Na terça-feira, 3, os empresários da Fiesp receberam com entusiasmo a notícia de que o Governo do Estado planeja investir R$ 16 bilhões na área de transporte ferroviário. “Com este evento, o governo do Estado abriu importante diálogo com o setor produtivo”. O incisivo comentário do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), feito após a palestra de José Luiz Portella, Secretário Estadual dos Transportes Metropolitanos, no auditório da entidade, dá bem a idéia de como a notícia foi recebida pelo auditório – quase quinhentos empresários paulistas, a maioria operando nas áreas de transportes e construção.
Não era para menos. O secretário havia revelado, numa exposição precisa e recheada de números significativos, o propósito do governo de investir nada menos do que R$ 16 bilhões, nos próximos três anos, para executar vários projetos grandiosos, destinados a modernizar e ampliar o transporte público nas três regiões metropolitanas do Estado: Capital, Baixada Santista e Campinas.
“É um plano ambicioso, que pede a união de esforços, pois sozinho o poder público não consegue tocar todos os programas propostos”, disse o secretário. Como se fosse uma resposta àquela velada provocação dirigida à platéia, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, Luís Cesário Amaro da Silva, garantiu ao repórter da Agência Imprensa Oficial, no encerramento dos trabalhos: “Nossa indústria está plenamente preparada para enfrentar o desafio. Há muito tempo esperamos o anúncio de um plano desse porte”.
Regina Manzoni, representante do Grupo Soares Penido (Serveng-Civilsan), um dos gigantes brasileiros na área da construção civil, assegurou, com igual receptividade: “Esses projetos oferecem grandes oportunidades de investimentos às companhias empreiteiras”.
Empregos
O diretor do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre, 250 empresas associadas), Ronaldo da Rocha, ressaltou a importância social da ampliação do sistema de transporte ferroviário: “É um setor que não polui, além de transportar elevado número de pessoas e grandes quantidades de carga”.
Ele informou que o setor metro-ferroviário poderá gerar 5 mil empregos diretos e indiretos com o projeto do governo estadual. Atualmente, são 30 mil pessoas envolvidas na montagem de trens e atualmente há ociosidade na área de ferrovias. No ano passado, foram montados 7,5 mil vagões de carga para o mercado interno, sendo que a capacidade é de 12 mil ao ano. Dos cerca de 600 vagões de passageiros produzidos em 2006, nenhum foi entregue para operar no Brasil. Todos foram exportados para Estados Unidos, Chile e Argentina. “O que prova a falta de investimento em transporte de pessoas, mas que agora será retomado”, diz Rocha.
Flávio Moura, diretor da Deletros, que projeta sistemas eletrônicos para as empresas que atuam nessa área, elogia a preocupação do governo paulista com as necessidades de transporte das grandes concentrações urbanas. A empresa, que já trabalha nas obras da linha 4 (amarela) do Metrô, e projetou o sistema elétrico da linha 2 (verde), também está pronta para participar dos novos projetos da Secretaria de Transportes.
O sucesso da exposição do secretário Portella aos empresários merece comemoração, pois pelo menos 23,20% dos recursos previstos para a execução de todas as obras programadas devem vir das empresas envolvidas com o projeto, por meio de Parcerias Público-Privadas. A maior parte do dinheiro, 43,92%, sairá do orçamento do governo do Estado e 32,88% de financiamentos externos já negociados.
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Otávio Nunes
Da Agência Imprensa Oficial
