Fapesp: Uma nova política de pós-doutoramento

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seg, 04/12/2000 - 19h22 | Do Portal do Governo

A Fapesp anuncia uma nova política de pós-doutoramento buscando aliar os objetivos de propiciar aos jovens doutores processos de formação e aperfeiçoamento da mais alta qualidade e de intensificar o fortalecimento dos núcleos de excelência do Estado de São Paulo. Trata-se de estimular a inserção imediata dos recém-doutores nos grupos de pesquisa do Estado e incentivar a realização de estágios de aperfeiçoamento no exterior articulados com o desenvolvimento de projetos de pesquisa no Estado.

Uma das metas mais importantes da ação da Fapesp, conjugada à das agências federais, tem sido a ampliação e a diversificação do sistema de pesquisa do Estado. De fato, além das centenas de grupos de pesquisa apoiados nas linhas regulares de auxílios e bolsas da Fapesp, esta apoia atualmente, com base em processos de avaliação e acompanhamento especialmente severos, inúmeros projetos de grande porte, em praticamente todas as áreas do conhecimento: cerca de 250 Projetos Temáticos, cerca de 270 Projetos de Jovens Pesquisadores e 10 CEPIDs (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão), 23 projetos do Biota e 60 laboratórios da rede ONSA.

Entende-se que a solidez e crescimento desse sistema depende essencialmente de sua renovação contínua e da ampliação de suas equipes. Essa consideração e o reconhecimento de que esse sistema já pode oferecer aos recém-doutores, na grande maioria dos campos do conhecimento, condições excelentes de treinamento e especialização, levou a Fapesp a formular uma nova política de pós-doutoramento, que busca aliar os objetivos de propiciar aos jovens doutores processos de formação e aperfeiçoamento da mais alta qualidade e de intensificar o fortalecimento dos núcleos de excelência do Estado de São Paulo. Com essa nova política, a Fapesp multiplica e aperfeiçoa os mecanismos de inserção, em nosso sistema de pesquisa, dos pesquisadores que tenham concluído recentemente seus programas de doutoramento. Um dos aspectos mais importantes dessa nova política é, sem dúvida, uma nova concepção das modalidades de intercâmbio com centros de pesquisa do exterior que se julgam necessárias no contexto desses processos de formação e aperfeiçoamento.

Bolsas de PD no país: ampliação da duração

Com esse intuito, além de considerar prioritária a linha regular de bolsas de pós-doutoramento no país, cuja duração máxima era de dois anos, e passa agora a ser de 3 anos, a Fapesp vem criando modalidades de apoio ainda mais atraentes para os recém-doutores.

Bolsas de PD no país associadas a programas especiais: ampliação da
duração

Assim, as bolsas de pós-doutoramento no país vinculadas aos programas especiais – Projetos Temáticos, Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão, Jovens Pesquisadores, Genoma e Biota – além de oferecerem ao bolsista a oportunidade de integrar-se a um grupo de excelência e lhe proporcionarem a possibilidade de realizar estágios no exterior, tiveram sua duração máxima ampliada para quatro anos. A soma da duração de uma tal bolsa com a de bolsas de pós-doutoramento no país, da Fapesp ou de outras agências, já usufruídas pelo pesquisador poderá agora chegar a 6 anos.

Já no âmbito do programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, um recém-doutor com currículo excelente, e disposto a nuclear novo grupo de pesquisa num centro emergente, pode receber auxílio de valor significativo para o desenvolvimento de seu projeto de pesquisa. A esse auxílio, podem ser vinculadas uma bolsa com duração máxima de quatro anos, caso o pesquisador não tenha vínculo empregatício, e também uma soma anual de recursos destinada ao financiamento de viagens para participação em eventos e atividades de intercâmbio com centros do exterior. A soma da duração de uma tal bolsa com a de bolsas de pós-doutoramento no país, da Fapesp ou de outras agências, já usufruídas pelo pesquisador poderá agora chegar a 6 anos.

