Exposição une arte e ecologia em Campos do Jordão

A partir do dia 9, será possível visitar a exposição Pontos de Luz na Paisagem, no Palácio Boa Vista

qua, 04/07/2007 - 12h21 | Do Portal do Governo

Para muitos, Campos do Jordão é sinônimo de inverno. Não é para menos: há 36 anos a cidade é palco do mais importante festival de música erudita do Brasil, o Festival Internacional de Inverno, e, no meio do ano, a região é tomada por turistas do mundo inteiro que invadem a cidade em busca de frio, chocolate quente e restaurantes badalados.

Neste inverno, a cidade oferece mais uma excelente opção para os turistas. A partir do dia 9, será possível visitar a exposição Pontos de Luz na Paisagem, que une arte e ecologia no Palácio Boa Vista. Iniciativa do Acervo Artístico Cultural dos Palácios Governamentais, a mostra reúne 30 obras de artistas como Benedito Calixto, Alfredo Volpi, Djanira Mota e Silva, Tarsila do Amaral, Cícero Dias, Di Cavalcanti e Aldo Bonadei.

A paisagem da região montanhosa de Campos do Jordão é o tema principal da exposição. “A idéia foi justamente partir de um tema que é a paisagem, aproveitando o contexto espacial do Palácio Boa Vista, que foi fonte de inspiração de muitos artistas. Iniciamos com estas paisagens daqui da região. Mas a exposição, como um todo, traz a oportunidade de rever o tema para refletirmos sobre a necessidade de preservar o meio ambiente”, explica Ana Cristina de Carvalho, diretora do Acervo.

A maioria das paisagens, que variam do século XIX até o período mais recente (décadas de 70, 80, 90), retrata momentos importantes da vida de seus autores. Alguns dos artistas estiveram em Campos para tratamento de saúde, como José Pancetti, que ali viveu por alguns anos, sempre exercitando sua arte. É do artista a obra de 1949 que abre a exposição, resultado de sua permanência na cidade.

Campineiro de nascimento, mas jordanense de coração, o pintor Camargo Freire morou boa parte de sua vida em Campos do Jordão e retratou a região como poucos. Pinturas de Campos, São Bento, Santo Antônio e Serra da Mantiqueira fazem parte de sua biografia.

Djanira Mota e Silva não morou em Campos do Jordão, mas retratou a região quando, aos 23 anos, foi internada com tuberculose no Sanatório Dória, em São José dos Campos. Foi na região que fez seu primeiro desenho, um Cristo no Gólgota. Outros autores realizaram suas obras depois de visitarem a cidade. Foi o caso de Sérgio Millet, que retratou apenas uma paisagem, que fará parte da mostra.

Na última sala da exposição, uma paisagem pintada no século XX por Alberto Guignard, que permaneceu internado em Itatiaia, no Rio de Janeiro, para se tratar de alcoolismo. O pintor, que se encantou com as cores e as flores do barroco mineiro, utilizou como suporte para essa paisagem um armário do século XVIII. Além de telas, fotos e documentos da época complementam a mostra.Preservação ambiental

Seguindo com o tema natureza, a exposição traz obras do estilo art nouveau, que se apropriou das linhas orgânicas naturais. Vasos, um aparelho de chá e uma caixa de estanho deste estilo enriquecem a exposição.

Para Ana Cristina, a expectativa é ressaltar a importância de preservação do meio ambiente, uma preocupação que esteve presente em muitas obras. Benedito Calixto, em As Perobeiras, de 1906, já denunciava a questão das queimadas e do desmatamento da peroba. Hoje, na região de Bebedouro retratada pelo artista, existe uma estação de reflorestamento.

“Além dos olhares críticos como o de Calixto, tem o José Antonio da Silva, um artista primitivo que também faz a denúncia da extinção animal. Em um quadro, ele retrata um caçador matando a onça”, acrescenta Ana Cristina. Muitas das obras agora apresentadas na exposição estavam guardadas ou permaneciam sem destaque no Acervo.

Serviço:

O Palácio Boa Vista fica na Avenida Adhemar de Barros, 3001, no Alto da Boa Vista, em Campos do Jordão.

As visitas orientadas podem ser realizadas de quarta-feira a domingo e feriados, das 10h às 12h e das 14h às 17h. O agendamento pode ser realizado pelo telefone (12) 3662-1122.

O ingresso custa R$ 5,00. A entrada é gratuita para alunos de escolas públicas, entidades assistenciais com autorização prévia e crianças até 10 anos. Pagam meia entrada maiores de 60 anos e estudantes com carteirinha.

Quando o Palácio recebe hóspedes oficiais, a área de visitação fica restrita e o visitante paga meia entrada. “Ponto de Luz na Paisagem” foi preparada na área que está sempre aberta. É proibida a entrada com câmeras fotográficas, filmadoras e bolsas.

Regina Amabile