Fazenda da Esalq-USP em Anhembi pesquisa árvores nativas e exóticas

Objetivo é difundir plantio comercial de eucaliptos, impedir desmatamento e manter patrimônio genético das espécies

qua, 30/05/2007 - 11h34 | Do Portal do Governo

É difícil chegar lá. Mas vale tanto a pena que o visitante não quer mais voltar, atraído pela exuberância da natureza, que inclui flora, fauna e as águas calmas do Rio Tietê. É assim a Estação Experimental de Ciências Florestais de Anhembi, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP, na qual pesquisadores trabalham na melhoria genética de árvores nativas e exóticas (estrangeiras) com vistas à conservação e restauração florestal, bem como ao uso sustentável das espécies.

Nos 663 hectares, existem 200 pesquisas em andamento, em várias fases de realização, feitas por técnicos da Esalq, da Unesp, da Embrapa (federal) e também de empresas. As espécies mais estudadas são variedades do eucalipto e do pinus (pinheiro), que crescem rapidamente e são usadas em diversas atividades comerciais, da serraria ao forno de pizza, em substituição às árvores nativas que sofrem com o extrativismo clandestino.

Ao estudar as espécies, os pesquisadores aprendem e desenvolvem métodos de manejo, adubação, tipo de utilização comercial, nutrientes do solo, uso da água, prováveis impactos com o ambiente, combate a pragas e outras atividades da silvicultura (ciência das florestas).

A estação de Anhembi, cidade a 90 quilômetrosda sede da Esalq, em Piracicaba, e a 220 quilômetrosda capital, é ainda fonte de receita, com a venda eventual de sementes, madeiras de eucalipto e outros produtos florestais. Há também recursos provenientes do arrendamento de áreas a empresas para determinada pesquisa, o que ocorre em Itatinga, onde fica outra fazenda experimental da Esalq, com área maior que Anhembi.

O diretor das duas estações é o engenheiro florestal da escola de Piracicaba, João Carlos Teixeira Mendes, que divide seu tempo entre estas duas cidades e Piracicaba. Diz que o recurso obtido das vendas é investido em fertilizantes, mão-de-obra, contas e infra-estrutura.

Experiências florestais – João Carlos chefia também um grupo formado por três professores e outro engenheiro da Esalq. Eles são responsáveis pela autorização do uso de Anhembi e de Itatinga para experiências florestais. Cada pesquisa é feita numa área correspondente a 10 mil metros quadrados (1 ha).

“O trabalho científico só é válido se for realizado num espaço com pelo menos este tamanho”, salienta João Carlos.   A fazenda também tem projetos na pecuária. Um produtor local paga à Esalq para que 250 cabeças de gado de sua propriedade utilizem faixa de 167 ha à beira do Tietê. É trabalho em fase piloto para mostrar a possibilidade de convivência do gado com a floresta. Dependendo da evolução das árvores, os animais são transferidos de um local para o outro, de modo a não prejudicar o crescimento.    

O plantio é feito numa área denominada talhão, equivalente a 5 ha. São 33 talhões em Anhembi. Cultiva-sea mesma espécie, às vezes com algumas de suas variações. São árvores para uso comercial, como eucalipto e pinheiro, ou para verificar se determinada espécie, às vezes exótica, se adapta ao clima local ou ainda simplesmente para manter uma planta nativa que se encontra em fase de extinção no seu hábitat natural. “O importante é assegurar um banco de dados genético das espécies”, diz João Carlos.

Em Anhembi, encontra-se jacarandá-da-bahia, araucária cunninghami (asiática) e a cunninghamia lanceolata – árvore rara, quase extinta em seu ambiente natural, a China. Além da quantidade incontável de exemplares nacionais nativos, de eucaliptos e pinus, a fazenda da Esalq cultiva plantas da África.

Bicho gosta – Tanta flora propicia uma fauna diversificada. “Se a gente mantém a floresta protegida, os animais se sentem bem e procriam”, observa o engenheiro. Ao visitante é possível ver todo momento as famílias de seriemas saltitando, geralmente casal e filhote. Embora seja mais difícil e exija paciência, pode-se observar pacas, capivaras, lobo-guará, onça-parda, jaguatirica, cachorro-do-mato e ratão-do-banhado.   

Vista no mapa, a estação Anhembi parece um gigantesco bumerangue, com o interior tomado pelas águas do Tietê. Cada lado do bumerangue é uma extensão de terra, chamada de ilha ou gleba. A maior delas tem 475,68 hae a outra, 187,81. A primeira foi doada pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp) à USP em 1974. Amenor pertence à AES Tietê, uma das concessionárias que compraram a Cesp. Mas a Esalq tem toda liberdade para utilizar a propriedade para fins científicos.Do total de hectares, 167 são de preservação permanente, não podem ser tocados. Logo atrás desta área, vem 132 hade reserva legal, que pode ser utilizada desde que não sofra descaracterização. Em ambas só existem espécies nativas.

SERVIÇO

Estação Experimental de Ciências Florestais de Anhembi – Esalq USP

Bairro Lagoa – Bacia de Acumulação de Barra Bonita, s/n°

Telefone (14) 3884-6623

Otávio Nunes

Da Agência Imprensa Oficial