Articulação de Bolsas de Pesquisa no Exterior com o PD no País

É inegável a importância que teve, para a constituição do sistema de pesquisa do Estado, a oportunidade oferecida a jovens doutores de realizar estágios de longa duração em centros de pesquisa estrangeiros, durante os quais se vinculavam a projetos de pesquisa lá concebidos e realizados. É também inegável a importância que tem, e continuará a ter, para a formação dos pesquisadores, a realização de estágios em tais centros.

Entende-se que a definição das características desses estágios deve refletir a particularidade do novo contexto do processo de internacionalização do sistema de pesquisa do Estado, desencadeado pela nova configuração que esse sistema vem adquirindo nos últimos anos. Nesse novo contexto, caracterizado pelo esforço para inserir, no sistema internacional de produção do conhecimento científico e tecnológico, não mais pesquisadores individuais, mas grupos de excelência nacionais, com projetos de pesquisa próprios e inovadores, passa a ser possível e desejável que o aperfeiçoamento dos recém-doutores se dê, ordinariamente, por meio de sua integração imediata a tais grupos de excelência.

Por essas razões, a Fapesp passa a proporcionar a seus bolsistas de pós-doutorado no país, durante o período de vigência de suas bolsas, a possibilidade de realizar um ou mais estágios de pesquisa no exterior, com duração total de até um ano. O tempo desses estágios não será computado na duração das bolsas de pós-doutorado. Estende-se assim ao pós-doutoramento no país a mesma política de internacionalização que vem estimulando bolsistas de doutoramento da Fapesp a realizar estágios de média duração em centros de excelência no exterior.

Em todos esses casos, a oportunidade dos estágios é avaliada com base nos benefícios que eles possam trazer para a realização dos projetos de pesquisa dos bolsistas e dos grupos a que estejam vinculados. Ao mesmo tempo em que se
oferece aos pesquisadores a oportunidade de ganhar experiência de trabalho em centros de excelência internacionais, tais formas de intercâmbio garantem que essa experiência beneficie, da maneira mais direta e imediata, a rede de pesquisa do Estado de São Paulo, favorecendo a articulação de seus temas, métodos e técnicas com aqueles desenvolvidos no exterior.

Como consequência dessa nova política, passam a ser estritamente priorizadas as solicitações de bolsas de pesquisa no exterior, com duração máxima de um ano, encaminhadas por: a) bolsistas de pós-doutoramento da FAPESP, nas Condições acima explicitadas, ou b) por pesquisadores com firme vínculo empregatício com instituição de pesquisa do Estado de São Paulo.

Em suma, segundo a visão estratégica que anima a nova política de pós-doutoramento da Fapesp, alicerçada no ideal da internacionalização orgânica de nosso sistema de pesquisa, cumpre estimular os recém-doutores a realizarem estágios no exterior já inseridos sua inserção em grupos de pesquisa do Estado. Dadas nossas atuais condições institucionais, é evidente que esse objetivo apenas pode ser atingido mediante a adequada articulação das políticas de pós-doutoramento no país e pós-doutoramento no exterior.

Com efeito, é notório que nossas instituições de pesquisa não estão aptas a absorver imediatamente, em seus quadros permanentes, todos os recém-doutores bem qualificados de que necessitam para que o sistema de pesquisa paulista alcance o ritmo de crescimento desejável. Assim, cabe à Fapesp, por meio da oferta de um número significativo de bolsas de pós-doutoramento no país, oferecer aos recém-doutores ainda sem vínculo empregatício estável condições de integração institucional, ainda que provisória, a tais instituições. Um efeito colateral da importância a ser conferida à linha de bolsas de pós-doutoramento no país – altamente benéfico, do ponto de vista da internacionalização orgânica de nosso sistema de pesquisa – será a intensificação do processo de atração, para São Paulo, de jovens pesquisadores de outros países, especialmente latinoamericanos.