Governo auxilia prefeituras no combate à dengue

Força-tarefa inclui Cetesb, Dersa e as secretarias da Saúde e da Educação

seg, 19/03/2007 - 16h00 | Do Portal do Governo

O governo de São Paulo montou uma força-tarefa para ajudar as prefeituras no combate à dengue, numa campanha destinada a conscientizar a população para enfrentar a doença. A operação inclui a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), Dersa (Desenvolvimento Rodoviário SA) e as secretarias da Saúde e Educação.

A campanha prevê investimentos de R$ 20 milhões em parcerias com prefeituras na contratação de profissionais, aluguel de veículos e conscientização da população através de inserções na mídia. As primeiras ações foram definidas durante reunião do Comitê Estadual de Mobilização contra Dengue, realizada na quinta-feira, dia 15.

O Comitê marcou um dia de luta contra a dengue, a se realizar em 31 de março. Nessa data, os municípios de todo o Estado estão programando diversas ações, como passeatas, visitas a bairros atingidos, encontros de vizinhos e assim por diante.Essa mobilização se explica. Somente nos primeiros dois meses do ano, já foram contabilizados mais de cinco mil casos registrados em 135 municípios.

Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica, os dados são preocupantes, sobretudo, pelo aumento da circulação do vírus. Os números mais recentes revelam que 520 municípios paulistas estão infestados pelo mosquito transmissor da doença. Há dez anos, o mosquito estava presente em uma centena de municípios, apenas.

Nas primeiras semanas deste ano, 12 municípios registraram a presença da doença num padrão que preocupa – mais de 300 casos para cada 100 mil habitantes. O município de Ilha Solteira, por exemplo, apresenta cinco mil casos/100 mil habitantes. As maiores incidências da doença estão nas cidades que fazem fronteira com Mato Grosso do Sul, onde se vive uma epidemia de dengue. São 3 100 casos para uma população de 811 mil habitantes.

A campanha destina-se a lembrar a população de uma lição básica: até a descoberta de uma vacina contra a dengue – coisa que não se considera viável em menos de dez anos – o único remédio para enfrentar a doença consiste em convencer todas as famílias a cuidar de suas residências – e todas as empresas a se mobilizar no mesmo caminho.

Um dos fatores que explica o avanço recente da doença é o cansaço relativo da população diante de um problema já conhecido. Muitas pessoas ouviram tanto falar da dengue, nos últimos anos, que nem conseguem mais prestar atenção em recomendações e cuidados indispensáveis para evitá-la.Mais de 80% dos criadouros do mosquito são encontrados em residências. Esse dado demonstra o quanto é importante os moradores estarem conscientes.

A maioria dos estudiosos considera que a elevação do número de casos registrados no Estado de São Paulo deve-se a três fatores: inverno atípico com maior intensidade de chuvas, descuido da população com a prevenção e a chegada ao Estado de um novo tipo do vírus.Outra preocupação dos especialistas é com o grande fluxo de pessoas que circulam pelo Estado. Um viajante infectado pode levar a doença para outras regiões que ainda não apresentam o problema. No ano passado, cerca de 26% dos casos de infecção ocorreram no litoral Sul e Norte.

A Grande São Paulo registrou 3,8%, enquanto o interior apresentou os piores índices com aproximadamente 70% dos casos.Com a aproximação de feriados, como a Semana Santa, o fluxo de turistas que migram do interior para as praias paulistas é um fator de preocupação. Para prevenir, todo viajante deve procurar auxílio médico imediatamente ao apresentar os sintomas da dengue.

De acordo com o cronograma estabelecido pelos responsáveis do Comitê Estadual de Mobilização, seis regiões do Estado terão prioridades: São José do Rio Preto, Santos, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Taubaté e Grande São Paulo. Na avaliação dos técnicos da Secretaria da Saúde, o baixo número de focos da doença registrado nestas regiões no ano passado pode resultar em aumento no número de casos em 2007.

Dados

A dengue é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectam anualmente, em mais de 100 países, de todos os continentes, exceto a Europa. A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus de evolução benigna, na maioria dos casos. O transmissor da doença é o mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais.

Existem duas formas de dengue: a clássica e a hemorrágica. Os sintomas normalmente encontrados com a dengue clássica são febre, dor de cabeça, no corpo, nas articulações e por trás dos olhos, podendo afetar crianças e adultos. Este tipo raramente mata. A dengue hemorrágica é a forma mais severa da doença, pois além dos sintomas da clássica, é possível ocorrer sangramento, ocasionalmente choque e até a morte. A dengue hemorrágica costuma ocorrer com pacientes que já tiveram a doença ao menos uma vez. É uma reação do organismo a uma nova ação do vírus – e varia de pessoa para pessoa.

Cleber Mata / Regina Amábile / Joice Henrique