Fazenda do Zôo assegura alimentação de qualidade aos animais do parque

Numa área de mais de 570 hectares, são produzidos 85% dos produtos consumidos pelos bichos

qui, 20/09/2007 - 10h05 | Do Portal do Governo

A Fundação Parque Zoológico de São Paulo mantém há 25 anos uma fazenda diferenciada pela vocação e pelas práticas de cultivo. Sua produção é desenvolvida pelo sistema de gestão ambiental certificado pela norma ISO 14.001 e destinada quase toda à alimentação dos mais de 3,5 mil animais do Zôo.

O engenheiro agrônomo Sérgio Esper Saliba explica que a aquisição da propriedade foi motivada por constantes problemas de intoxicação dos bichos, ocorridos em função de consumo de produtos sem garantia de procedência. Há 18 anos à frente da unidade agrícola, conta que o manejo criterioso, integrado a métodos de combate químicos e mecânicos, garante a qualidade da produção de 30 tipos diferentes de alimentos, realizada com o uso limitado de insumos agrícolas.

“Isso assegura aos alimentos alto valor nutritivo e melhor qualidade biológica”, afirma. Compõem esses cuidados o uso de variedades resistentes, descanso de áreas, rotação de culturas, plantio direto, adubação verde, adubação química equilibrada e adubação orgânica, além de cobertura morta, entre outras técnicas de cultivo. São práticas que renderam à Fazenda do Zôo, como é conhecida, a certificação por sua gestão ambiental. “É uma das poucas que têm o ISO 14.100”, afirma Saliba. 

Forragens e silagens – Localizada entre os municípios de Sorocaba, Araçoiaba da Serra e Salto de Pirapora, numa área de 574 hectares, no último ano gerou mais de 1,5 mil toneladas de produtos. Foram hortaliças, frutas, grãos, raízes e forrageiras em quantidade suficiente para cerca de 85% da necessidade alimentar dos animais. As forrageiras, explica Saliba, são plantas que servem de forragem e que, processadas, podem ser utilizadas no período da seca para alimentação.

São produzidos fenos de diversas gramíneas e, dependendo da preferência alimentar de cada espécie animal, outras forragens – capim-elefante, cana-de-açúcar, guandu e sorgo – são fornecidas trituradas, ou simplesmente amarradas em feixes. Com esse propósito também são preparadas grandes quantidades de silagem de milho, formatadas e fermentadas em dois grandes silos-trincheira, com capacidade para 150 toneladas cada.

Matéria-prima principal dos alimentos concentrados, o grão é o carro-chefe da produção agrícola. São 900 mil quilos de milho por ano, cuja maior parte é enviada ao Zoológico para processamento em forma de quirera ou fubá, ou usado na fabricação de rações balanceadas. O excedente é vendido em leilão público e o dinheiro aplicado no custeio da propriedade.

Assim como na produção, cuidados especiais são tomados na armazenagem de produtos, no que se refere, principalmente, à umidade dos grãos. Num grande silo metálico, com capacidade para 600 toneladas, é estocada mais da metade da produção do milho. O recinto tem sistema de ventilação adequada para conservação do cereal, que é consumido em curto período. O restante, destinado a leilão, fica armazenado na Ceagesp.

Além dessa precaução, há o controle da produção, com base na demanda dos animais. O plantio é escalonado para possibilitar o consumo de alimentos sempre frescos. “O cultivo feito na hora certa, assim como a colheita, garante qualidade biológica melhor ao alimento”, informa Saliba. 

Outros materiais – A produção não está centrada apenas na alimentação dos animais. A fazenda fornece ainda materiais usados na construção, reforma, ornamentação e forração de recintos do parque, como madeiras, sapés, bambus, mudas e fardos de gramíneas. Responsável pelo setor de produção rural há pouco mais de um mês, o engenheiro agrônomo Geraldo Magela Ferreira considera o trabalho na Fazenda do Zôo uma atividade especial por ser totalmente direcionada ao abastecimento do parque. “O trabalho requer pesquisa apurada e o foco não pode ser perdido em nenhum momento”, avalia.

Inicialmente com 15, chegaram a cultivar 45 produtos diferentes, conforme a necessidade e as condições climáticas. Agora, estão com 30. A maior parte na condição de sequeiro (sem irrigação). Apenas a horta é irrigada. Já a produção de grãos tem aumentado ano a ano. “Concluída a cadeia produtiva, os alimentos seguem para consumo contendo informações sobre procedências”, completa Magela.

Um caminhão próprio transporta os produtos às segundas, quartas e sextas-feiras. A preparação da carga é feita de acordo com a solicitação que chega do setor de alimentação da Fundação. “A rotina da fazenda nesses dias na parte da manhã abrange o carregamento do caminhão, feito com o máximo cuidado para preservar os produtos”, conta Saliba. 

Simone de Marco

Da Agência Imprensa Oficial