 0,60. É uma grande economia”, ressaltou.

Segundo Aversa, esta experiência já está sendo utilizada há dois anos em um projeto piloto com a empresa Linhas Corrente. “A empresa estava cogitando a hipótese de sair de São Paulo, mas com a economia gerada pela água reutilizável foi possível continuar no Estado”, ressaltou. Além das indústrias, o Governo do Estado pretende incentivar o uso da água reutilizável em serviços públicos municipais. “A água tratada poderá ser usada para fins mais nobres, enquanto a água reutilizada servirá para limpeza de ruas e calçadas”, disse o superintendente.

O primeiro município paulista a aderir ao novo sistema é São Caetano do Sul. O prefeito da cidade, Luiz Tortorello, e o governador Geraldo Alckmin assinaram a autorização para que a prefeitura possa iniciar a utilização a partir de hoje. “Imaginem quanto custa para colocar flúor e cloro na água. Torná-la tratada e depois usá-la para lavar a rua ou fazer irrigação de jardim”, questionou o governador, acrescentando que este programa é de extrema importância para que a água potável seja economizada e possa atender toda a sociedade.

O prefeito Tortorello elogiou a seriedade do Governo do Estado naquilo que ele definiu como “síndrome da água”. “Aqui no ABC, quando chove, há enchentes e, quando a época é de estiagem, falta água”, disse. Segundo ele, o exemplo que o Governo e a Prefeitura de São Caetano estão dando deve ser seguido pelas demais administrações municipais. “Agora iremos lavar as ruas e regar jardins com água muito mais barata. Fazemos isso para que a síndrome acabe”, brincou, observando que a prefeitura paga R$ 0,58 por metro cúbico de água tratada e passará a pagar R$ 0,30 pela reutilizável.

Combate a enchentes

Alckmin também parabenizou a cidade de São Caetano, que possui 100% de água tratada, 100% de coleta de esgotos e deve atingir em breve 100% de esgoto tratado. “Antes de o governador Mário Covas assumir não havia um piscinão na região próxima ao rio Tamanduateí. Hoje temos seis piscinões prontos, cinco em obras e um que deve começar nos próximos dias”, afirmou. O governador também lembrou que, em 1995, as obras das estações de tratamento de esgotos da Sabesp estavam paradas e foram retomadas por Covas. Ele citou ainda o rebaixamento em 3 metros da calha do rio Tietê no trecho de Santana do Parnaíba até o Cebolão como uma importante obra de combate a enchentes. “Já estamos licitando o trecho do Cebolão até a Penha para concluir o rebaixamento”, destacou.

Atendendo à solicitação do prefeito, Alckmin disse que o Governo do Estado vai iniciar a realização de um projeto executivo para a possível construção de um reservatório de água em Taboão. “Trabalhando firmemente vamos acabar com as enchentes e, usando racionalmente a água, vamos melhor disponibilizar esse bem precioso’.

Também presente no evento, o presidente da Sabesp, Ariovaldo Carmignani, ressaltou a importância de conseguir novas parcerias com municípios e empresas para a reutilização da água. “Temos que encarar a água como um bem raro, escasso e precioso”, disse. Para ele, a parceria com São Caetano tem um importante impacto simbólico, apesar de o volume ainda não ser grande. “Estamos fechando, literalmente, as torneiras do desperdício. Espero que este exemplo seja seguido por outras prefeituras e por empresas”, concluiu.

Rogério Vaquero