“Coluna Infinita – um diálogo histórico e contemporâneo” é o sugestivo nome da exposição coletiva que o Memorial inaugurou neste sábado, 19, na Galeria Marta Traba. Concebida por Sidney Philocreon – idealizador e curador do projeto Linha Imaginária – a mostra aproxima obras de artistas modernistas e abstracionistas da produção de criadores contemporâneos.
O critério de aproximação é o poético e não o historiográfico. O resultado é um mergulho em invenções e reinvenções de linguagens.Fazem parte da mostra obras em papel de artistas consagrados como Di Cavalcanti, Mira Schendel, Flávio de Carvalho, Franz Krajcberg, Tarsila do Amaral, Lasar Segall e Iberê Camargo e de artistas atuais como Raquel Kogan, Florian Raiss e Gilvan Nunes. A presença de artistas de origem nipônica também é marcante: Tomie Ohtake, Yayoi Kusama e Sachiko Koshikoku, entre outros. A organização é de Mônica Rubinho e Roberto Okinaka, além de Philocreon.
A mostra traz o acervo de duas das principais galerias de São Paulo: a Galeria Deco, de Ideko Suzuki Taguchi, e a Mônica Filgueiras Galeria de Arte. Ambas são ativas há bastante tempo e passaram por vários movimentos da arte brasileira. Mônica conviveu, era e é amiga de muitos dos artistas presentes na exposição. A Galeria Deco trabalha especialmente com artistas nipo-brasileiros. “Coluna Infinita” é um diálogo poético entre o histórico e o contemporâneo que resulta num campo de força cujos pólos – o oriental e o ocidental – tensionam o arco da arte brasileira há mais de 50 anos.
A relação pulsante estabelecida entre obras artísticas aparentemente tão díspares é facilitada pelo espaço arquitetônico da Galeria Marta Traba. Os mil metros quadrados em forma circular, com uma coluna cilíndrica no meio, quebram a hierarquia do olhar e conduzem o expectador não à unidade, mas ao conjunto vivo das obras expostas. O resultado é tornar clara a contínua relação entre passado e presente no objeto artístico.
Linha Imaginária é um projeto de intercâmbio cultural que está comemorando 10 anos de existência. Idealizado por Philocreon, ele organiza exposições coletivas de artistas contemporâneos no Brasil e fora, sempre com recortes surpreendentes. Atualmente, está interessado em agregar, confrontar, promover diálogos e aproximações entre projetos díspares da variadíssima e globalizada produção artística contemporânea.
Do Memorial da América Latina
(I.P.)