Governo de São Paulo estuda aumento dos ciclos de avaliação

Idéia é detectar e resolver problemas de aprendizado mais rapidamente

ter, 27/02/2007 - 15h12 | Do Portal do Governo

Durante todo este ano, uma equipe da Secretaria de Estado da Educação vai estudar e avaliar possíveis mudanças nos ciclos de avaliação da progressão continuada. Nesse sistema, não há a reprovação a cada série, mas apenas a cada ciclo, que atualmente são de quatro anos. “Com a avaliação de quatro em quatro anos, a gente demora a detectar os problemas de aprendizado. Não que a criança não venha sendo avaliada. Ela vem. Mas uma barreira é um alerta mais presente”, explica a secretária de Educação, Maria Lucia Vasconcelos.

Segundo Maria Lucia, com avaliações menos espaçadas durante o ensino fundamental, será possível corrigir problemas de maneira mais ágil. “Vamos rever esses ciclos para que a gente possa corrigir o problema logo que ele se apresenta”, diz. Uma das hipóteses, segundo ela, é que haja de três a quatro avaliações durante os nove anos do ensino fundamental _ com a primeira avaliação (e fim do primeiro ciclo) na terceira série do ensino básico. “Com a alteração do ensino fundamental dos oito anos atuais para nove anos, a terceira série fecharia o processo de alfabetização”.

A previsão é que as mudanças sejam implantadas já no próximo ano letivo. Antes, porém, o estudo feito pela equipe técnica da secretaria de Educação será discutido com os professores da rede estadual. “Eu tenho essa idéia, mas a rede precisa ser ouvida. Depois, precisamos prepará-la para que seja possível implementar o novo projeto”, explica a secretária.

Ao mesmo tempo em que estuda mudanças nos ciclos da progressão continuada, a Secretaria de Educação também discute qual a melhor maneira de avaliar se essas mudanças terão o efeito esperado. Nesse quesito estão as alterações nos critérios para o Saresp, suspenso no ano passado. “Precisamos rever essa avaliação. Não creio que precise ser anual, acredito que possa ser uma avaliação bienal, porque as questões da educação não mudam do dia para a noite”, justifica.

As mudanças não se restringem apenas ao ensino fundamental. De acordo com Maria Lucia, em 2008, também devem ser implantadas alterações no ensino médio. Um dos principais objetivos dessas mudanças é preparar melhor o aluno para a vida profissional. “Vamos revisar a grade do ensino médio. Queremos que haja um reforço no ensino da língua inglesa e de informática para que o jovem que termine o terceiro ano do ensino médio tenha condições de competir com os jovens de classe média, que já dominam esses conhecimentos”, diz.

Segundo Maria Lucia, o ano de 2007 será um ano de muito trabalho para sua pasta e esse trabalho poderá ser verificado já no próximo ano. Veja abaixo os principais projetos da Secretaria de Educação:

Quais são os planos para melhorar a rede estadual de ensino?

Maria Lucia – Temos que tratar o ensino como um todo. Neste primeiro momento, estamos focalizando a séries iniciais, a questão da alfabetização. Acho que se o aluno for bem alfabetizado, se tiver um bom início de procedimento, ele vai seguir com um ganho de produtividade pelo resto de sua vida escolar. Evidentemente que isso tudo demora muito tempo. Se você pegar esse aluno que começou a ser alfabetizado, ele só vai mostrar resultados daqui a 12 anos, ao fazer o Enem, por exemplo. E é tempo demais para você ficar esperando este resultado.

E como serão feitas as mudanças nas outras séries?

Maria Lucia – Temos que fazer correções de base para que os resultados venham crescendo. Mas é preciso também fazer algumas correções emergenciais. O ensino médio representa uma nova etapa na vida escolar do aluno e vamos trabalhar essa fase também. É um período mais curto, de apenas três anos, e vamos reformular a maneira como o ensino médio está sendo ofertado.

E nas séries intermediárias?

Maria Lucia – Vamos começar a atacar a base, a alfabetização e começar a mudar o ensino médio. Essa é a tarefa de 2007. Depois, temos de melhorar a situação nas séries intermediárias, de 5ª a 8ª, que neste momento não estamos mexendo. Nessas séries continuarão em vigor os projetos de capacitação e todas as outras medidas que já vêm sendo tomadas. No ano que vem, vamos começar a estudar e rediscutir a etapa de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental.

E quais são os projetos para a melhoria da alfabetização?

Maria Lucia – Temos, entre os principais projetos, a inclusão de uma auxiliar pedagógico, que funcionaria como segundo professor nos primeiros anos do ensino fundamental. Isso dará uma possibilidade de atenção mais individualizada aos alunos. Outro ponto é manter o mesmo professor no primeiro e segundo ano de ensino fundamental. E temos ainda o Projeto Ler e Escrever, que estrutura a forma de se alfabetizar. O projeto é bem sucedido na prefeitura, e o governador agora o puxou para o âmbito estadual. Ressalte-se que o projeto envolve, inclusive, capacitação de professores.

Em que consiste o Ler e Escrever?

Maria Lucia – O projeto tem vários pontos. Vai desde a preparação de material didático, elaborado especificamente para cada fase do aprendizado até a capacitação de professores para utilização adequada desse material.

Além de melhorar o material, há algum projeto para avaliar os professores?

Maria Lucia – Existe por parte do governo a idéia de trabalhar o incentivo à produtividade do funcionalismo público em geral, valorizando os funcionários que cumprem suas tarefas com qualidade. É um projeto da Secretaria de Gestão que está sendo estudado.

Como será o Saresp de agora em diante?

Maria Lucia – Vamos investir em um novo programa de alfabetização e vamos avaliar essa ação. Nós estamos investindo as nossas fichas nesse procedimento porque acreditamos que isso será um progresso. E vamos entrar nas avaliações macro, no Saeb, na Prova Brasil.

Essa avaliação será anual?

Maria Lucia – Eu cancelei o Saresp no ano passado porque considerei necessária uma revisão dessa avaliação. São muitos dados, e nós precisamos saber como vamos trabalhar esses dados, que fôlego nós temos. A avaliação precisa ser anual? Não creio. Acredito que possa ser bienal, porque questões de educação não mudam do dia para a noite. Levam tempo para mudar. É preciso dar um tempo para as coisas acontecerem, mas, por outro lado, mantemos a participação nas avaliações nacionais, como o Enem e o Saeb.

Qual a importância da avaliação?

Maria Lucia – Toda avaliação tem a sua importância. Quando se faz uma avaliação, você usa esses dados para reforçar a ação positiva e corrigir pontos falhos. Então essa é a importância do Saresp. O Saresp, de 2005, apontou que tínhamos problemas, fundamentalmente com matemática. Temos que reestruturar nosso programa, rediscutir a grade curricular, traçar novas diretrizes e buscar a almejada qualidade do ensino que, pelo resultado das avaliações, ainda não conseguimos alcançar.

Danielle Borges

Da Secretaria de Educação