Fapesp discute importância dos parques tecnológicos

Além de gerar conhecimento e formar pessoal, o País deve transformar o conhecimento em riqueza

qui, 20/12/2007 - 21h01 | Do Portal do Governo

As sociedades do conhecimento são caracterizadas por, pelo menos, três fatores imprescindíveis: a capacidade de gerar conhecimento, de formar recursos humanos e a capacidade de transformar conhecimento em riqueza. O Brasil é bem-sucedido nas duas primeiras, mas, na terceira característica, ainda deixa a desejar. Essas opiniões são dos debatedores presentes ao 7º Seminário Paulista de Parques Tecnológicos, realizado na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“Nossa capacidade de transformar conhecimento em riqueza, em especial por meio de inovação tecnológica, está defasada. Isso porque, de cada quatro pesquisadores, três estão na universidade e um na empresa. Ainda que produza perto de 2% do conhecimento científico mundial, o Brasil responde apenas por 0,2% das patentes depositadas no mundo”, destacou João Steiner, diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP).

O assunto central do seminário foi o Sistema de Parques Tecnológicos do Estado de São Paulo, um projeto da Secretaria de Desenvolvimento do Estado com apoio da Fapesp. O sistema é considerado instrumento promissor para a correção da assimetria entre conhecimento e riqueza, com base na criação de ambientes propícios à abertura de novas oportunidades de negócio entre academia e indústria.

O diretor do IEA apresentou o relatório final do projeto que coordenou, iniciado em junho de 2005, para o estudo da viabilidade de sua implantação. Prevê-se que o sistema seja criado em sete cidades: São Paulo, Campinas, São José dos Campos, Piracicaba, São Carlos, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. “A distribuição dessas cidades corresponde à concentração das empresas industriais no Estado e também da capacidade de gerar conhecimento e recursos humanos altamente qualificados”, explicou Steiner.  

Pólos tecnológicos – São José dos Campos e São Carlos são os pólos em estágio mais avançado por conta dos núcleos de seus parques tecnológicos instalados. No primeiro, instituições como a Embraer e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) realizam pesquisas conjuntas. O segundo município está vinculado às empresas incubadas na Fundação Parque de Alta Tecnologia São Carlos (ParqTec). Os outros núcleos estão em fase de desenvolvimento e ainda não têm data prevista para inauguração.

“O Estado de São Paulo está maduro para receber um sistema dessa natureza. Aqui estão abrigadas três entre as dez universidades brasileiras e norte-americanas que mais formam doutores em todo o mundo, de acordo com levantamento recente realizado nos Estados Unidos”, informou Steiner, referindo-se às universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Estadual de Campinas (Unicamp).

“Por trás desse fator quantitativo existe muita qualidade: o Brasil produz cerca de 2% do conhecimento científico mundial. De cada 200 descobertas publicadas em revistas indexadas, quatro têm endereço no País e duas em São Paulo”, apontou.  

Associação produtiva – A idéia de criação do Sistema de Parques Tecnológicos surgiu em 2002 na Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Em fevereiro de 2006 foi assinado decreto que o instituiu, na sede da Fapesp. “Muitos países têm usado com sucesso esse tipo de estratégia, potencializando a capacidade de gerar riqueza ao associar instituições de ensino superior com iniciativas do setor produtivo e governamentais”, observou Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp.

Alberto Goldman, vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, ressaltou a importância do esforço estadual para a criação dos parques. “Temos um grande caminho a ser trilhado e boas possibilidades de parcerias entre os setores público e privado. Se, de fato, queremos superar esse fosso entre conhecimento e riqueza, os gestores dos parques tecnológicos deverão ter clareza de suas missões e liderança para colocar em prática o processo de inovação”, afirmou.  

Thiago Romero

Da Agência Fapesp