Fundação Florestal finaliza planos de manejo das cavernas do Vale do Ribeira

Trabalho de dois anos define a visitação pública em 32 cavernas localizadas em quatro parques estaduais

qua, 14/04/2010 - 10h00 | Do Portal do Governo

Um mês após a entrega do plano de manejo espeleológico da Caverna do Diabo, agora é a vez de mais 31 cavernas na região do Vale do Ribeira serem contempladas com o documento que orienta o uso do patrimônio natural, visando a sua conservação e manejo sustentável. Ao todo são 20 cavernas no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), dez no Parque de Intervales, uma no Parque Estadual do Rio do Turvo, além da Caverna do Diabo, que passam a ter definições específicas sobre a visitação pública, garantindo, assim, a prática do turismo sustentável.

Os planos de manejo das cavernas foram finalizados após dois anos de estudos, levantamentos e pesquisas, em um trabalho inédito no mundo, que envolveu mais de 100 especialistas, entre espeleólogos, geógrafos, historiadores, turismólogos, biólogos, arqueólogos, economistas e engenheiros. Os documentos também trazem alívio à população do Vale do Ribeira que viram, há dois anos, a sua principal fonte de renda, o turismo, ser ameaçada quando as cavernas foram interditadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama pela falta dos Planos de Manejo Espeleológico.

Na época, 46 cavernas estavam abertas para visitação pública. Preocupada com a situação a Fundação Florestal firmou, entre os meses de abril e junho de 2008, Termos de Ajustamento de Conduta – TAC’s com o Ministério Público Federal (MPF), se comprometendo a efetuar em dois anos os estudos de manejo espeleológico, necessários para a exploração turística das cavernas. Esses TAC’s garantiram a reabertura imediata das cavernas na região e permitiram a retomada do turismo. Ainda assim, até hoje, a medida traz reflexos no turismo local. A Caverna do Diabo, por exemplo, perdeu metade de seus visitantes que, aos poucos, voltam a frequentar o parque e a visitar uma das grutas mais conhecidas do Brasil.

“O mais interessante nesse trabalho foi o espírito de participação, o trabalho integrado de equipes com formações tão variadas, que juntas elaboraram esses 32 planos de manejo. Não existe no mundo relato de um trabalho semelhante a esse que fizemos”, destaca o diretor da Fundação Florestal, José Amaral Wagner Neto. Neto ainda complementa que durante os estudos de elaboração dos Planos de Manejo, as equipes descobriram dez novos sítios arqueológicos e novas espécies de fauna.

Entre as novidades descobertas, também estão a possibilidade de aumentar o número de visitantes na caverna Santana, no Petar, e de se criar novas rotas dentro da caverna Ouro Grosso, no mesmo parque. Hoje os visitantes só chegam até a primeira queda d’água na caverna, que possui outras seis. O plano de manejo da Ouro Grosso sugere rotas que levam os turistas a conhecer outras partes da caverna. Há também a possibilidade de ser lançado um roteiro interligando o Petar, Intervales e o Rio do Turvo em uma trilha de 250 quilômetros de extensão. A Fundação Florestal pretende inaugurar, ao menos, 150 quilômetros desse trajeto até o final de 2010.

Conselho

Junto com a finalização dos planos de manejo, a Secretaria do Meio Ambiente (SMA) e a Fundação Florestal criaram o Conselho Estadual do Patrimônio Espeleológico em Unidades de Conservação. Esse conselho terá a participação dos órgãos vinculados à SMA, dos gestores das unidades de conservação com cavernas, as prefeituras dos municípios com patrimônio espeleológico significativo, universidades, centros de pesquisas, grupos de espeleologia e ONG’s. O conselho vai contribuir no trabalho de formulação de políticas públicas para o manejo e os cuidados com o patrimônio espeleológico bem como o seu entorno.

Vale do Ribeira

Localizado no extremo sul do Estado de São Paulo, o Vale do Ribeira abriga todas as cavernas turísticas do Estado. Ao todo são 404 cavidades, entre elas as duas maiores e mais visitadas do País: a Caverna do Diabo, em Eldorado, e a Gruta de Santana, em Iporanga. Esse patrimônio espeleológico faz com que o Vale tenha a maior concentração de grutas do Brasil.

Considerada uma das regiões com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, a população tem o turismo e a cultura da banana como principais fontes de renda. Por abrigar um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica do Brasil, com rica biodiversidade e cenários naturais, a região atrai turistas do mundo inteiro interessados em conhecer a natureza preservada e a variedade de espécies de fauna que habitam o lugar.

Da Secretaria do Meio Ambiente