Governador assina resolução de tombamento de prédio histórico do século XIX

Construção que pertenceu à Dona Veridiana se transforma em patrimônio público estadual

qui, 28/12/2006 - 17h33 | Do Portal do Governo

O governador Cláudio Lembo participou nesta quinta-feira, dia 28, de cerimônia de tombamento da antiga sede da Chácara de Vila Maria, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat). O imóvel é hoje sede do São Paulo Clube e fica localizado na avenida Higienópolis, Centro da Capital paulista.

A casa foi construída ainda no século XIX e tem um grande valor histórico também porque pertenceu a Veridiana Valéria de Silva Prado, figura pioneira da sociedade paulistana da época. Dona Veridiana, como ficou conhecida, era filha de Antonio Prado, o Barão de Iguape, e casou-se aos 13 anos com seu tio Martinho Prado.

O governador ressaltou a importância de preservar-se um prédio como o da Dona Veridiana. “Tem de preservar a história. Quem não tem memória, não tem identidade. O que restou de São Paulo histórico tem de ser preservado para as gerações futuras”, destacou.

Construído em 1884, com o nome de Vila Maria, o imóvel mescla elementos da tradição Clássica Italiana – sobreposições de ordens arquitetônicas que organizam os vários andares, com a tradição Medieval Francesa – terminação da cobertura com planos de telhado de forte inclinação e torreão típico dos castelos da região francesa de Loire.

Para Cláudio Lembo, a casa tem uma história muito interessante. “Era quando a minoria branca construía casas européias e o Brasil escravocrata estava, em 1884, em plena escravidão. O estilo era renascentista francês com traços medievais e lá fora havia a senzala. É o que eu digo sempre, é a história do Brasil, não é visão de ninguém”, afirmou.

A resolução de tombamento do prédio histórico se estende a obras que foram consideradas partes da história da casa: o mural Aurora, de Almeida Junior, e a escultura Diana, de Victor Brecheret. 

A cerimônia aconteceu no Palácio dos Bandeirantes e contou com a presença do secretário de Estado da Cultura, João Batista de Andrade, e do presidente do Condephaat, Carlos Alberto Dêgelo.

Dona Veridiana

Uma mulher pioneira, Dona Veridiana contrariou os costumes da época e se divorciou em 1877. Um ano depois, comprou o terreno que daria lugar à Vila Maria, a partir de 1884.

Para alguns historiadores, como Darrel Levi, a residência significou uma nova fase da vida do matriarcado paulistano, já que a proprietária residiu com os filhos no local, sem a presença do marido – como mandava a tradição. A partir da reforma, Dona Veridiana passa a ter um papel de destaque na sociedade paulista e serviu como exemplo para grande parte das mulheres paulistanas, que começam a participar ativamente da vida social da época.

Outras chácaras começaram a surgir e hoje formam o bairro de Higienópolis. Ruas e edifícios trazem nomes de mulheres como Dona Veridiana: Dona Maria Angélica Aguiar de Barros (Avenida Angélica), Dona Maria Antonia da Silva Ramos (Rua Maria Antonia), Antonia de Queiroz (Rua Dona Antonia de Queiroz), além da própria Veridiana Valéria de Silva Prado (Rua Dona Veridiana).

Manuela Sá