Fórum da Unicamp debate desastres naturais e mudanças

Para climatologista, o Brasil precisa entender que o problema global, além de científico, é filosófico

qui, 03/05/2007 - 9h03 | Do Portal do Governo

Foi preciso a instalação de um telão, nesta quarta-feira, dia 2, para atender todos os inscritos no Fórum Permanente de Energia e Ambiente, que trazia desastres naturais como tema. Ao iniciar a primeira palestra do evento, o climatologista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de pesquisas Espaciais (Inpe), acentuou que o Brasil está bem atrasado na discussão sobre as questões climáticas e desastres naturais. Na sua opinião, a área de desastres naturais não recebia tanta atenção quanto hoje e que isso acontece por afetar os pobres. “E no Brasil não prestamos muita atenção nos pobres.”

Para Nobre, o Brasil precisa entender que o problema global, além de científico, é filosófico. A primeira postura dos cientistas, na sua opinião, seria reconhecer que não é possível estudar as mudanças sem levar em consideração a concentração de dióxdo de carbono (CO2) no ambiente, que hoje equivale a 383 partes por milhão. Ele ressaltou não há dúvidas sobre o aquecimento global, causado pelo acúmulo de gases de efeito estufa provenientes de emissões antrópicas, nos últimos 150 anos. Na oportunidade, explicou que “a concentração atmosférica dos gases de efeito estufa dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), associados ao vapor d’ água condicionam o balanço de energia planetária. Este efeito estufa natural atua como um cobertor térmico impedindo o esfriamento da terra. O aumento das concentrações antrópicas desses gases provoca o efeito estufa antrópico, objeto das preocupações ambientais mundiais”.

“As questões globais são reais e sérias, e o Brasil precisa se preparar para as mudanças”. O pesquisador enfatizou que não há como reverter o quadro de perdas ocorridas, mas é preciso discutir rapidamente ações para amenizar os efeitos negativos do aquecimento global no futuro, já que os fenêmenos são cusados pela ação humana. Se o comportamento atual for mantido, é possível chegar a 2100 com 850 ppm de dióxido de carbono, mas o ambiente pode ser sustentável, chegando a 550 ppm, no mesmo período, dependendo das ações humanas a partir de agora.

Na avaliação de Nobre, a variação da temperatura do planeta é crescente desde 1850, início da Revolução Industrial, pois a tecnologia teria estimulado o aumento do consumo de energia. Hoje, o consumo cresce exponencialmente, o que é fator preponderante nas mudanças globais.

O coordenador da área responsável pela Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais da Unicamp, realizadora do evento ao lado da Coordenadoria Geral da Universidade, Luís Augusto Cortez, enfatizou que o fórum é uma oportunidade para pesquisadores de diferentes instituições, presentes no evento, pensarem em estratégias e no papel da Universidade para o futuro. A mudança de postura também foi enfatizada pelo coordenador: “Em São Paulo, queimam-se toneladas de palha de cana que poderia ser bem-utilizada para gerar empregos e controlar o balanço de CO2 na atmosfera.”

Do Portal da Unicamp

(R.A.)