Governador faz pronunciamento na Corrida da Amizade

Governador Alberto Goldman: Bom dia a todos. Bem, acho que nós estamos aqui numa confraternização, eu acho que atrás dessa ideia do  “Caminho de Abraão”, a ideia é a força que está atrás […]

qui, 15/04/2010 - 20h12 | Do Portal do Governo

Governador Alberto Goldman: Bom dia a todos. Bem, acho que nós estamos aqui numa confraternização, eu acho que atrás dessa ideia do  “Caminho de Abraão”, a ideia é a força que está atrás disso, é a ideia da paz, a ideia da fraternidade, a ideia da solidariedade, é isso. A forma pela qual se colocou isso no “Caminho de Abraão”, juntando comunidades, as diversas comunidades, foi uma forma de mostrar que nós somos uma coisa só, nós somos seres humanos, uma coisa só. Não são apenas os cristãos, os muçulmanos e os judeus, somos todos seres humanos e, portanto, somos uma coisa só. A ideia força é essa a ideia que está atrás, a paz, a fraternidade, a solidariedade. Isso é muito bom, porque se a gente puder, a partir daí começar a avaliar um pouco a história, analisar um pouco a história da humanidade, a história dos povos, a história das nações, a história política, pelo menos dos últimos séculos.

Porque somos todos juntos? em todos os países estamos juntos? por que isso acontece? Por que lá (no oriente médio: Israel x Palestina) existe uma tensão tão grande, um conflito tão grande? Aquilo não é à toa. Não é porque as religiões são contra, não é porque as culturas são diferentes, pelo contrário. São as mesmas origens. Por que existe isso? Existe isso porque, em meio, no seio da evolução da humanidade existem grandes interesses que se conflitam, grandes interesses econômicos. Aquela região é uma região dominada, historicamente dominada, séculos e séculos, dominada por outros, interesses externos. Dominação otomana, dominação inglesa. O que a dominação inglesa fez para aquela região no século passado? O que a dominação inglesa fez? Ela não fez só lá, não, ela fez na África, fez em outros lugares.

E quando eu digo dominação inglesa eu não digo dominação dos ingleses, não é porque os ingleses são piores que os outros, qualquer coisa. Não, não tem nada disso, não. É porque existiam grandes interesses econômicos que levaram a uma situação de dominação e de provocar conflitos, propositadamente ou não, levando aos conflitos entre povos que foram sempre irmãos e que deveriam continuar sendo irmãos e amigos, solidários, lutando por um mundo melhor. Eu acho que é muito bom esse sentido que está se dando. Quer dizer, o início é uma caminhada, o início é um “Caminho de Abraão”, o início são festejos, mas se a gente puder ir dando passos lentos no sentido de entender bem o que é que ocorreu (seria muito positivo).

Eu aprendi um pouco isso ainda jovem quando eu li uma obra do (escritor e filosofo francês Jean-Paul) Sartre, que era uma coletânea no Les Temps Modernes, uma revista que o Sartre dirigia no Jornal Le Temps Modernes. Uma coletânea de artigos de judeus e árabes, intelectuais, pessoas que analisavam mais a fundo o conflito. Aliás, o livro é o conflito árabe-judeu, esse é o título do livro. Eu fui aprendendo aí porque a gente tem muita tendência, quando você não conhece as coisas, de você estar de um lado. Que nem você estar do lado, estar do outro do lado, estar a favor de um, ou estar a favor de outro, é uma coisa meio de time de futebol. Essa disputa sempre existiu. O Gilberto (Kassab, prefeito de São Paulo) é São Paulino, o (ex-governador José) Serra é Palmeirense, eu sou Corintiano, eu estou por cima hoje de todos. Mas essa disputa, ela é fictícia, ela é criada, ela é artificial, ela é provocada para facilitar a dominação, é essa a finalidade disso, ela facilita a dominação.

Então, eu acho que eu aprendi isso muito na leitura, lendo todos os intelectuais, com opiniões dos dois lados, das duas situações. Eu aprendi muito com isso e me lembro que na época eu defendia muitas das posições que muita gente não entendia, inclusive aqui, amigos meus daqui, que não entendiam porque eu defendia aquela posição. Quando eu defendia que era preciso ter uma negociação entre o governo do Estado de Israel, na época a Frente de Libertação, dirigida pelo (Yasser) Arafat, eu quase fui escorraçado. Poucos anos depois, acho que foi (no encontro de) Camp David, (Estados Unidos) que o ex-presidente de Israel, que foi depois assassinado, estava dando a mão para o Arafat. E hoje, aqueles que estavam mais próximos do Arafat são mais nossos aliados aqui, os judeus, do que aqueles que estão hoje no domínio de uma região da Palestina, o (grupo) Hamas.

Então, entender mais esses  mecanismos  de dominação, entender mais as razões pelas quais isso se dá, por que aqui não existe isso, porque não existe na realidade e lá se criaram, eu acho que é uma coisa interessante. Em algum momento, a gente tem que entrar por aqui. Aí vai nos fortalecer mais ainda, o sentimento nosso de união, e que nós somos seres humanos da mesma forma, nós queremos a mesma coisa, nós queremos o mesmo ideal, nós queremos a mesma paz, a mesma fraternidade, a mesma solidariedade. E só dessa forma (que) a gente avança, só dessa forma nós podemos construir um futuro feliz.

Parabéns a todos vocês pelo trabalho!