Fapesp apoia projetos que lidam com tecnologias para o manejo agrícola

Em parceria com a iniciativa privada, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo conduz programa de inovação

qui, 02/08/2018 - 10h07 | Do Portal do Governo

O Programa Parceria para Inovação Tecnológica (Pite), por meio de uma ação conjunta entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da IBM, selecionou em edital nove projetos que buscam incorporar tecnologias digitais ao manejo agrícola.

Nos próximos anos, as iniciativas poderão causar impactos e avanços significativos na agricultura de precisão no Brasil. Os estudos usam inteligência artificial, aprendizagem de máquina e visão computacional, entre outras tecnologias, para testar desde modelos tridimensionais geolocalizados até novas estratégias de monitoramento de pragas que permitam aumentar a eficiência e produtividade de lavouras.

Classificação

Um dos destaques é para o projeto de usp-recebe-visita-do-reitor-da-universidade-livre-de-berlim, na Embrapa Informática Agropecuária, em Campinas, que utiliza drones e robôs na reconstrução 3D de plantas, folhas e frutos. As imagens digitais permitirão a coleta de dados para classificação e análise das características vegetais.

“No curto prazo, a tecnologia deverá melhorar o monitoramento dos cultivos. A médio prazo, a iniciativa será voltada para o manejo”, ressalta Thiago Teixeira dos Santos, pesquisador responsável pelo projeto, que deverá estar concluído em 2020.

É importante frisar que os primeiros testes são realizados em videiras da região de Campinas, no interior do Estado. “Utilizamos uma câmera comum para fazer a reconstrução tridimensional de cada uma das plantas, com o objetivo de ter, ao final, um modelo tridimensional, geolocalizado e segmentado, identificando a posição de cada elemento, do cacho à parreira de uvas”, diz Thiago Teixeira dos Santos.

Os robôs do projeto contam com o desenvolvimento de Erich Rohmer, da Faculdade de Engenharia Elétrica e da Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A instituição investe na parte física do aparelho e nos softwares de controle, com o objetivo de planejar rotas”, acrescenta o pesquisador.

Dois robôs sobre pneus estão em fase de montagem. Já os drones utilizados no projeto são adquiridos no mercado. “Pretendemos, no entanto, montar um drone que facilite o controle desse tipo de operação, com software de inteligência artificial e sensores especiais embarcados”, completa Thiago Teixeira dos Santos.

Monitoramento

O projeto conduzido por Pedro Takao Yamamoto, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), deve ser concluído em 2020 e emprega várias técnicas de sensoriamento remoto para monitorar pragas agrícolas. “O objetivo é identificar a ameaça precocemente, antes que ela se instale e dificulte o controle”, explica o pesquisador responsável pelo projeto.

Hoje em dia, o cuidado em relação às pragas é feito com base no calendário de manejo ou por meio da aplicação preventiva de inseticida, bem como de outros produtos. Ocorre que, além de os surtos não serem uniformemente distribuídos na lavoura, ao utilizar essas modalidades de manejo, o agricultor corre o risco de errar ao combater uma praga que pode não estar presente. “É fundamental que se faça o monitoramento”, alerta Pedro Takao Yamamoto.

A iniciativa lida com técnicas avançadas de coleta de imagem, com o apoio de veículo aéreos não tripulados (conhecidos como “vants”). O projeto tem o objetivo de registrar e analisar o comportamento espectral da vegetação, de modo a descrever padrões de reflectância de plantas infestadas, o que permitiria identificar precocemente a presença de pragas.

Sensores

Pesquisadores da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Garça, no interior paulista, desenvolvem uma metodologia para oferecer informações relacionadas às tempestades de granizo, evento relativamente frequente na região, importante produtora de café no centro-oeste de São Paulo.

“A ideia é utilizar vants para lançar sensores dentro de nuvens”, relata Marcos Vinicius Bueno de Morais, professor da Fatec e pesquisador responsável pelo projeto. Para alcançar o propósito até 2020, os cientistas precisam buscar solução para um problema: o baixo rendimento das baterias dos vants, o que reduz a autonomia do aparelho.

“Desenvolveremos uma base de carregamento de baterias por indução eletromagnética que, ao mesmo tempo, incorpore instrumentos para medições meteorológicas e capture informações das condições do solo”, diz o docente. Essa base funcionará como um veículo terrestre não tripulado, tornando maior a área de abrangência de obtenção dos dados.