Fundo de Solidariedade do Estado implanta “Alimentação para a Saúde”

Projeto idealizado por Monica Serra visa aproveitar melhor os alimentos e desenvolve hábitos alimentares mais saudáveis entre as crianças

seg, 25/02/2008 - 10h38 | Do Portal do Governo

Apesar de a desnutrição ainda ser um grave problema social em muitas regiões do país, a maior parte da população ainda desconhece os benefícios do aproveitamento integral dos alimentos, bem como sua importância. Folhas, talos, sementes e cascas são alguns dos componentes de alimentos que costumam ser dispensados pela maioria das pessoas, mas que carregam bastante nutrientes.

Conscientizar sobre a importância de se uma alimentação equilibrada e instigar hábitos alimentares mais saudáveis, tanto para combater a desnutrição como a obesidade, são os principais objetivos do programa “Alimentação para a Saúde”, desenvolvido pelo Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo (Fussesp).

O projeto começa a ser introduzido na Casa de Solidariedade II, mantida pelo Fussesp. O local atende crianças e adolescentes de regiões carentes da capital. A ação educativa relacionada ao aproveitamento integral dos alimentos passa a fazer parte da alimentação dos alunos.

O ponto de partida aconteceu na última sexta-feira, 22, quando cerca de 250 crianças se reuniram na Casa II para uma confraternização batizada de “Noite do Pijama”. A reunião das crianças foi planejada pela presidente do Fussesp.  “Esse é um projeto piloto que pretendemos estender a todo o Estado, porque os resultados aqui obtidos visam fazer uma mudança de hábitos alimentares”, explicou Monica Serra.

Em parceria com profissionais do Hospital Infantil Darcy Vargas, do Serviço Social da Indústria (Sesi), do Comitê Feminino da Fiesp e do Instituto Criança Cidadã (ICC), as crianças pernoitaram na escola. O objetivo foi garantir que estivessem no período correto de jejum para a realização de exames clínicos, como retirada de sangue, pesagem e medição, entre outros.

Uma equipe de médicos, enfermeiras e técnicos de laboratório do Hospital Infantil Darcy Vargas vinculado à Secretaria Estadual da Saúde e referência no atendimento infantil, formaram um grande mutirão para a realização dos exames. “A obesidade é tão prejudicial quanto a desnutrição, é um grave problema de saúde, cerca de 40% das crianças em fase escolar estão acima do peso, esse trabalho que estamos realizando aqui vai prevenir futuras doenças, como hipertensão arterial e diabetes”, afirmou o diretor do Hospital Darcy Vargas, Dr. Sérgio Sarrubo.

O médico ainda ressaltou a importância do trabalho. “Estamos contagiados com o projeto, nossa equipe está entusiasmada com essa ação que terá reflexos para milhares de outras crianças”.

No final do ano, novos exames serão realizados para obter dados precisos sobre o impacto de uma alimentação saudável que privilegia o uso integral dos alimentos. Com base nesse estudo o projeto “Alimentação para a Saúde” pode ser introduzido na dieta da merenda escolar da rede pública estadual.

Preconceito X benefícios

Para Monica Serra o primeiro passo é trabalhar o preconceito que existe de não aproveitarmos integralmente os alimentos. “É uma questão cultural, em muitos casos, há mais vitaminas, nutrientes e sais minerais no que está indo para o lixo do que o alimento que está sendo colocado no prato das crianças”. A presidente do FUSSESP acredita que os menores são importantes agentes para a mudança de hábito das famílias. “É uma questão de educação nutricional e são as crianças que vão levar esse novo conhecimento sobre hábitos alimentares saudáveis para dentro de casa. Uma dieta adequada contribui para melhorar a capacidade do organismo de responder às infecções, por exemplo, e ainda fortalecer o sistema imunológico, alimentado com mais nutrientes a criança faltará menos às aulas e terá um melhor desempenho escolar”, afirmou Monica Serra.

Mudança de hábitos

Sirlene Mesquita, funcionária pública andava pelos corredores de mãos dadas com a filha Graziele Mesquita Evangelista, 9 anos, a menina acabara de fazer os exames e com o travesseiro embaixo do braço se preparava para deixar a instituição. Para a criança foi uma noite divertida recheadas de atividades recreativas, com sala de jogos, lan house,cinema, música e dança, “uma aventura” como definiu Graziele já que era a primeira vez que dormia fora de casa. Para Sirlene, o episódio é muito mais que uma aventura, preocupada com o peso da filha a mãe participou das palestras, incentivou a filha a fazer os exames e está decidida a mudar a alimentação em casa.

“Nossa alimentação não é muito regrada, por causa da correria e da rotina diária, pelo menos aqui eu sei que a minha filha estará bem alimentada, mas vou tentar fazer uma mudança de hábitos em toda a família, vai ser bom para nosso futuro”, disse Sirlene.

Para garantir que as crianças participem ativamente do projeto as nutricionistas do SESI elaboraram um questionário que será respondido pelos alunos após cada refeição.

Segundo a nutricionista sênior do SESI, o objetivo é saber exatamente como melhorar o sabor dos alimentos e torná-los mais atrativos.

“Nossa intenção é a mudança de hábito alimentar junto com um trabalho de educação com as famílias, queremos que as pessoas tenham consciência do que pode prejudicá-las com uma alimentação errada e do que pode auxiliá-las para prevenir futuras doenças”, disse Silmara Hidemi Murakari.

A equipe de nutricionistas do SESI ficará durante todo ano em contato direto com as cozinheiras do ICC, ensinando a montar cardápios variados e a preparar as receitas.

O projeto “Alimentação para a Saúde” tem como parceiros a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, do Hospital Infantil Darcy Vargas, da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, do Serviço Social da Indústria – Departamento Regional de São Paulo, do Comitê Feminino da Fiesp e da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

Do Fussesp

(I.P.)