Filhos de agricultores assentados concluem curso de horticultura no IAC

Jovens aprenderam a conservar e manejar o solo, fazer manutenção de máquinas e utilizar equipamentos de proteção

dom, 01/04/2007 - 16h28 | Do Portal do Governo

“Afagar a terra, conhecer os desejos da terra… e fecundar o chão.” Ao som desses versos, da música O Cio da Terra, de Chico Buarque e Milton Nascimento, 19 jovens de famílias de agricultores assentados no Estado de São Paulo receberam seus diplomas de conclusão do 1o Treinamento Avançado em Atividades Hortícolas e Produção de Mudas, do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas.

Agora, eles voltam para casa motivados para trabalhar a terra e gerar alimento e renda para suas famílias. A cerimônia de formatura, que ocorreu no mês de março, reuniu autoridades da agricultura paulista, representantes de organizações sociais e parentes dos jovens.

O curso iniciou-se há um ano, com 30 pessoas (24 homens e seis mulheres), vindos de 29 cidades do Estado. Inicialmente, estudaram dois meses na fazenda experimental da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta Regional), em Monte Alegre do Sul. Depois foram a Campinas, onde continuaram o treinamento, alojados no IAC, com aulas teóricas e práticas todos os dias. Durante o período, só deixaram os estudos por duas vezes, uma delas no Natal, para visitar seus pais nos assentamentos.

Do total de alunos que começou o curso, sete acabaram desistindo no meio do caminho. Dos 23 que chegaram ao fim, quatro não estavam na cerimônia, por causa de compromissos particulares. Embora a maioria fosse constituída de jovens, a faixa etária dos estudantes era bastante ampla, de 16 a 40 anos. Todos com pelo menos o ensino fundamental completo. Seis deles também tinham freqüentado curso técnico agrícola. Dos formandos, cinco iniciam cursos universitários neste ano.

Cenoura e rúcula – O diretor-geral do IAC, Orlando Melo de Castro, conta que, além das técnicas em horta e fruticultura, eles aprenderam também conservação e manejo de solo, manutenção de máquinas (arados e trator) e utilização de equipamentos individuais de proteção para aplicar defensivos agrícolas e fertilizantes na cultura. “Durante um ano transferimos conhecimentos a eles, porque nossa razão de ser é o produtor rural”, afirma Orlando de Castro. O curso focalizou o plantio de beterraba, cenoura, alface, rúcula e couve-flor. Os coordenadores escolheram essas culturas por serem facilmente adaptadas a pequenas propriedades, como as dos assentamentos.

Êxodo Rural – O pesquisador do IAC e coordenador do curso, Carlos Eduardo Ferreira de Castro, diz que um dos formandos voltou para sua propriedade e deu início à horticultura, com base em outro projeto da Secretaria de Estado da Agricultura, o Hortalimento. O jovem aprendiz, de Andradina, agora dissemina o conhecimento obtido no IAC entre os demais assentados. “Nosso objetivo era esse mesmo. Prepará-los para atuar como multiplicadores em suas cidades”, assegura Ferreira de Castro.

Ele conta que os jovens foram selecionados por ONGs que atuam no campo e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), instituição federal que participou do projeto com investimento de R$ 336 mil. A Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag) atuou como parceira do projeto. Os jovens vieram de assentamentos criados pelo Incra e pelo Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp).

Ferreira de Castro diz que agora os organizadores (IAC, Incra, Fundag e ONGs) vão avaliar o resultado do curso. “Se acharmos que valeu a pena investir na mão-de-obra especializada, para segurar o jovem na terra e evitar o êxodo rural, faremos o segundo treinamento. Se possível, ainda neste ano”, avalia o pesquisador.

Otávio Nunes

Da Agência Imprensa Oficial