Fapesp: Museu da USP oferece mostra sobre Ilustrações zoológicas

Visitante é convidado a apreciar as diversas formas gráficas sobre animais usadas ao longo do tempo

sex, 27/01/2006 - 14h20 | Do Portal do Governo

Um clichê de peixes. Pode parecer estranho aos olhos da geração acostumada ao computador – e boa parte das 80 mil pessoas que visitaram o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo em 2005 é formada por alunos do ensino fundamental e médio – mas essa é uma das atrações da exposição temporária preparada pela instituição paulista, de renome internacional, para o primeiro semestre de 2006.

“Isso era usado até meados dos anos 80”, explica o museólogo Maurício Cândido da Silva, responsável pelo roteiro da exposição Ilustração em Zoologia: da paisagem ao microscópio, em cartaz no museu. Antes das facilidades tecnológicas não havia outra forma. As figuras dos peixes que apareciam como ilustrações de um artigo científico eram gravadas em uma chapa de metal por fotogravura. “Era uma espécie de carimbo metálico”, conta Cândido da Silva.

A escala de tempo de 20 anos é muito pequena para contar a história da ilustração em zoologia. A mostra, que tem o zoólogo Nelson Papavero como curador, volta muito mais no tempo. Ela chega até a antigüidade, quando os seres humanos desenhavam figuras de animais nas rochas das cavernas.

“Mesmo antes da ciência formal já havia desenhos de animais”, lembra Silva. Das pinturas rupestres, os visitantes são levados à Idade Média. E os mais animados podem até montar um mosaico de pedras, como era bastante usual na época em que o Império Grego estava no auge.

Nos tempos atuais, ao lado dos clichês, estão as modernas fotos feitas por microscopia eletrônica, ou desenhos confeccionados por ilustradores do museu. A perfeição do jacaré e das formigas é muito grande. “Tudo é baseado na observação e na representação”, explica o especialista em museologia.

Ao entrar no edifício do museu o visitante não vai conseguir permanecer apenas na exposição temporária. Ao contrário de quase todos os outros do gênero existentes no Brasil ele foi criado realmente para esse fim nos anos 40, e teve o projeto original assinado por Christiano Stockler das Neves, o mesmo da Estação Júlio Prestes.

Para quem não esteve lá nos últimos meses, até a escadaria está aberta agora. Ao subir os degraus, os vitrais originais do prédio, feitos sob encomenda pela famosa Casa Granada, chamam a atenção. “Nessas galerias vamos ainda terminar, nos próximos meses, uma exposição temática sobre a evolução do vôo”, explica Silva. A réplica do Archaeopteryyx, entretanto, já está lá. Muitos consideram esse animal a ligação entre os dinossauros e as aves.

“O Museu de Zoologia tem hoje 2 mil peças expostas aproximadamente entre as 8 milhões da coleção”, diz Silva. De volta ao térreo o visitante pode visitar a réplica de quatro ambientes importantes existentes no Brasil: a Caatinga, a Mata Atlântica, a Amazônia e o Cerrado. “Temos peças aqui feitas pela técnica da taxidermia há 100 anos.”

O Museu de Zoologia, “que até já poderia passar para a categoria da história natural, principalmente em um país como o Brasil onde esses espaços são escassos”, defende o seu museólogo, tem ainda filmes para mostrar a importância do tempo na evolução, exemplos de convergência (golfinhos, apesar de mamíferos, nadam) e, claro, réplicas de dinossauros. “Tem ainda essa preguiça gigante. Essa réplica foi cedida pelo professor Walter Neves, que descobriu esse animal lá em Minas Gerais”, explica Silva.

Mais informações sobre o museu, com mapa de localização, horário de visita e telefones: www.mz.usp.br

Eduardo Geraque – Agência Fapesp