FHC e Covas vistoriam obras do Trecho Oeste do Rodoanel

Essa etapa teve investimentos de R$ 324 milhões, sendo R$ 246 milhões provenientes do Estado e R$ 78 milhões da União

sáb, 23/09/2000 - 13h23 | Do Portal do Governo


Essa etapa teve investimentos de R$ 324 milhões, sendo R$ 246 milhões provenientes do Estado e R$ 78 milhões da União

O presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Mário Covas vistoriaram, neste sábado, dia 23, as obras do Trecho Oeste do Rodoanel de São Paulo. Essa é uma das maiores obras viárias em curso no Brasil que, além de desafogar o trânsito na Capital, vai beneficiar o transporte em todo o País. O Anel Viário vai interligar as 10 principais rodovias que chegam a São Paulo – Bandeirantes, Anhangüera, Castello Branco, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, Imigrantes, Anchieta, Dutra, Ayrton Senna e Fernão Dias. Para Fernando Henrique Cardoso, iniciar as obras do Rodoanel foi uma decisão corajosa do Governo de São Paulo, por seu porte e seu custo. “Essa obra vale por si”, disse.
O Trecho Oeste do Rodoanel já está com 30% das obras executadas e conta com 39 frentes de trabalho. Esse trecho foi dividido em seis lotes. Hoje Covas e FHC vistoriaram obras do lote 5, que vai ligar a Rodovia Anhangüera à Castello Branco. Nesse lote está o túnel Ithayê, com 1.720 metros de extensão. É um dos maiores túneis do País em largura, já que terá dois sentidos, com quatro faixas de rolamento cada. Até agora, foram escavados 650 metros. O valor contratual do lote 5 é de R$ 58 milhões.
Essa foi a segunda visita do presidente da República às obras do Rodoanel. Em março deste ano, Fernando Henrique esteve em São Paulo para vistoriar o lote 6 do Trecho Oeste, que vai interligar as rodovias Anhangüera, Bandeirantes e Estrada Velha de Campinas.

Trecho Oeste deve estar pronto em 2001

O Trecho Oeste está previsto para ser entregue no segundo semestre de 2001. Essa etapa vai interligar cinco das 10 principais rodovias que chegam à Grande São Paulo (Régis Bittencourt, Raposo Tavares, Castello Branco, Anhanguera e Bandeirantes). Juntas, essas estradas absorvem 44,2% dos veículos que entram e saem da Região Metropolitana, representando cerca de 250 mil carros, dos quais 73 mil são caminhões pesados. O trecho também responde por 47,8% da carga circulante na Região Metropolitana de São Paulo, o equivalente a 243,5 milhões de toneladas por ano. Além disso, a obra vai ligar dois eixos ferroviários com linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). É por isso que, além de São Paulo, a entrega da obra irá beneficiar diretamente os municípios de Embu, Cotia, Osasco, Carapicuíba, Barueri e Santana do Parnaíba.
Em sua construção estão sendo priorizadas as chamadas obras especiais, como viadutos, pontes, túneis, a transposição dos trilhos da CPTM e a conexão final com a Estrada Velha de Campinas. As obras estão gerando três mil empregos diretos e 10 mil terceirizados.
Com 32 quilômetros de extensão, o Trecho Oeste do Rodoanel terá duas pistas, com quatro faixas de rolamento cada uma, mais acostamento. O traçado ainda inclui 14 viadutos, quatro pontes, dois piscinões e três túneis. O primeiro deles entre Cotia e Embu, próximo à Régis Bittencourt; o segundo em Barueri, entre Alphaville e Tamboré; e o terceiro em São Paulo, na via Anhangüera, próximo à Fazenda Ithayê.
A ligação entre as rodovias Régis Bittencourt e Raposo Tavares, com sete quilômetros de extensão, além da junção das vias Anhangüera e Bandeirantes com a Estrada Velha de Campinas, num percurso de oito quilômetros, deve ser entregue em abril de 2001. Para isso, foram investidos até meados deste mês de setembro, R$ 324 milhões dos R$ 800 milhões estimados para a obra civil do Trecho Oeste, incluindo gastos com projetos, desapropriações, estudos ambientais e reassentamento de famílias.
Além do Viaduto da Estrada Velha de Cotia, em Osasco, e das alças de retorno à Rodovia Raposo Tavares, já foram concluídas as obras da Coletora Sul, com 830 metros, e a canalização do Córrego Carapicuíba – que elimina as freqüentes enchentes no local, melhorando a qualidade de vida dos moradores da região Oeste da Capital.
Do montante aplicado, o Governo do Estado já destinou R$ 246 milhões. A União, que é parceira no projeto com participação de 25% dos recursos, investiu R$ 78 milhões. Até agora, embora tenha se comprometido com investimentos de outros 25% do total da obra, a Prefeitura de São Paulo ainda não empenhou um único centavo.
A construção completa do Rodoanel, dividida em quatro etapas (Oeste, Norte, Sul e Leste), vai consumir R$ 3,2 bilhões. O valor é comparado pelo governador Mário Covas ao que o Governo paulista já pagou à União por dívidas contraídas em gestões anteriores, exatos R$ 17 milhões. ‘Já gastei seis rodoanéis com dívidas dos meus antecessores’, enfatizou.

