Exposição no Palácio Bandeirantes atrai visitantes até do interior

Energia e entusiasmo tomou conta de centenas de jovens

sáb, 31/03/2007 - 10h48 | Do Portal do Governo

Na sexta-feira, 30, o Palácio dos Bandeirantes foi tomado pela energia e entusiasmo de centenas de jovens, com a visita de excursões escolares destinas a conferir a exposição “Caminhos do Modernismo no Acervo dos Palácios”. Nela encontra-se parte do acervo artístico cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo (Bandeirantes, Horto Florestal e Boa Vista, em Campos do Jordão).

O primeiro grupo chegou cedo ao número 4.500 da avenida Morumbi. Não era à toa: os 80 jovens tinham saído de Urupês, na região de São José do Rio Preto, à 1h30 da madrugada. Engana-se quem imagina que o grupo estaria repleto de carinhas sonolentas e aquela preguiça boa. Bem ao contrário. Flashes para todos os lados, correria, barulho, olhares curiosos e muitas perguntas – algumas tão bem boladas a ponto de surpreender os monitores.

Pequenos diante da opulência das paredes do palácio, a visão encontra nos quadros inspiração para entender de onde vieram e um pouco do que são. A história dos bandeirantes, jesuítas, trabalhadores do campo e imigrantes se descortina naturalmente, sem o tédio do quadro negro das salas de aula.Salta aos olhos a obra de Antônio Henrique Amaral, “São Paulo-Brasil: Criação, Expansão e Desenvolvimento”, o mural de 16 metros que ocupa uma parede inteira da sede do poder executivo paulista.

Meninos e meninas entortam o pescoço para lá e para cá na expectativa de traduzir o que o autor quis dizer. E ele disse muito. Ou melhor, elas disseram. “É a primeira igreja”, “são as minas de ouro”, “os prédios da cidade”, diziam estudantes de quinta à oitava série do Colégio Objetivo.

De celular em punho, fotos de todos os ângulos. “Nossa! Eles fizeram tudo isso sem Photoshop?”, custa a acreditar a estudante Iasmin Mazoki fazendo referência a um programa de edição de imagens da era da internet. Ela ainda quis saber se o oratório rococó do Salão dos Pratos é de ouro e quanto custou. Curiosidade que enche de orgulho a professora de artes Maria Aparecida Roman Beraldi, designada para acompanhar o grupo pela viagem de quase 1.500 quilômetros.

“Todos têm aula de artes e conhecem os diferentes estilos, seus representantes e em qual época as obras foram feitas”, diz.Gabriel Raragvani, sexta série, contemplava cada trabalho com muita atenção e não escondia: “gosto muito de arte!”.

Aluno da sétima série, Mateus Barbosa viu de perto o que antes só conhecia dos livros. “É tudo grande demais”, dizia satisfeito. Urupês, 11 mil habitantes e economia voltada para o cultivo de cana de açúcar, laranja e limão, não tem muitas opções para conferir pinturas e esculturas.Mais do que conhecimento, a idéia dos monitores é dar ao grupo a sensação de proximidade, de que os estudantes podem se encontrar nas obras da exposição.

E uma, em particular, cumpre o papel sem igual: “Festa do Divino em Parati”, de Djanira Motta e Silva, artista nascida em Avaré (SP). “Me vejo lá!”, “e eu também”, dizem apontando para o painel onde a população é retratada sem rosto.As obras que parecem indecifráveis logo viram motivo de especulação. Caso do óleo sobre madeira “Sem Título”, de Tomie Ohtake ou o alumínio fundido “Imigração”, de Maria Bonomi. Cada um solta palpite diferente. E é isso que a arte tem de melhor. Fazer pensar.

Manoel Schlindwein

C.M.