Exposição de Maquetes Templos e Palácios Japoneses é um convite à contemplação

Mostra faz parte do calendário de comemorações do Centenário da Imigração Japonesa ao Brasil

qui, 06/03/2008 - 17h45 | Do Portal do Governo

A exposição de maquetes Templos e Palácios Japoneses, aberta nesta quinta-feira, 6 de março, no Palácio dos Bandeirantes, no bairro do Morumbi, é um convite à contemplação e à reflexão. A mostra faz parte do calendário estadual de comemorações do Centenário da Imigração Japonesa ao Brasil.

Instalada no 1º andar da sede do Governo paulista, a exposição começa com trinta 30 xilogravuras japonesas do século XVII instaladas no hall do elevador. Entre as obras, pertencentes ao acervo do Estado, algumas são baseadas no Taiheiki (Crônica da Grande Paz), que retratam os 50 anos em que duas cortes imperiais rivais lutaram pelo poder no Japão. São cenas de batalhas entre samurais.

Em seguida, os visitantes podem ver uma exposição de gravuras dedicadas aos ”50 anos da Bomba de Hiroshima” (1945/1995). São 14 litografias feitas em 1995 por artistas como Tomie Ohtake, Carla Petrini, Renina Katz e outros. As obras foram doadas pelo Greenpeace ao Acervo dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo em 1996.

Nesse espaço já é possível ver a 1ª das 15 maquetes da exposição. Trata-se da Genbaku Dome, ou Cúpula da Bomba Atômica, considerada patrimônio histórico da humanidade pela UNESCO. A peça é uma construção totalmente devastada, com a parte de cimento queimada e, em alguns pontos, derretida, deixando o esqueleto da estrutura de aço exposta. Situada em Otemachi, perto da Ponte Aioi em Hiroshima, a construção estava a cerca de 150 metrosdo epicentro da explosão atômica de 6 de agosto de 1945. Esse é o edifício atingido pela bomba atômica que ainda existe.

As outras 14 maquetes, que reproduzem em detalhes castelos, tempos, santuários e o portal de um antigo palácio, construídos entre os séculos V e XVII, estão instaladas no mezanino. As peças, que pertencem ao Consulado do Japão em São Paulo, foram dispostas em torno de um jardim japonês desenvolvido especialmente para a exposição. “Os japoneses têm uma relação muito subjetiva com a natureza e o jardim representa essa relação”, explicou a curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo, Ana Cristina de Carvalho.

Santuários e templos

Entre as obras destaca-se a reprodução do santuário xintoísta Itsukushima, erguido no século VI, na ilha com o mesmo nome, localizada na província de Hiroshima. Por abrigar o santuário dedicado às deusas guardiãs do mar, a ilha é considerada sagrada. Também chama a atenção a maquete que representa o templo budista Horyuji, cuja construção, que data do ano de 607, ainda conserva parte de sua madeira original. “O santuário é um dos mais antigos e foi construído no mar. Quando a maré está baixa, é possível caminhar até o Tori (um portal que delimita até onde o espaço é sagrado)”, explica Ana Cristina de Carvalho.

Considerado o maior e mais belo castelo japonês, o Himeji, localizado na cidade de mesmo nome, na Província de Hyogo, também está presente na exposição. Sua construção teve início no ano de 1346 e só foi finalizada em 1609, período em que a atual torre principal foi construída. Vale à pena prestar atenção à reprodução fiel das extremidades do telhado da torre principal, decoradas com duas criaturas míticas com cabeça de dragão e corpo de peixe, que simbolizavam o poder do senhor do castelo e protegiam contra incêndios, de acordo com a crença da época.

Outra obra que atrai pela história é o Portal Shureinomon. A peça era um dos portões do Castelo de Shuri, sede da Dinastia de Ryukyu, que reinou de 1429 a1879. O portal foi restaurado em 1958, após um incêndio, e atualmente fica na entrada da cidade de Shuri, na Província de Okinawa.

Três elementos representados no jardim

Desenvolvido pelo paisagista Rui Fukushima, o jardim representa as adversidades enfrentadas pelos imigrantes quando chegaram ao Brasil, como o idioma, a cultura, o clima e a comida, muito diferentes da terra natal. 

O jardim tem representados três elementos muito importantes para os japoneses: as pedras, a água e as plantas.

A água é representada por três centímetros de areia branca, com diversas ‘ondas’ feitas com uma espécie de rastelo. Já os outros dois elementos formam cinco ilhas, que contam com bonsais com 10 a 20 anos de idade.

No primeiro jardim, o sentido do vento mostra como os imigrantes foram moldados pelas adversidades. O segundo, representa a dificuldade de crescer e se consolidar em terras estrangeiras. No terceiro jardim, bonsais de bambus, mostram a integridade do povo japonês. No quarto jardim, os bonsais de cedros representam a longevidade. E, por último, um jardim com muitas pedras e sem plantas representa a terra que não tinha nada e precisava ser plantada.

Visitas acompanhadas por educadores

“Montamos a exposição de maneira a levar as pessoas à reflexão”, informou a curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo. Assim, os visitantes têm à disposição oito educadores preparados para dialogar.

“É uma visita orientada, ou seja, explicamos o conceito a partir do olhar de cada visitante. Na medida em que a pessoa pára em frente a uma maquete, nós a abordamos e buscamos conversar, promover um diálogo”, explicou a coordenadora dos educadores da exposição, Isaura Bonavita.

A visita à exposição varia de um hora e quarenta a duas horas de duração.

A mostra pode ser vista até 8 de junho, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h e aos sábados, domingos e feriados, das 11h às 16h, sempre em horas cheias. Todas as visitas serão acompanhadas por monitores. A entrada é franca.

SERVIÇO:

Exposição de maquetes Templos e Palácios Japoneses

Abertura: quinta-feira, 6 de março de 2008, às 15h

Encerramento: 8 de junho de 2008

Local: Palácio dos Bandeirantes – Avenida Morumbi, 4.500 – mesanino

Informações: (11) 2193-8282

Agendamento Eletrônico: www.acervo.sp.gov.br

Visitas: de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h sempre em horas cheias.

Sábados, domingos e feriados, das 11h, às 16h, sempre em horas cheias

Todas as visitas são acompanhadas por monitores.

Entrada franca.

Cíntia Cury