Filhos de brasileiros que vão ao Japão para trabalhar (dekasseguis) terão programa inédito de adaptação à rede pública escolar no retorno ao Brasil. Para isso, a Secretaria Estadual da Educação assinou nesta quarta-feira, 11 de junho, parceria com o Instituto de Solidariedade Educacional (Isec). A iniciativa faz parte do calendário estadual de comemoração ao centenário da imigração japonesa ao Brasil.
De acordo com estimativa da Secretaria, cerca de 300 mil brasileiros moram no Japão, dos quais, 40 mil são crianças e adolescentes em idade escolar. Desses, aproximadamente 7 mil retornam anualmente para o Brasil, dos quais, 5 mil vêm para o Estado de São Paulo. Os dekasseguis chegam com família constituída, incluindo filhos nascidos no Japão. O objetivo do programa é facilitar a adaptação dos pequenos japoneses que entram na rede estadual paulista ou dos brasileiros que passaram algum tempo no Japão.
A Secretaria da Educação determinará um profissional de cada uma das 91 Diretorias de Ensino do Estado para identificar crianças e adolescentes nestas situações. Depois de identificá-los, o Estado vai capacitar os professores destes alunos para que fiquem atentos a questões culturais e de idioma. Também serão envolvidos no programa profissionais dos 78 Centros de Estudos de Línguas (CELs), que ensinam japonês (entre outros idiomas, como alemão e italiano). Eles trabalharão na tradução das aulas e dúvidas dos estudantes.
“As crianças muitas vezes não dominam a língua portuguesa e não conhecem a cultura brasileira. A partir de agora vamos identificar estes alunos e atuar na adaptação deles. Temos a estrutura e contaremos com profissionais específicos para este trabalho”, afirmou a secretária de Estado da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.
A secretária também ressaltou a intenção de promover um intercâmbio para os professores. “Os brasileiros irão ao Japão e os japoneses virão a São Paulo. Um grupo de trabalho fechará um cronograma de implantação de todo o projeto”, Explicou.
O Isec será responsável pelo atendimento aos familiares, além de providenciar material necessário para os alunos e elaborar eventos de congregação das famílias e estudantes.
A parceria entre Secretaria e o Isec será de dois anos, prorrogável por mais dois anos. A estimativa de investimento no programa é de cerca de R$ 150 mil por ano. Os recursos serão investidos em transporte, estadia, alimentação, produção de materiais específicos e equipamentos, entre outros.
Direito do aluno estrangeiro
Vale lembrar que, de acordo com parecer do Conselho de Educação, o aluno estrangeiro tem o direito de ser matriculado na rede estadual, mesmo que não tenha visto de permanência no país ou histórico escolar. Movimentos de imigrantes encontram hoje acesso à rede pública mesmo sem a documentação regularizada.
Cíntia Cury com Secretaria da Educação
