O governador José Serra cobrou o fim do protecionismo norte-americano no comércio de etanol com o Brasil. “É indiscutível que o etanol abre uma etapa boa para frente. É um desafio importante que se coloca [o fim do protecionismo]. Interessa ao Brasil fomentar a diversificação da produção em escala internacional”, declarou o governador durante seminário no novo Centro de Estudos Americanos, na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), zona oeste da capital paulista.
Serra lembrou do almoço que teve com o presidente George W. Bush quando de sua visita ao Brasil, no início de março, onde tratou do tema. “Não sei até quando esse protecionismo vai durar. Mas o fato é que, se depender dos Estados Unidos, eles não vão dar uma grande abertura ao Brasil nessa matéria, vão preferir a diversificação da oferta, vão optar por negócios especiais dentro de uma política de bi-lateralismo comercial que é a estratégia que tem sido implantado na prática”, disse o governador ao final do seminário “Olhares Cruzados: a Sedução, a Simplificação e o Equívoco”.
“Mas, de toda maneira, a questão do etanol põe desafios que eu mesmo aqui citei, mais no sentido provocativo para debates posteriores. Talvez um dos próximos passos seja a organização de um seminário desta natureza”, sugeriu o governador em palestra que contou com a presença dos embaixadores Sergio Amaral e Rubens Ricupero. Apesar dos comentários, o governador fez questão de enfatizar a importância do país para os brasileiros. “Os Estados Unidos são isoladamente o país mais importante para o Brasil nas suas relações internacionais”.
Serra disse ainda que o Estado deve se destacar nas relações entre os dois países. “Creio que São Paulo, isoladamente, sem qualquer pretensão hegemonista, deve ter um papel, em matéria de relações internacionais, respeitado naturalmente a condução da esfera federal, de multiplicar suas iniciativas”, disse o governador, lembrando que é em São Paulo onde se localizam dois terços da produção e 75% das exportações de etanol.
Centro de estudos
O Centro de Estudos Americanos da FAAP tem como objetivo ampliar o conhecimento entre Brasil e Estados Unidos, contribuindo para a qualidade das relações diplomáticas, culturais, econômicas e políticas. As atividades do centro serão desenvolvidas em conjunto com universidades e centros de pesquisa sobre relações internacionais dos dois países. “Fico satisfeito com a criação deste centro pela FAAP, que dá seqüência a um conjunto de atividades de natureza cultural e acadêmica. A inauguração de um centro como este vai ser um local de debate a respeito do país ou das relações entre Brasil e Estados Unidos”, disse José Serra nesta manhã para um auditório que conferiu, momentos antes, palestras do antropólogo Roberto da Matta, do professor Abraham Lowental, da University of Southern Califórnia, do professor Peter Hakim, do Inter American Dialogue e da presidente do conselho de curadores da FAAP, Celita Procópio de Carvalho.
Os organizadores do Centro Estudos Americanos da FAAP planejam realizar encontros, palestras e seminários, patrocínio de pesquisas, promoção de intercâmbios de conferencistas e apoio à formação de especialistas.
Manoel Schlindwein