Forum permanente faz palestras sobre saúde a médicos e jornalistas

Objetivo: médicos precisam aprender a se comunicar e jornalistas a comunicar corretamente

ter, 23/09/2008 - 9h20 | Do Portal do Governo

Reportagens sobre qualidade de vida e saúde ganharam espaço nos principais veículos de comunicação do País. O interesse do público por esse tipo de informação gerou novas perspectivas de atuação para os jornalistas que trabalham em redações e em assessorias de imprensa.

“Os profissionais de comunicação descobriram que para escrever matérias sobre saúde é necessário preparo e domínio do tema para garantir a qualidade da informação”, explica o professor Chao Lung Wen, da cadeira de Telemedicina da FMUSP.

Para estimular o debate sobre comunicação e saúde está sendo realizado, em São Paulo, o Fórum Permanente de Educação em Saúde para Profissionais de Comunicação, que reúne médicos e profissionais de comunicação em atividades modulares mensais para troca de conhecimentos e informações.

“Trabalho diretamente com os pacientes e familiares e, muitas vezes, é difícil dar uma informação correta sem usar os jargões dos médicos. Se a informação for dada de maneira equivocada, podemos causar pânico nas pessoas”, diz Ana Beatriz Carneiro, relações públicas do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. Ana trabalha na área de saúde há apenas seis meses. Segundo a profissional, não existem cursos ou especialização para comunicadores que atuam nas editorias de bem-estar e saúde. 

“Os profissionais da área médica descobriram que ao darem uma entrevista devem fugir da armadilha de usarem jargões que utilizam com colegas. É necessário ter em mente que devem abrir diálogo e informar o maior número possível de pessoas”, diz  Paulo Hoff, diretor clínico do Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp).

De acordo com Giovanni Guido Cerri, diretor geral do Icesp, “a comunicação correta e eficaz de temas de saúde é um desafio permanente, não apenas para profissionais da área de saúde, mas também para comunicadores, que levam informação aos mais variados públicos. Qualificá-los para a divulgação desses temas é mais uma forma de aumentar o conhecimento da população”.   

Cursos, debates e palestras farão parte do Fórum Permanente, que começou no dia 16 de setembro. A iniciativa é da Faculdade de Medicina da USP em conjunto com a disciplina de Telemedicina da FMUSP, Icesp e Centro de Estudos Rafael de Barros do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP.

O programa Atualização em Temas de Saúde é composto por aulas proferidas por médicos e especialistas do Instituto do Câncer e da Faculdade de Medicina da USP sobre alguns dos tópicos mais relevantes em saúde.

Mitos e verdades – Coube ao diretor clínico do Icesp, professor Paulo Hoff, fazer a conferência de abertura, abordando o tema Tratamento do Câncer: Mitos e Verdades. “Falar sobre câncer é considerado tabu em nossa sociedade. As pessoas, principalmente as mais idosas, nem gostam de falar o nome da doença. O câncer tem muitos mitos. O principal é que se trata de uma doença da sociedade moderna. Muito pelo contrário, existe um papiro egípcio datado de 4 mil a.C. que descreve um tumor de mama e os tratamentos utilizados na paciente”, explica Hoff.

Outro fator associado ao câncer é que ele é mais estigmatizado pela família do que pelo próprio paciente. “É difícil dar um diagnóstico desse tipo para o paciente, mas, para a família é pior. O médico deve ter todo o controle possível da situação e dar o maior número de informações disponíveis,” explica. De acordo com o médico, é importante salientar os casos de sucesso de pessoas famosas que tiveram a doença e conseguiram curar-se.

Os próximos temas serão Formação do Sistema Público de Saúde Pública (21 e 23 de outubro) e Dengue e Malária (25 e 27 de novembro). 

O programa A Mídia em Questão terá a finalidade de discutir o noticiário sobre saúde pela óptica de jornalistas e médicos. O debate será realizado com base em reportagens, que serão analisadas por jornalistas e médicos convidados. O jornalista Gilberto Dimenstein e o médico Ricardo Teixeira debaterão o tema Saúde e Jornalismo Comunitário. Em outubro, o tema será Câncer Infantil, com a presença do jornalista Aureliano Biancarelli (autor do livro Saúde em Campo Aberto) e em novembro o debate abordará Fertilidade, com a jornalista Claudia Collucci. A duração será de três horas, aos sábados, das 9 às 12 horas. Esta atividade é gratuita.

No Dia do Médico, 18 de outubro, haverá o debate especial A Medicina e o Jornalismo na Rede de Educação em Saúde. Os jornalistas que participarem do evento e se cadastrarem no fórum do site www.jornalismoemsaude.com.br receberão um kit do Homem Virtual.

Novidades – em 2009, será oferecido o 1o Curso de Aperfeiçoamento em Saúde para Profissionais de Comunicação. “Também serão iniciadas as atividades de ensino a distância com a utilização de interação on-line”, explica Chao Lung Wen.

Valéria de Souza, assessora de imprensa do Departamento de Radiologia do HC, diz que apesar de estar trabalhando na área há 17 anos, é “excelente termos esse contato direto com os médicos para esclarecermos as nossas principais dúvidas”. 

Há pouco tempo na assessoria de imprensa da Phillips, o jornalista Fábio Lopes responde pela área de equipamentos médicos da empresa. “Descobri que tinha muitas dúvidas e com o curso e o fórum poderei manter um diálogo mais consistente com os colegas de profissão.” para a veterana na área de saúde, a jornalista Marta San Juan França, “a reciclagem é importante na área de comunicação. com esses novos embasamentos, poderei dar mais consistência à minha tese de doutorado História da AIDS no Brasil, que será defendida em breve na PUC – SP.    

SERVIÇO

Cada módulo tem a duração de seis horas. O valor do investimento em cada um é de R$ 70. Quem se inscrever nos três módulos paga R$ 180.
Endereço: Auditório do Instituto do Câncer, na Avenida Dr. Arnaldo, 251 – 6o andar.
Mais informações: (11) 3893-2015; e-mail info@jornalismoemsaude.com.br ou www.jornalismoemsaude.com.br

Maria Lúcia Zanelli, da Agência Imprensa Ofiicial

(M.C.)