Fapesp apoia projeto de pesquisadores sobre medicina de precisão

Proposta é desenvolver ferramenta que gere um conjunto de padrões para ajudar a identificar uma determinada doença

qui, 09/08/2018 - 19h05 | Do Portal do Governo

Uma iniciativa conduzida por 25 cientistas brasileiros e estrangeiros tem o objetivo de desenvolver um banco de dados capaz de aperfeiçoar a precisão dos diagnósticos médicos.

A área de pesquisa, conhecida como medicina de precisão, busca ampliar as chances de sucesso no tratamento de doenças. Contudo, de modo a compreender como são os procedimentos, é fundamental entender quais informações o banco de dados conterá.

A coordenadora da pesquisa e professora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, Agma Traina, destaca a importância da ação. “Existem os dados básicos do paciente, como informações de identificação, exames solicitados, hipóteses diagnósticas e tratamentos efetuados. Também há os mais complexos, que são os exames de imagem, como tomografias computadorizadas, ressonância magnética e ultrassom”, explica.

De acordo com a docente, a ideia é criar uma ferramenta que integre todos os dados para gerar um conjunto de padrões para ajudar a identificar uma determinada doença. Assim, essas informações poderão apoiar a tomada de decisão pelo especialista médico no momento em que precisará escolher qual tratamento é mais eficiente.

Confiança

No processo de construção de diagnóstico, o banco de dados não será determinante para a tomada de decisão, porém servirá para o médico comparar as informações do sistema. De acordo com especialistas, isso faz com que o profissional trabalhe com mais confiança, oferecendo benefícios ao paciente, já que o diagnóstico passa a ser mais preciso.

O projeto começou a ser desenvolvido no fim de 2017. Assim, os pesquisadores ainda não definiram que doenças serão englobadas pelo banco de dados. É importante frisar que, até o momento, são usadas informações sobre doenças existentes nos sistemas de informação dos hospitais participantes, mas já estão em curso algumas pesquisas relacionadas a moléstias pulmonares, como câncer, doenças cardiológicas e reumatológicas.

A equipe de cientistas emprega dados de 1,6 milhão de pacientes cadastrados em 24 hospitais públicos do Estado de São Paulo. Diante desse a professora Agma Traina explica que um dos principais desafios é unificar as informações, que têm formatos diferentes.

“É difícil transformar as cores, textura e forma das imagens dos exames em algoritmos. Por isso, nosso maior desafio é unir e identificar, nesse sistema, todos esses fatores que influenciam no diagnóstico”, explica o professor Paulo Azevedo Marques, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, um dos pesquisadores principais da iniciativa.

Apoio

A iniciativa dos 25 profissionais é apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e constitui o projeto temático “Mining, Indexing and Visualizing Big Data in Clinical Decision Support Systems”. Apesar de recente, já existem alguns resultados publicados em revistas científicas.

O projeto já recebeu três premiações do Simpósio Brasileiro de Bancos de Dados (SBBD), o maior evento da América Latina de apresentação e discussão de resultados de pesquisas relacionadas ao campo de bancos de dados.

A pesquisa é realizada pelo ICMC, pelo Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, além da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) e da Universidade Federal do ABC, e conta com a parceria de oito instituições internacionais.