Aspectos social e ambiental

Fernando Henrique Cardoso destacou que o Governo do Estado e a União estão empenhados em realizar essa obra o mais depressa possível, desde que sejam respeitadas as normas de segurança, critérios do meio ambiente e, naturalmente, os recursos financeiros destinados à obra. Preocupado com o impacto que a obra do Rodoanel terá sobre os moradores da Região Oeste por onde passa o traçado da rodovia, o Governo do Estado criou o Programa Educação para a Segurança. A iniciativa abre discussões sobre a segurança nos canteiros da obra e está sendo implantada nas escolas. Posteriormente será estendida a locais públicos, como praças, igrejas e associações de bairro.
Também faz parte do programa o ‘Espaço Rodoanel’. Trata-se de um showroom inaugurado em agosto último, no quilômetro 19 da Raposo Tavares, composto por painéis fotográficos que mostram a evolução das obras nesta etapa. O espaço também dispõe de uma grande maquete com os 19 municípios que serão circundados pelo anel viário, além de um vídeo demonstrativo. A intenção é apoiar as comunidades envolvidas pela obra, oferecendo atendimento especializado, além de esclarecer dúvidas, como benefícios, trajeto e impactos sócio-econômico ou ambiental para o Estado.
Outro fator que vai contribuir para a melhoria da qualidade de vida das comunidades localizadas no traçado da rodovia será a questão da habitação e saneamento. Cerca de 2.000 famílias que moram em situação irregular, como áreas de risco ou invadidas, serão reassentadas em áreas próprias, dotadas de infra-estrutura e com casas construídas no sistema de mutirão ou com apoio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).

Solução para diminuir congestionamentos

O Rodoanel será uma via expressa com 170 quilômetros de extensão e duas pistas de três e quatro faixas de rolamento por sentido, a uma distância média de 20 a 40 quilômetros do centro de São Paulo. Sua construção está dividida em quatro etapas: Norte, Sul, Leste e Oeste.
A conclusão do Rodoanel deverá eliminar, por ano, cerca de 1,7 milhão de horas perdidas em congestionamentos e proporcionar uma economia de aproximadamente 1,5 bilhão de litros de combustível gastos por conta do trânsito nas regiões centrais. A obra também vai facilitar o acesso ao Porto de Santos e a rota para os países do Mercosul, aumentando ainda mais sua importância econômica.
Para isso o anel viário vai incorporar vários avanços tecnológicos, como monitoramento por câmeras de vídeo, controle eletrônico de arrecadação e painéis de mensagem ao usuário, contendo informações em tempo real sobre as melhores opções de tráfego, entre outros dados.
O projeto também conta com dispositivos para impedir a ocorrência de acidentes com cargas perigosas, controlando e impedindo a contaminação ambiental. Além disso, o traçado do Rodoanel vai circular a distâncias entre 20 e 40 quilômetros dos centros urbanos, com pistas adequadas ao volume de tráfego, permitindo velocidades de até 100 quilômetros por hora.

Centro de Distribuição de Cargas

O projeto do Rodoanel prevê ainda a construção de centros de distribuição de cargas ao longo de sua extensão. A intenção é criar espaços inteligentes, onde os caminhoneiros poderão descansar com segurança, dispondo de áreas de alimentação e lazer. Mas, sobretudo, ter à mão um sistema de comunicação com seus terminais e com o Porto de Santos. Tudo isso para evitar o estacionamento em áreas portuárias ou nas ruas das cidades.
Atualmente a Dersa, empresa vinculada à Secretaria dos Transportes, está desenvolvendo estudos para dimensionar essas áreas e locais de implantação, inclusive prevendo áreas que estão sendo desapropriadas pelo governo paulista. Uma delas é um terreno com 1,5 milhão de metros quadrados da Caixa Econômica Federal, em Cotia. No local, além de famílias que serão reassentadas, haverá uma área de preservação ambiental e um desses centros de distribuição. O projeto está estimado em R$ 10 milhões.
O poder público quer atuar como um incentivador desses centros, deixando à iniciativa privada os investimentos e a operacionalização. “O Rodoanel vai crescer em eficiência à medida que houver esses espaços”, avalia o presidente da Dersa, Sérgio Luiz Gonçalves Pereira.

Cíntia Cury/Gislene Lima